Todos os anos me esforço para que o espírito natalício me envolva e ouça os anjos em coro celestial a cantar-me na cabeça, invadindo o meu ser de calma e de uma vontade incontrolável de ser muito boazinha, mas nada...
Enervam-me as luzinhas, as árvores de Natal que nos rodeiam em qualquer sítio onde se vá (nem nas repartições de finanças se está a salvo da praga), os pais Natais mortos pendurados nas fachadas dos prédios, as teias de aranha com que a CML embrulhou as árvores da Avenida da Liberdade, a palavra Natal escrita em toda a parte, os anúncios rídiculos de reis magos com telemóveis e todos os outros que começam com a frase "neste Natal", os outdoors com renas estupefactas a publicitar computadores, a Luciana Abreu de gorro de pai Natal...
Depois há as pessoas, e essas entristecem-me... o ar enjoado do pobre cidadão desesperado que procura incansavelmente o presente perfeito (e baratinho...) em lojas atafulhadas de inutilidades, de outras pessoas, de canções de Natal cuspidas no volume máximo por altifalantes fanhosos ("Rudolf, the red nosed reindeer, had a very shiny nose, and if you ever saw him, you would even say it glows..."). Que vencida a batalha da escolha da prenda, espera pacientemene na caixa para pagar e que espera, ainda mais pacientemente, pelo embrulho, enquanto a menina (ou o menino), muito devagarinho, pergunta se quer papel fantasia ou infantil, laço azul ou côr-de-rosa e, lentamente, ajeita as pontinhas do lacinho enquanto o cidadão reprime a sua vontade de gritar e aceita o embrulhinho com um esgar que pretendia ser um sorriso.
E, no entanto, não consigo deixar de me comover com a rena Rudolf e o seu nariz luminoso...
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
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1 comentário:
bem pior seria se o natal fosse quando um homem quisesse. assim não sendo, como não é, ide botar por alguns dias o renozinho hess junto do menino nas palhinhas deitado, ide
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