quinta-feira, 25 de junho de 2009

domingo, 21 de junho de 2009

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Época balnear

As adversas e insuportáveis condições metereológicas que atravessamos neste momento exigem que sejam tomadas medidas drásticas urgentes.

Com este calor infernal que não se atura, para não fritarmos definitivamente e sem querer tolher a vossa liberdade de expressão, caras co-bloggers, sugiro uma pausa na discussão das grandes causas e vastas intelectualidades que assolam a humanidade.

Por uns míseros dias, enquanto suamos em bica e tentamos não desfalecer e sucumbir à temperatura, postemos meras inutilidades. Deixemos os (ou o no meu caso, pois penso que já só terei um!) neurónios repousar...

quarta-feira, 17 de junho de 2009

terça-feira, 16 de junho de 2009

Gimme gimme gimme a man!

Punk, arco-iris e... etcetra e tal

Aqui fica a versãozinha, para os pseudo- machos, que gostam de manter as aparências


de avintes, com o alto patrocínio da lesma!

domingo, 14 de junho de 2009

O BEIJO DOS GAYS É UMA QUECA?



Olá meus muito ensolarados fãs, tenham cuidadinho com o Sol pois muito Sol esturrica o cérebro e quem já é frágil... pois... adiante...
Pois esta semana sinto-ME inundada de AMOR. Num primeiro momento, assim, numa pequena fracção de segundos, pensei, reflecti, meditei, será que tudo isto que sinto não é sexo? Mas não, fui ver e era AMOR. Aquela sensação melada da cabeça aos pés de ternura pela humanidade, estão a ver? Ah não... pois é, na realidade, também achei incompreensível, mas depois aceitei.
E é amor e não sexo porque tenho dificuldade em fazer sexo com a humanidade. Já tentei, confesso, mas aquilo era mesmo muita gente e não consegui. O máximo que já consegui foi com treze pessoas, enfim, com doze, porque a décima terceira era EU. Estávamos à mesa, um jantar, tudo mulheres, chamámos àquilo a última ceia, não porque alguém fosse morrer ou assim, mas porque uma delas ia para longe, acho que para Madrid, e então, pronto, porque não festejar num bacanal. Arranjamos bué de vinho e comida e bacanas já nós éramos. É claro que muito vinho e muita comida dá para o torto e de repente aquilo era um ver se te avias, e ai de quem não se aviasse. Não ME posso queixar, gostei, pois gostei, apesar dos dildos serem rosas e dos cunnilingus serem todos muito diferentes uns dos outros. Fiquei com vontade de fazer um cunnilingus em cima de um carro parado, para começar, e depois em cima de um carro a andar, mas ninguém quis alinhar. A parte pior foi quando uma das moças que era homófila, isto é, tinha problemas hemofílicos e homofóbicos, despertou da bebedeira. Aquilo foi um berreiro até alguém lhe atirar com um alguidar de água, pois a garina só dizia “cunnilingus nunca mais, queremos fellatio”. Depois do banho indesejado, continuou a repetir a mesma frase mas em tom menos sonoro. Então, uma gaja, já farta de tanta paneleirice, disse-lhe “ó pá vai bugiar”, mas o resto do pessoal achou aquilo indelicado e gerou-se uma grande confusão e, como é bom de ver, acabou tudo em pancadaria.
Apesar dos meus queixos terem sofrido um bocadinho foi uma noite memorável. Soube, porque ME contaram, apenas porque ME contaram, pois EU nem queria saber, que a tal garina depois de tanta agitação ficou fã do cunnilingus, acho que só queria aquilo, cunnilingus para a frente, cunnilingus para trás, claro que devido àquela doença bipolar de que padecia, a hemofilia e a homofobia, apenas conseguia fazê-lo dentro dos armários. O problema maior que teve foi quando arranjou uma namorada alemã... pois é, a gaja não cabia no armário. A gaja tentou convencer a garina a fazê-lo noutro sítio, sei lá, dentro de um carro, no interior de uma igreja, até no meio de um comício dos Verdes, pois aquilo é tudo natureza, mas não teve qualquer sucesso, pois a garina era uma tipa cheia de convicções e disse NÃO NÃO NÃO e a alemã percebeu que estava tudo acabado entre elas. Parece que se perdeu ali um grande amor, mas também o amor é o que mais há, se se perder um logo se arranja outro.
Mas não foi o que aconteceu com a garina. Parece que ainda hoje chora de saudades da alemã que, em desespero de causa, tornou-se regente de uma cadeira de masturbação feliz (pois também as há infelizes, sim senhor) na universidade do Sri Lanka. É verdade que quem não come com cão come com gato (ou será caça?!).
Mas se a história da alemã é uma história feliz, o mesmo não se pode dizer da história da garina. A infelicidade era sem sucesso camuflada por cunnilingus em série com criaturas cujo nome nem chegava a conhecer. Até que um dia, há sempre um dia para fazer a história com H grande avançar, o cunnulingus correu mal, houve muito avidez e... e... e... e a garina ficou a sangrar. Dentro do armário e a sangrar. A outra, uma coreana de dentes grandes, teimava em levá-la para o hospital, pois aquela treta do sangue não parava, esguichava por todo o lado. A garina ali estava, a esvair-se em sangue e a teimar em morrer, pois o que fazia na privacidade do seu armário não tinha de ser trazido para as camas do Hospital. Até que a coreana teve aquilo a que ainda hoje se chama uma ideia genial. Convenceu-a a dizer que estava a cortar os pelos púbicos quando o incidente se deu. A garina achou a ideia razoável e aceitou. E assim com esta história na gaveta lá foi ela ser salva para o Hospital. Depois de recuperada, a coreana ainda teve cerca de duas dúzias de discussões com a garina até que desistiu. Não havia nada a fazer. Ser homófilo é mesmo bera, pois pode causar a morte.
Mas se a hemofilia existe com grande incidência na Europa Ocidental, o mesmo não acontece com a homofobia, que, para além da raridade da garina, foi totalmente erradicada quer da Europa Ocidental quer de todo o Continente Americano (ouviu-se falar de um caso no Brasil, mas não está confirmado).
É claro que as leis não são idênticas para os gays e straights, mas também não têm nada de ser, pois se os gays não procriam porque carga de água querem o matrimónio. Basta-lhes o sexo, claro que dentro de casa, pois os straights também não andam para aí a copular à frente de toda a gente, não senhor. E já agora, senhores e senhoras gays, agradecemos que não andem para aí a dizer a toda a gente com quem é que fazem sexo, pois os straights também não o dizem, e muito bem, já que essa coisa do sexo é privado. Estão a ouvir, PRIVADO!!!! Os cunnilingus, os fellatios, as cópulas anais ou vaginais, são intimidades que se devem manter assim. Mas que MERDA é essa de quererem transformar o sexo num espectáculo público?!!!
Será que não percebem que sendo a diferença entre gays e straights apenas sexual e sendo o sexo privado não há porque motivo armarem-se em galinhas histéricas e fazerem movimentos públicos!!!!
Seus egocêntricos mediáticos vão mas é para casa dar boas quecas, está bem!!!
Porém, algumas dúvidas perpassam-ME no cérebro. Será que um basiu (mas de língua) deverá ser dado no cantinho do lar ou já pode ser pespegado à luz do dia? E um abraço? E o caminhar de mãos dadas? Será que tudo isto é já sexo? Ou ainda não? E os gays podem beijar-se fora de casa? O beijo dos gays é uma queca? E a moralidade do cunnilingus é idêntica em francês e em árabe? Em inglês e em africâner? E qual é a melhor língua para o cunnilingus?
Importante sim é retermos a mensagem do Senhor, transmitida através dos seres imbuídos em hóstia e vinho de Jesus Cristo (boa casta).
Afirmou o nosso glorioso PAPA que “A homossexualidade é um mal moral que deve ser tratado em vez de ser aceite. Os homossexuais não fazem parte dos planos de Deus”.
Mas EU sei que este discurso é só para aqueles que não sabem ser discretos, porque para os outros está reservado o Reino dos Céus, e até, com um pouco de sorte, um bom lugar no Vaticano.
Boa noite... e boa sorte.


« Estórias » e desejos na Lisboa do século XXI




Era uma vez...

No meu tempo todas as grandes histórias começavam assim, talvez para que não tivessemos duvidas de que o que se seguia era de facto uma grande história, daquelas, com principio, meio, fim, e um ensinamento.´

Nessas histórias, por norma, os bons e os maus eram fácilmente identificados e todas as princesas encontravam um principe que as conduzia à felicidade eterna.... quase sempre no preciso momento em que a história deveria começar... casaram... e foram felizes para sempre.

Nelas todas as mulheres procuravam um homem, um amor incondicional, um casamento como unico caminho para uma felicidade certa e inquestionável.

Aprendemos a adormecer e sonhar com essas histórias, que preenchiam, na infancia, os nossos sonhos de fitas e folhos cor de rosa, de sorrisos e de suaves beijos.

A Sandra Vanessa cresceu no Norte a devorar os livros com histórias de principes e a sonhar que um dia também ela encontraria o seu.... imagináva-o com 1,85m, forte cabelo negro, um cargo de chefia, um BMW, Loft em Alcantara, solteiro , simpático e disponível....

A Sandra Vanessa ainda acreditava, aos 30 anos, no Pai Natal, que o D. Sebastião voltaria e que encontraria algures o seu amor, a quem já chamava « O mais desejadinho ».

Sandra Vanessa deixou o Norte num dia de chuva e veio instalar-se num estudio, numas águas furtadas da Rua Damasceno Monteiro, com vista para a Graça e de onde podia, se se debruçasse ver, ás terças e sábados, o frenezim que se instalava na Voz do Operário em direcção à Feira da Ladra.

Sandra Vanessa dormia, todas as noites aconchegada pelo edredão de plumas sintéticas e pelo ursinho cor de rosa que lhe saira na máquina do café do Sr. Joaquim, em noite de Romaria da Sra. dos Remédios.

Perdia as noites a sonhar, á janela, e os dias a responder aos pedidos, sempre urgentes, do Dr. Silveira, o director da financeira, que secretariava.

Cinco anos volvidos, Sandra Vanessa tinha já esgotado todas as possibilidades.

Saira durante um mês com um tipo girissimo, que conhecera no Lux, e que depois a apresentou ao namorado, alto, espadaúdo e com relógio JAGGER.

Experimentara, durante alguns meses, a companhia de um homem mais velho, simpático e aparentemente apaixonado, tolerando a barriga e o mau hálito, que se tornaram depois insuportáveis.

Sujeitou-se estoicamente à boca de pato, fina e pegajosa, e aos beijos repenicados do colega de óculos e fato cinzento, que durante meses teimou apresentá-la à mãezinha, e que conseguiu fintar, trocando-lhe as voltas, numa noite quando jantavam no Eleven.

Suportou o ressonar roncado do PT que conhecera no ginásio, e que acusava à noite o cansaço instalado pelo excesso de abdominais.

Depois de alguns meses de jejum sabático, e de descanso reconfortante e merecido, Sandra Vanessa, recusou o aumento de salário e a proposta de promoção e resolveu voltar para a sua terra natal.

Em Lisboa nunca mais ninguém soube ao certo o que lhe aconteceu....

Há quem diga que aceitou o pedido de casamento de um primo afastado, com 1,60m, de poucas falas, e desempenho sexual irrepreensível....

Outros garantem que professou...

Outros ainda que abraçou a causa gay e dirige, com a companheira, o novo MELGA – Movimento de Esquerda Lesbico e Gay de Avintes.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Um sorriso .... para os amigos ... e para os leitores numa tarde de ócio




Para todos os que já se interrogaram e perguntaram para os seus botões « What Happenned to Belinha ? » respondo hoje com um « Presente! Estou viva e recomendo-me !»

Agradeço reconhecidamente as mensagens, os telefonemas... as abordagens na rua.. « Volta, Volta Belinha »... e dedico a todos com amizade e gratidão o meu melhor sorriso e a voz doce da Lisa, uma moça que me foi apresentada, há alguns anos e que desde então oiço e admiro, porque qualidade e simplicidade rimam muitas vezes.


a despropósito, ou talvez não, considerando os ventos de direita que assolam a europa!

Alívio

Se calhar, ando a ler muitos jornais.
Provavelmente, ainda não reduzi tanto nos comentadores como prometi que faria.
Às tantas, já estou envenenada pela propaganda.
Eventualmente, não sou suficientemente livre.
Às vezes, sabe tão bem descobrir que estava enganada.

As exéquias previstas para hoje não se realizaram: a morta não morreu.

domingo, 7 de junho de 2009

A VELHA DAS BONECAS


Compatriotas e amigos aqui nos encontramos uma vez mais neste dia patriótico. A pátria é sempre o mais importante quando se vota nas europeias, por causa da língua escolhida no boletim de voto. Seria difícil votar se o boletim fosse em alemão, sueco ou dinamarquês. Aqueles que conhecem os logótipos dos partidos ainda eram capazes de se safar. Mas coitadinhos dos mais distraídos. E daqueles que têm problemas em fixar desenhos. Iam para ali à espera do P.S. (Partido Socialista) ou da C.D.U (Coligação Democrática Unitária) e aparecia-lhes o SCD ou o PUT. Felizmente que o cidadão europeu vota na sua língua. Assim nada há a temer e cada nação elege conscientemente os seus líderes nacionais.
É importante frisar que os eleitos são pessoas especiais. Existe o marasmo acinzentado de votantes, todos saídos de duas ou três fábricas, em filinha indiana, sorry, portuguesa, e os outros, aqueles cujo rosto conhecemos por fazerem parte da estirpe selecta. São os iluminados. Foram à escola, e, com maior ou menor dificuldade, lá conseguiram o canudo. Hoje são todos doutores. Mas doutores também há muitos. Estes são os doutores sabedores. É impressionante porque todos eles sem excepção conseguem, assim, de um momento para o outro, ser os melhores de uma qualquer área. Tanto são os líderes da agricultura, da pescaria e da medicina, como da matemática, da arquitectura e das finanças (esta é, aliás, a área onde todos eles demonstram geniais capacidades). Basta ouvi-los falar para não nos restar qualquer dúvida sobre a enorme craveira intelectual que possuem e sentirmo-nos pequeninos, tão pequeninos, quase miseráveis e, então, quando levamos a mão mirrada e suja ao porta-moedas confirmamos a nossa pequenez.
Quem é Bom é Bom e merece a Riqueza, a Fama e a Glória. Nem mais!!!
Vejam o Berlusconi. Que maravilhoso exemplar político!
E depois desta entusiástica achega ao dia nacional do europeu, passemos ao nosso tema da semana.
Hoje conto-vos uma história. As histórias são sempre coisas boas porque distraem e enquanto se anda distraído não se rumina na doença, na velhice e na morte.
Eis a história...
A velha cuspia na rua e dizia felpudos palavrões. a vida correra-lhe mal. mas ela não pensava nisso.
pregava o seu olhar azedo na cara dos transeuntes mais bem vestidos e, paulatinamente, com uma perícia de artesã, ajeitava a mira até lançar o cuspo com furor a roçar a roupa sofisticada do visado. a vítima indignada procurava advertir a velha, mas ela tergiversara e ninguém conseguia captar-lhe a atenção. vivia de esmolas e de restos de comida que lhe davam. às vezes, à noite, vasculhava no lixo pequenas relíquias. coleccionava bonecas e preferia as mutiladas. as bonecas eram o seu luxuoso afecto. tinha as suas eleitas, a quem era concedido o privilégio de aceder à sua cama. pressentia o ciúme das outras, das preteridas, mas não pensava nisso.
Também ela sofrera na pele o livro arbítrio da lei dos afectos que se esquecera de a contemplar, por isso vivia sem culpa a injustiça das preferências. ao longo dos últimos anos recolhera mais de duzentas bonecas. porém, numa noite estrelada, sem presságios nem mau-olhado, deu por si a acordar de um sonho transpirado e soturno. as duas centenas de bonecas mutiladas que recolhera do frio e do abandono, cegas de ciúme, em compasso militar, aproximaram-se da cama onde ela e mais dez bonecas dormiam um sono repousante. aí chegadas, invadiram a cama, e possuídas de um poder maligno, pelos buracos dos olhos vazios e das bocas esventradas sugaram as carnes ressequidas da velha, que rapidamente se tornou num agrupamento de ossos descarnados. enlouquecida pelo pesadelo, a velha escorraçou todas as bonecas do seu convívio. embrulhadas em lençóis velhos, foram expulsas. nem as favoritas ficaram. e assim a velha voltou a dormir e não pensou mais nisso.
Mas as noites, sem as bonecas, ficaram ainda mais silenciosas e tristes. e de dia, a raiva tornara-se mais intensa e as suas ousadias mais sofisticadas. deixara de roçar as cuspidelas. agora fazia pontaria ao alvo. e tossia em cima das caras das senhoras de sociedade, equilibristas dos saltos finíssimos das sandálias desconfortáveis, que se curvavam para lhe dar uma moeda. e peidava-se com prazer no meio do grupo de engravatados de fato, agrupadinhos em redor do chefe. às vezes era insultada. já a tinham ameaçado com a polícia. mas ela achara graça e não pensava nisso.
Odiava animais como odiava gente. alguns cães vadios tentaram fazer amizade, mas ela enxotou-os com ódio. os cães, sobretudo os cães, faziam-lhe lembrar a pieguice das velhas beatas sempre tão piedosamente preocupadas em ajudar os desalentados em troca de uma assoalhada no céu. isto para não falar das crianças, miniaturas de gente, espalhafatosas criaturas que em momentos de intrépida insanidade atreviam-se a tocar em suas rotas vestes. quando tal destempero acontecia, a sua atarracada carcaça metamorfoseava-se em gigante das montanhas e num grunhido infernal agarrava com toda a sua força aquele esquelético ser e sacudia-o até que a histérica e desocupada da sua mãe implorasse pela devolução intacta do minúsculo estafermo. desesperadas, as mães rogavam-lhe hediondas pragas. mas ela afastava-se sem qualquer temor e não pensava nisso.
Um dia começou a escarrar sangue e logo se lembrou de como poderia passar a colorir a roupa das bondosas senhoras que se condoíam com o seu sofrimento e que, para apaziguar a culpa de viverem faustosamente, lhe davam umas miseráveis moedas. a ideia fê-la rir como não tinha memória de ter rido. só o sangue em golfadas a fez parar. ansiava pelo novo dia para poder iniciar as suas experiências. e assim adormeceu e não pensou mais nisso.

Muito boa noite e até para a semana.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

para repor as boas energias no blogue!!!

temendo que o trabalho de defumação encomendado à mãe de santo brasileira não funcione nestes mundos virtuais, talvez a boa energia destes lindos moços sirva para dissipar estas más ondas que assolaram o nosso ilhéu cybernético:

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Uma achega à poesia

“Um homem pacífico

Estendendo as mãos para fora da cama, Plume admirou-se de não encontrar a parede. “Ora esta”, pensou ele, “se calhar as formigas comeram-na...”, e tornou a adormecer.
Pouco depois, a mulher agarrou-o e sacudiu-o: “Olha, madraço”, disse ela, “enquanto estavas para aí a dormir, roubaram-nos a nossa casa.” Com efeito, um céu intacto espraiava-se por todos os lados. “Bem, o que está feito, está feito”, pensou ele.
Pouco depois, ouviu-se um barulho. Era um comboio que se abeirava deles a toda a brida. “Com tanta pressa”, pensou ele, “há-de chegar com certeza antes de nós”, e tornou a adormecer.
Depois, o frio despertou-o. Estava alagado em sangue. Alguns pedaços da sua mulher jaziam junto dele. “Com o sangue”, pensou ele, “surgem sempre imensos contratempos; se aquele comboio não tivesse passado eu seria muito feliz. Mas, uma vez que já passou...”, e tornou a adormecer.
– Vamos lá a ver, – dizia o juiz – como é que o senhor explica o facto de a sua mulher ter sido ferida ao ponto de a terem encontrado dividida em oito pedaços, sem que o senhor, que estava ao lado, pudesse fazer um gesto para impedir o sucedido, sem sequer se ter apercebido. Eis o mistério. Está aí o cerne da questão.
“A esse respeito não o posso ajudar”, pensou Plume, e voltou a adormecer.
– A execução fica marcada para amanhã. Acusado, tem alguma coisa a acrescentar?
– Desculpe. – disse ele – Não estive a par do assunto.
E tornou a adormecer.”
Henri Michaux

Ópera do malandro (mas outra)

DON GIOVANNI é uma ópera em dois actos da autoria de Wolfgang Amadeus Mozart, com libreto de Lorenzo da Ponte. Estreou em Praga, a 29 de Outubro de 1787. Alguns de nós vão vê-la amanhã no São Carlos. Aqui fica um aperitivo e uma descrição da história, que é cantada em italiano o que torna difícil de perceber a coisa no momento...
No fundo o rapaz é um grande malandreco com as moças, mas acaba por ser castigado.
Enredo simples e lúdico para uma ópera fabulosa.




Personagens:
Don Giovanni, um nobre depravado que seduz as donzelas prometendo casamento, mas as abandona (barítono)
Leporello, seu criado (baixo)
O Comendador, Il Comendatori, pai de Donna Anna, que acabou assassinado por Don Giovanni tentando defender a filha (baixo)
Donna Anna, filha do Comendador, no começo da ópera é seduzida por Don Giovanni, mas o pai ao defendê-la acaba morrendo ( soprano)
Don Ottavio, seu noivo ( tenor)
Donna Elvira, uma nobre dama de Burgos, seduzida e abandonada por Don Giovanni (soprano)
Zerlina, jovem, bela e inocente camponesa seduzida por Don Giovanni (soprano)
Masetto, seu noivo (barítono).

PRIMEIRO ACTO:
A história começa nas ruas da Sevilha, Espanha, século XVIII. Leporello, um criado, espera do lado de fora da casa do velho Commendatore enquanto o seu patrão, Don Giovanni, está no interior. Como sempre, Don Giovanni tenta seduzir uma mulher: Donna Anna, filha do Commendatore. Leporello odeia o trabalho que faz; está cansado de encobrir a reputação de Don Giovanni, um cruel conquistador de mulheres, e está determinado a demitir-se e viver sua vida como um senhor.
De repente, Donna Anna sai a correr de casa, perseguida pelo apaixonado Don Giovanni, disfarçado. Ela grita e corre, acordando o pai, o Commendatore, que duela e ataca Don Giovanni, que por sua vez mata o velho. Don Giovanni e Leporello fogem da cena do crime. Donna Anna retorna com seu noivo, Don Ottavio. Ela descobre o corpo do pai, mas não sabe quem o matou. Ottavio jura que vai encontrar o responsável.
Mais tarde, Leporello diz a Don Giovanni que quer deixar o seu trabalho, mas Don Giovanni nega-se a deixá-lo ir. Donna Elvira entra na praça da cidade, magoada e desesperada para encontrar o homem que a seduziu e abandonou. O culpado, é claro, é Don Giovanni. A princípio, ele não reconhece Elvira, vendo-a apenas como uma adorável donzela em perigo. Empolgado em cortejá-la, Don Giovanni aproxima-se para lhe oferecer assistência. Ela reconhece-o e acusa-o de a enganar com falsas promessas de casamento. Ele foge, deixando Leporello para dar explicações. Leporello informa Elvira que ela é apenas uma das milhares de mulheres que Don Giovanni seduziu e prossegue lendo a longa lista das conquistas do nobre, Europa e Médio Oriente fora. Elvira jura vingar-se.
Voltando para casa, Don Giovanni conhece uma bela campesina, Zerlina, e seu futuro marido, Masetto. Convida-os a celebrar o casamento no seu castelo e instrui Leporello a distrair Masetto, enquanto ele tenta convencer Zerlina a casar-se com ele, ao invés de com Masetto.
E aparece Elvira neste momento, criando uma situação extremamente embaraçosa para Don Giovanni. Ela adverte Zerlina sobre a natureza de Don Giovanni. Elvira e Zerlina saem de cena por um momento e entram Donna Anna e Don Ottavio. Anna, ainda sem saber que Don Giovanni atacou e matou o seu pai, pede-lhe que a ajude a encontrar o assassino. Contudo, Donna Elvira volta e tenta convencer Donna Anna a não confiar em Don Giovanni. Irritado e frustrado, Don Giovanni leva Donna Elvira embora. Donna Anna dá-se conta de quem é o assassino. Ela pede a Don Ottavio para vingar a morte de seu pai; e ele concorda.
Pensando não ter com que se preocupar, Don Giovanni decide dar uma festa e convidar todas as recentes companhias. Entre os convidados, três usam máscaras — Donna Elvira, Donna Anna e Don Ottavio. Enquanto todos dançam e se divertem na festa, Don Giovanni anda às voltas com Zerlina, decidido a seduzi-la. Ela escapa e alerta o trio disfarçado, que retira as máscaras no exacto momento em que Don Giovanni entra no aposento. Ele apercebe-se que foi apanhado e foge.

SEGUNDO ACTO:
De volta às ruas de Sevilha, Don Giovanni planeia outra travessura. Pede a Leporello que distraia Donna Elvira para que ele seduza a criada dela. Giovanni troca de roupa com Leporello e começa a admoestar a criada de Elvira. É interrompido por Masetto e um grupo de campesinos que procuram Don Giovanni. Confundindo Giovanni por Leporello, os campesinos continuam a busca, mas o sedutor convence Masetto a ficar para trás. Assim que ficam sós, Don Giovanni ataca e fere Masetto. Don Giovanni sai e Zerlina aparece para encontrar Masetto e cuidar dos seus ferimentos.
Mais tarde, Leporello e Don Giovanni encontram-se e escondem-se no cemitério. O disfarçado Leporello também escapou por milagre: deixou o pátio de Donna Anna onde ela, Don Ottavio, Zerlina e Masetto, pensando que ele era Don Giovanni, queriam vingança. Don Giovanni e Leporello riem da sua fuga. Param de se vangloriar quando escutam a assustadora voz do Commendatore, dizendo ao Don Giovanni que o seu riso vai ser silenciado antes que o dia acabe. A voz vem da estátua — agora viva — que marca a sepultura do Commendatore. Sem acreditar no que ouve e vê, Don Giovanni pede a Leporello que convide a estátua para jantar com ele naquela noite. A estátua aceita. Enquanto o jantar é servido, escutam-se os passos da estátua que se aproxima. A estátua nega-se a comer, e exige que Don Giovanni se arrependa ou seja amaldiçoado. Giovanni audaciosamente recusa. A estátua arrasta-o às chamas do inferno.
No dia seguinte, as vítimas de Don Giovanni tentam reconstruir as suas vidas cantando a moral da história: "Tal é o fim de um malfeitor: a morte é a recompensa justa para uma vida esbanjada."

terça-feira, 2 de junho de 2009

samba para os poetas e para os amantes da poesia

porque a vida é para valer, a vida é para levar, e, então, o melhor é mesmo vivê-la com quem gosta de cantar! menino, menina, velho, saravá!

segunda-feira, 1 de junho de 2009

por favor, madame, tire as patas

MEDITAÇÃO NA PASTELARIA
«Por favor, Madame, tire as patas,
Por favor, as patas do seu cão
De cima da mesa, que a gerência
Agradece.

Nunca se sabe quando começa a insolência!
Que tempo este, meu Deus, uma senhora
Está sempre em perigo e o perigo
Em cada rua, em cada olhar,
Em cada sorriso ou gesto
De boa-educação!

A inspecção irónica das pernas,
Eis o que os homens sabem oferecer-nos,
Inspecção demorada e ascendente,
Acompanhada de assobios
E de sorrisos que se abrem e se fecham
Procurando uma fresta, uma fraqueza
Qualquer da nossa parte...

Mas uma senhora é uma senhora.
Só vê a malícia quem a tem.
Uma senhora passa
E ladrar é o seu dever – se tanto for preciso!

O pó de arroz:
Horrível!
O bâton:
Igual!

O amor de Raul é já uma saudade,
Foi sempre uma saudade...
(O escritório
Toma-lhe o tempo todo?
Desconfio que não...)

Filhos tivemos um:
Desapareceu...
E já nem sei chorar!
Chorar...

Como eu queria poder chorar!
Chorar encostada a uma saudade
Bem maior do que eu,
Que não fosse esta tristeza
Absurda de cada dia:
Unha
Quebrada de melancolia...


Perdi tudo, quase tudo...
Hoje,
Resta-me a devoção
E este pequeno inteligente cão.

Por favor, Madame, tire as patas,
Por favor, as patas do seu cão
De cima da mesa, que a gerência
Agradece. »

(Alexandre O´Neill, No Reino da Dinamarca - 1958)