sábado, 28 de fevereiro de 2009

A nossa Lua


És o nosso refúgio. Entramos e parece não estar ninguém. De repente, a tua cabeça sorridente aparece. Afinal estás lá. Desocupas a cadeira mais próxima da tua secretária e sentamo-nos. Por uns minutos descansamos na clareza dos teus princípios. Tal como a Lua, estás sempre lá e apaziguas as marés (só falta mesmo conseguirs ensinar-me a dançar, talvez para a próxima!). Feliz dia seguinte ao Aniversário!

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

la fiesta di solangiiiiiiiii


hoje é dia de festa e cantam as nossas almas ( mesmo as daqueles que não acreditam nas transmigrações das ditas). para a nossa lunargirl milhões de beijinhos . hoje a fiesta vai ser brava!!!!!!!
aqui vai então um poemita para a minha amiga que se fosse uma árvore era um carvalho pois eu sei que vai morrer de pé - como as árvores de grande porte- agarrada com os dentes cerrados da fé às suas convicções. gosto e celebro contigo essa tua força e determinação que põe a um canto a modinha oriental dos juncos que oscilam, sem vergar, ao sabor dos ventos: resistiré erguido contra el vento!

«Porque os outros se mascaram mas tu não

Porque os outros usam a virtude

Para comprar o que não tem perdão.

Porque os outros têm medo mas tu não.

Porque os outros são os túmulos caiados

Onde germina calada a podridão.

Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem

E os seus gestos dão sempre dividendo.

Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos

E tu vais de mãos dadas com os perigos.

Porque os outros calculam mas tu não.»


Sophia de Mello Breyner

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

mosca do campo, mosca da cidade

após o silêncio das luas cansadas: girls, i´m back! quando me habituar ao CO2 contar-vos-ei as aventuras de uma mosca num campo perto de si. do adormecer ao som da cadência dolente das ondas e com as estrelas a tremeluzirem num céu maior que o mundo . das caminhadas em busca de praias secretas onde se acoitam piratas inventados para as crianças e das voltas de bicicleta que me enrijeceram e doriram o rabo. também de como quase matei a minha pequena prole com um acidente doméstico com gás e uma lareira. do belo livro que estou a ler desde sábado passado e que me fez viajar ao japão da era heian. agora tenho que ir para o banho com os moscardos para ver se me livro deste cheiro a ciganito (ele deve haver maneira de uma gaja fazer sozinha uma lareira sem transformar os filhos em mineiros). bom, descobri que padeço de uma doença estranha: estou cyberdependente! amanhã vou à clix pedir um sabonete! também sou dependente do micro-ondas. requentar paparoca em banho-maria, mesmo para a vida no campo, é leeeeennntooo.. e, para uma mosca distraída, acaba sempre com uma panela queimada e os moscardos a gritarem «mamãaa, outra vez, tá a arder»! nomundodalua, não te atormentes que até sexta volto a ser urbana para bombar na festa da solangiiiiiii toda gira e com cheiro a perfume! se pudesse partilhava as fotografias convosco, mas deixei o carregador e as ligações algures no carro de um run-away baby e, agora, estou metida num molho de bróculos com o meu amor-próprio e o vício recente de combater o porco devorador do tempo a fotografar até à exaustão os que amo com a minha bela leika (mosca porca burguesa!)


(se quiserem uma versão completa procurem no youtube. eu cá dispenso os clips completos com imagens bucólicas de casas do campo dos anos 70. lembram-me as revistas de decoração que a minha mãe usou para compor a sua própria casa onde o meu clã foi suburbanamente enclausurado entre duas estradas de asfalto a 5 km da cidade mais próxima)

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Parêntesis

Obrigada, Mosca, pelo meu primeiro Carnaval...
Quando fores ao circo com os putos diz qualquer coisa.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

O cardeal no seu labirinto

Numa terra remota e distante que quase ninguém conhece, mas onde o cristianismo se entranhou, o cardeal e os bispos estavam reunidos. O sol da tarde entrava pelas janelas e amolecia o ar. Os bispos dormitavam.

A situação é preocupante, dizia o cardeal. Ao mesmo tempo saltitava pela sala. Um esforço vão para cativar a audiência e compensar a sua baixa estatura. Era o único com energia e vivacidade, o único que não perdera a esperança de encontrar o caminho para o céu. Ninguém vai à igreja, nem a crise leva os fiéis a procurar consolo na fé, continuou. Deu à voz um tom teatral de lamento e em simultâneo, com um saltinho, virou costas aos bispos.

Indiferentes à representação dramática do cardeal e sem ouvir uma única palavra, discretamente, os bispos comparavam o tamanho dos cachuchos que ostentavam nos dedos gorduchos. Ficavam satisfeitos quando o seu era o maior ou quando tinha a pedra mais brilhante. Era assim, não sabiam bem porquê...

O cardeal virou-se, repentinamente. Ficou, novamente, de frente para os bispos com uma expressão de entusiasmo e mistério. Por momentos, estes convenceram-se que Deus lhe tinha confidencializado os nomes dos vencedores dos Óscares e que os iria revelar naquele momento. Por breves segundos, saíram da sua modorra, endireitaram-se nas cadeiras de pau, inclinaram a cabeça para a frente numa postura atenta e ficaram à espera da célebre frase “and the winner is...”. Um deles até fazia figas. Torcia pela Meryl Streep. Grande mulher, pensava, então vestida de abadesa, Deus me perdoe...

Mas não, sua eminência prosseguia e, para desgosto dos bispos, não falava em Óscares...Ao fim de todos estes anos, finalmente, encontrei a solução! É óbvio que as pessoas não vão à igreja porque estão cansadas de ouvir sempre as mesmas leituras, as mesmas parábolas. Já todos sabem a história de Lázaro, do filho pródigo, de S. Tomé. Precisamos de uma nova abordagem e eu encontreia-a...Vamos seguir o exemplo do governo relativo às questões fracturantes, mas ao contrário! É genial. Por exemplo, quando o governo se pronunciar a favor dos casamentos gay, nós vimos logo dizer, publicamente, que os gajos são esquisitos e que não queremos que eles se casem. Ficamos logo com a atenção da imprensa! E isso é bom. Por um lado lixamos o governo, perde logo o voto de uma data de beatos..., por outro, as pessoas vão pensar: Espera lá, estes tipos agora até dizem umas coisas divertidas, se calhar no Domingo vou à missa só para me rir. Os gatos fedorentos também já não dão uma para a caixa... E nós, quando os apanharmos na igreja...pimba! Damos-lhes com o Lázaro, o filho pródigo e com o costume...Quando eles acharem que já não vamos dizer nada engraçado e ponderarem não voltar no Domingo seguinte, publicamos novas declarações. Por exemplo, dizemos que os casamentos mistos só dão sarilhos! Mas só falamos nos casamentos de católicas com muçulmanos. No nacional machismo e nos budistas não se toca. Desde que o Richard Gere se converteu é arriscado metermo-nos com eles. Perdíamos logo uma data de beatas...Com um giraço daqueles, não se brinca...E depois ainda veio o Brad Pitt com os sete anos no Tibete...decididamente, nos budistas não se fala...Ficamo-nos pelos muçulmanos. Há o Bin Laden e os talibã. Com certeza, ninguém levará a mal, a não ser eles mesmos. Mas isso depois fala-se com os tipos e explica-se a coisa...Até podemos pedir desculpas publicamente. A imprensa também gosta disso.

Enquanto falava, o cardeal sentiu um peso na sua clériga consciência...Na verdade, a ideia não era 100% sua, tinha-se inspirado no anterior Papa. Naquela sua ideia de proibir o uso de preservativo. A publicidade que ele tinha ganho com aquilo! Por todo o mundo se falara na Igreja e nos seus princípios. Ele há golpes de génio, caraças!!

Convictos da loucura do cardeal mas ansiosos por ver o circo a arder, os bispos aprovaram a ideia por unanimidade. O novo ano clerigal começou com a implementação do plano eclisiástico questões fracturantes, o qual, tal como o cardeal previra, foi um sucesso.

O que o cardeal nunca soube é que na sala estava uma pequena mosca. Pequena, mas forte...e esperta! A mosca era uma espia (até já participara num livro do Astérix) e voou muitos quilómetros até chegar a um pequeno seminário próximo de Buenos Aires. Aí, revelou ao bispo Richard Williamson o ardiloso plano do cardeal. O bispo Richard decidiu logo pô-lo em prática na Igreja Argentina, também ela sequiosa de novas almas e vocações.

E foi assim que o mundo assistiu pasmado às declarações públicas de Richard Williamson no sentido de que o Holocausto nunca existiu!

Escusado será dizer, que qualquer semelhança entre esta história e a realidade é pura coincidência...Na verdade, coisas destas só acontecem mesmo na ficção...

sábado, 21 de fevereiro de 2009

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Ele há casais com pontos em comum...



Num pedido de divorcio o juiz pergunta à requerente:
-A senhora tem a certeza do que esta a pedir?
A senhora quer o divorcio por COMPATIBILIDADE de feitios?
Não será o contrario?
- Não Sr., É por COMPATIBILIDADE mesmo.
Eu gosto de cinema, o meu marido também!
Eu gosto de ir à praia, ele também!
Eu gosto de homens... e ele também...!!!

Canção sábia... ou SENSATEZ








Não se Casem Raparigas


Já viram um homem em pêlo
Sair de repente da casa de banho
Escorrendo por todos os pêlos
Com o bigode cheio de pena
Já viram um homem muito feio
A comer esparguete
Garfo em punho e ar de bruto
Com molho de tomate no colete
Quando são bonitos são idiotas
Quando são velhos são horríveis
Quando são pequenos são maus
Já viram um homem gordo à beça
Extrair as pernas do ó-ó
Massajar a barriga e coçar as guedelhas
Olhando pensativo para os pés


Não se casem raparigas não se casem
Façam antes cinema
Fiquem virgens em casa do papá
Sejam serventes no carvoeiro
Criem macacos criem gatos
Levantem a pata na Ópera
Vendam caixas de chocolate
Professem ou não professem
Dancem em pêlo para os gagás
Sejam matadoras na avenida do Bois
Mas não se casem raparigas
Não se casem


Já viram um homem à rasca
Chegar tarde para o jantar
Com baton no colarinho
E tremeliques nas gâmbias
Já viram no cabaret
Um senhor não muito fresco
Roçar-se com insistência
Numa florzinha de inocência
Quando são burros aborrecem
Quando são fortes fazem sports
Quando são ricos guardam o milho
Quando são duros torturam
Já viram ao vosso braço pendurado
Um magrizela de olhos de rato
Frisar os três pêlos do bigode
E empertigar-se com um ar de bode


Não se casem raparigas não se casem
Vistam os vossos vestidos de gala
Vão dançar ao Olímpia
Mudem de amante quatro vezes por mês
Peguem na massa e guardem-na
Escondam-na fresca debaixo do colchão
Aos cinquenta anos pode servir
Para sacar belos rapazes
Nada na cabeça tudo nos braços
Ah que bela vida será
Se não se casarem raparigas
Se não se casarem

Boris Vian, in "Canções e Poemas"

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Careto


Tinha muito receio que o Carnaval chegasse um dia.
Recebi o convite fatal que diz assim: quem não vier mascarado não entra.
Com excepção para não sei quem que já é uma moira encantada, seja lá quem for a excepcionada.
E o convite nem sequer é para uma festa de Carnaval.
Muito prezo o Entrudo, não me entendam mal, essa gloriosa festa criada para nos debocharmos antes dos sacrifícios quaresmais, essa festa onde os cariocas viram a oportunidade de gozar em grande as maravilhas que Deus lhes deu.
Em bom rigor, uma festa é uma festa, e sendo esta especialmente libertadora, até é melhor que as outras.
Há mais gente nas ruas, mais gente nos copos, a música é parva mas toda a gente dança, às vezes até faço anos no Carnaval.
A noite acaba sempre com confettis pisados e borrifados de cerveja, cabeleiras no desalinho da sua falsidade, seios artificiais de mão em mão e com a animação tonta das bebedeiras dos ocasionais.
É muito bom o Carnaval.
Mas deixem-me lá em paz com as máscaras e com os disfarces.
É para ter piada, para ficar ridículo, para mostrar bom gosto, para mostrar criatividade?!
Ai de mim! Quem me dera saber quem sou, quanto mais quem posso ser.
Preciso de ajuda para este teatro-drama.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Round midnight

Relembro aqui Thelonious Monk, que ao que tudo indica não era monge...
Faz hoje anos que morreu. Génio absoluto do piano neste clássico do jazz. E reparem no tamanho dele em relação ao piano...


Muitas felicidades!

O desejo vai em post, embora, em boa verdade, me apetecesse mais subpostar na homenagem que as meninas escolheram especialmente para o teu aniversário, convergente nessa condição superior de ser mulher e de ser mulher mãe.
Sobretudo por não teres traído a mulher criança e quereres muito ser mulher só para ti.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Parabéns Missangas



Espero ter acertado no número de velas que pus no bolinho....

água para a nossa missangas

parabéns missangas! acabo de ver um filme que perdi nas salas de cinema.sinto-me arrebatada e irmã daquelas mulheres de branco, cabelos rapados, que vi nas estações de combóio da india. sei da luta diária que travas. sei da tua força. somos umas mulheres cheias de sorte, missangas, por nascermos num país onde podemos lutar por aquilo que julgamos certo. um abraço e beijo de parabéns por seres a mulher que és! parabéns por mais um aniversário, claro, também. como se diz no filme: há que ser como a flor de lótus e manter-mo-nos, brancas, a flutuar na água imunda por onde vogamos!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

para os que partem: um sorriso florido e vintage

para a Eluana e para os que partem (porquê?) de chapéu na cabeça e forno na mão. que todas as partidas e chegadas sejam só pretextos cénicos para cantar, rir e escrever. para renascer como os actos de suicídio falhados. aqui fica mais um velho objecto retirado da arca carunchosa da memória. esta moça, um dia, há muitos anos atrás, causou-me um tremendo embaraço. eu trauteava, apaixonadíssima, para o destinatário do meu desejo (tão puro!), a canção do hey! hey! everybody´s got a little soul , ele perguntou-me de quem era a música. respondi-lhe : Carmel. ele percebeu Camel. disse que o irmão mais velho é que ouvia esse grupo e olhou-me com um certo desdém. desde aquele dia nunca mais conseguimos falar a mesma língua e a paixão mirrou por falta de vocabulário comum.



a tal canção do mal-entendido:

sugestãozita para o fim-de-semana ( o mano é lindooo!)

http://www.ondajazz.com/fevereiro%2009/dia%2014.htm

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

para saciar a fome das palavras que tardam


«Ink runs from the corners of my mouth.
There is no happiness like mine.
I have been eating poetry.

The librarian does not believe what she sees.
Her eyes are sad
and she walks with her hands in her dress.

The poems are gone.
The light is dim.
The dogs are on the basement stairs and coming up.

Their eyeballs roll,
their blond legs burn like brush.
The poor librarian begins to stamp her feet and weep.

She does not understand.
When I get on my knees and lick her hand,
she screams.

I am a new man.
I snarl at her and bark.
I romp with joy in the bookish dark.»

Eating poetry, Mark Strand

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Família tradicional


Vou aqui iniciar uma discussão e votação online.

O que será melhor para salvaguardar a família tradicional?
a) o casamento homossexual?
b) o celibato dos padres?
c) a localização e aumento do ponto G?


Participem e que vença o melhor!


Cinderelas ... E SAPOS



Podia hoje dicertar aqui sobre o meu lado lunar, e atribuir os seus efeitos, quiçá, à lua cheia, que há bem pouco encheu o céu...hoje não a conseguiria ter visto.. tantas foram as nuvens que cobriram o meu dia...de tal forma que, a dado momento, até me quis parecer que o demo ( ou zebedeu... ou lá como se chama o rapaz ) andava à solta no escritório onde trabalho... de quando em vez o moço gosta de aparecer e fazer, por lá, das suas...

Mas não... quando saí tive a ousadia de dizer a mim mesma « VÁ DE RETRO SATANÁS »... retemperei forças numa aula de ginástica (- vamos lá, cê precisa por bem duro esse abdominal - disse a professora quando olhou reprovadora para a zona que fica entre o top e as calças que eu vestia ), sorri com o texto que antes transcrevi, e que me foi enviado por uma amiga, consegui pôr mão na Belinha lamechas...e a propósito de homens, resolvi escrever sobre sapatos.

Mas o que é que o « ass » terá a ver com as « pants » perguntarão vocês?

Adoro sapatos ... bem vistas as coisas também adoro casacos ... e malas.. mas adiante.. como estava a dizer adoro sapatos e ousei, aqui há um ou dois anos atrás comprar uns Irregular Choice ( www.irregularchoice.co.uk/ )... e digo ousei porque não é todos os dias que tenho a coragem suficiente para enfrentar o mundo onde me movo diáriamente com eles calçados, essa é que é a verdade... por isso ... lá vão ficando um pouco esquecidos numa prateleira, religiosamente guardados numa caixa, entre muitas outras...

Um destes dias ousei comprar uns outros sapatos da mesma marca, quiçá ainda mais ousados que os primeiros...vi-os na montra de uma loja, nas imediações de Piccadilly Circus... e, de novo não resiti ao apelo da cor e da diferença....sem atentar, a seu tempo, que trazia comigo um problema...ou melhor vários problemas...

Sem pensar, trouxe para dentro de casa meia duzia de sapos, sobrepostos nos dois sapatos, e, talvez por ter lido muitos contos infantis em miuda, mantenho a caixa onde se encontram bem fechada, temendo que se a abrir, todos se transformem em principes, que me queiram depois vir experimentar os sapatinhos... e eu confesso-vos aqui que não sei se terei tempo, paciência, disponibilidade... para experimentar tanta medicação...ainda para mais, depois de saber que nenhum oferecerá garantias de qualidade...

Agitar antes de usar... MAS COM MUITO CUIDADINHO




Nome do medicamento: HOMEM.

Indicações: recomendado para mulheres em geral ( mas não se conhecem contra-indicações se for tomado por homens )
HOMEM é eficaz para controlo do desanimo, ansiedade, mau- humor, insonia, etc...
Posologia e modo de emprego: HOMEM deve ser usado pelo menos 3 vezes por semana.
Caso os sintomas não desapareçam aumente a dosagem... ou procure outro.

Precauções:
- mantenha longe do alcance das amigas
-manuseie com cuidado, pois o HOMEM explode sobre pressão, principalmente quando associado a alcool
- o uso excessivo de HOMEM pode produzir dores nas ancas, dores abdominais, lombares e ardor na região pélvica

Efeitos colaterais: o uso inadequado de HOMEM pode acarretar gravidez

Prazo de validade: o número de lote e data de fabricação encontram-se no Bilhete de Identidade e no cartão de crédito

Atenção: HOMEM não tem garantia e todas as espécies estão sujeitas a trazerem defeito de fabrico

afinal deve ser da lua


1.morreu ante-ontem, talvez pelos efeitos benfazejos da lua, Eluana Englaro. morreu biologicamente, uma vez que, como ser humano, já estava morta há 17 anos (EVP: estado vegetativo permanente, dizem os entrendidos). talvez a lua não interfira apenas nos nascimentos das crianças, ou , afinal, talvez apenas condicione os ritmos do acto físico de expirar e inspirar. talvez, por isso, em noites de lua cheia, haja tanta gente a arfar.
2. à Eluana foi um mau ar que se lhe tirou, parece-me. quem terá ficado com apneia terão sido os senhores do vaticano e o acólito brutosconi, tal era o afã em que andavam para prolongar por despachos católicos e caóticos o tal EVP, passando um arrogante atestado de maus pais a quem, durante 17 anos, viveu numa esperança cega de que de um corpo que se limitava a abrir e a fechar uns olhos baços, a inspirar e expirar e a efectuar movimentos descoordenados e involuntários, renascesse a filha perdida há 17 anos atrás. só porque esses pais, cansados de ter esperança, um dia, decidiram retirar à filha a sonda grástica - uma espécie de sucedâneo de cordão umbilical de plástico - que a mantinha artificialmente presa ao mundo hospitalar. decisão dificil dos pais que contou com o apoio de um juíz. mas o que são decisões de pais e dos homens da lei para os brutos-conis deste mundo? que vá desta para melhor, é o que desejo à Eluana. que vão desta para pior, é o que me ocorre dizer aos brutos-conards deste mundo.
3.e já agora também, de uma assentada só, que vá também de mal para pior (se tal fosse possível ante o pleonasmo óbvio) a tal conferência episcopal (entenda-se: roda de gajos com ar altaneiro vestidos de vermelho real e/ou rocho lésbico, com uns anéis tipo cachucho que gostam que os outros beijem ou chupem, consoante as preferências individuais, e com umas pilinhas mirradinhas e tristes escondidas debaixo das vestes) que terá deliberado hoje que os padres podem fazer campanha política nas cerimónias litúrgicas contra os partidos que ousem defender o casamento gay , por se tratar, dizem os de saias vermelhas/rochas, de uma realidade destruturante da sociedade.
4.como é que uma mãe explica a um filho de sete anos, logo pela manhã, estas notícias radiofónicas acerca de seres que, apesar de se absterem voluntariamente de procriar, em nome de uma ideia de amor a deus, recriminam relações de amor entre dois seres só porque o sentimento que os une não conduz à procriação. se calhar a patermidade, em si mesma, é um mal, a não ser que pressuponha como natural o incesto. o exercício não biologicamente utilitário-funcional do amor seria uma obra do demo, ao que parece. como é que eu explico o ódio e a intolerância a uma criança de 7 anos, sem me arrepender de o ter posto neste mundo, digam-me se o souberem.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

a lua e os flocos


repararam as meninas na bela lua cheia que coroava os céus chuvosos de ontem. sentiram-lhe a magia?também não acreditam nos poderes da lua. hummm...pois,aqui a mosca também não. apesar de me lembrar sempre daquela canção do vinicius: preparei para você uma lua cheia e você não veio e você não quis meu violão ficou tão triste, pudera, quisera abrir janelas, fazer serão, mas você me navegou mares tão diversos e eu fiquei sem versos, e eu fiquei em vão . hoje, estranhamente, acordei a trautear aquela canção da lola que não me saiu da cabeça o dia inteiro. acho que vou mudar de flocos de cereais.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

VAZIO





Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.

Eugénio de Andrade

a doença da morte


«O choro acorda-a.Olha para ti.Olha para o quarto. E olha novamente para ti. Acaricia-te a mão. Pergunta: Porque é que chora?Tu dizes que é ela que tem de dizer porque é que choras, que ela é que deveria sabê-lo.
Ela responde muito baixo, docemente: Porque não ama. Tu respondes que é isso.
Ela pede-lhe que lhe digas isso claramente. Dizes: Eu não amo.
Ela diz: Nunca?
Tu dizes: Nunca.
Ela diz: O desejo de estar quase a matar um amante, de o guardar para si, para si apenas, de se apoderar dele, de o roubar contra todas as leis, contra todos os impérios da moral, não conhece esse desejo, nunca o conheceu?
Dizes: Nunca.
Olha para ti, repete: É curioso um morto.»

M. Duras, Textos Secretos, A Doença da Morte.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A Ala Esquerda: Plebeus, Chiques e Malhões

Porto de Abrigo




De todos os lugares no mundo existe um e apenas um onde todos os medos se esbatem, todos os dias são serenos: A NOSSA CASA.

A nossa casa é a nossa maior cumplice. Conhece-nos como ninguém.... o melhor e o pior... partilhamos com ela a nossa intimidade, os nossos segredos.. os nossos amores... os momentos de ocio, de solidão, de descanso...

A nossa casa é o nosso mundo.

Acolhe-nos, aquece-nos, reconforta-nos... não nos critica se estivermos despidos, despenteados... acolhe-nos e aceita-nos sempre... Não nos pede para baixarmos o som da musica, para apagarmos a televisão quando devoramos todos os episódios de « As donas de Casa desesperadas » ou « O sexo e a cidade »...

Adoro, por isso, a sua tolerancia...

Adoro, também, na minha a serenidade, o cheiro doce, o terraço onde leio, sonho e deixo que o sol me visite....

A minha casa espera por mim todos os dias, a qualquer hora... sem me fazer cobranças ou pedir explicações....

Aceita os meus amigos, os meus amores... sem opinar, nem criticar as minhas opções...


A minha casa é e será sempre o meu porto de abrigo...

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Oh as casas as casas as casas

Oh as casas as casas as casas
as casas nascem vivem e morrem
Enquanto vivas distinguem-se umas das outras
distinguem-se designadamente pelo cheiro
variam até de sala pra sala
As casas que eu fazia em pequeno
onde estarei eu hoje em pequeno?
Onde estarei aliás eu dos versos daqui a pouco?
Terei eu casa onde reter tudo isto
ou serei sempre somente esta instabilidade?
As casas essas parecem estáveis
mas são tão frágeis as pobres casas
Oh as casas as casas as casas
mudas testemunhas da vida
elas morrem não só ao ser demolidas
Elas morrem com a morte das pessoas
As casas de fora olham-nos pelas janelas
Não sabem nada de casas os construtores
os senhorios os procuradores
Os ricos vivem nos seus palácios
mas a casa dos pobres é todo o mundo
os pobres sim têm o conhecimento das casas
os pobres esses conhecem tudo
Eu amei as casas os recantos das casas
Visitei casas apalpei casas
Só as casas explicam que exista
uma palavra como intimidade
Sem casas não haveria ruas
as ruas onde passamos pelos outros
mas passamos principalmente por nós
Na casa nasci e hei-de morrer
na casa sofri convivi amei
na casa atravessei as estações
Respirei – ó vida simples problema de respiração
Oh as casas as casas as casas


Ruy Belo

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

ainda a memória e a chuva



«Naquele ano a chuva foi excessiva e cresceram tortulhos
no olhos dos cães. Os vitelos, ao espreitar a luz pelos
sexos das mães, afogavam-se em lama, no meio dos
sambos. As paredes das casas diluíam-se em nata e os
oleiros desistiram de encomendar a sua obra a Deus.
Enormes cuidados foram inventados para proteger o fogo
nos altares e as crianças adotaram a nudez.

As termiteiras deixaram de existir e as formigas aladas
perderam as asas. Os pés dos mais velhos fenderam-se em
chagas e as mamas das virgens, mal eram tocadas,
colavam-se aos dedos como cinza úmida. Os lábios dos
sexos das mulheres paridas inchavam carnudos de uma
carne branca e os ventres pendiam como fruta mole.
Naquele ano a chuva foi excessiva
e os horizontes deixaram de existir.

Choveu por muito tempo até os cães perderam todo o pêlo
e as cabeleiras se destacarem como algas podres. O rei do
Jau ficou colado ao trono e ao boi sagrado cresceram-lhe
os olhos, que depois cegaram. As sementes grelaram nos
celeiros e essa semente assim era servida aos homens e
daí lhes ocorreu um tal vigor que os seus pênis cresceram
desmedidos e os homens vacilaram, tendo-os nas mãos e
mudos de fascínio.

A chuva choveu tanto que as serpentes saíram dos
buracos e vieram alongar-se ao pé dos paus, mantendo
com esforço as cabeças erguidas. Nas terrinas do leite
vicejaram musgos e o leite das vacas alterou-se em soro, a
coalhar na urina. Naquele ano a chuva choveu tanto que
até nos areais cresceram talos e as enxurradas
produziram peixe e até o ferro se lavou sozinho e os
diamantes vieram rebolar nas pedras concavadas de moer
farinha. As próprias aves morreram quase todas e apenas
se salvaram as de penas brancas, que a distância atraiu,
depois comeu.

E aquela chuva aproveitou aos fósseis e houve minerais
que se animaram e até pedras comuns a transmudar-se em carne.

Naquele ano a chuva choveu tanto que a memória perdeu
todo o sentido. As gargantas entupiram-se de limos
e as testas que os velhos pousavam nas mãos fundiam-se aos dedos
e os braços às pernas e os gestos de graça fundiam os
corpos e as jovens crianças ficavam coladas ao peito das mães.
Só as bocas teimavam em manter-se abertas e quando
mais tarde a chuva parou, das bocas saíram grossas
aves negras que abalaram logo daquelas paragens. E a
seca voltou e o mundo secou. A carne antiga a dar-se
agora em terra, os fósseis em pedra e as ramas em húmus.
E os passos poliram pouco a pouco as formas.

Naquele ano a chuva choveu tanto
que a memória nunca mais teve sentido.»

Ruy Duarte de Carvalho, in «50 Poetas Africanos», Manuel Ferreira, Plátano Editora

a memória, as cerejas e os cabelos

a propósito dos cabelos, e tal como as cerejas, veio-me à memória um filme e um livro de que gosto particularmente.daqueles objectos que se nos colam à pele e que passam a fazer parte da nossa história mental. hiroshima meu amor. duras e resnais numa simbiose e completude raras. fala dos amores proibidos, dos mistérios da memória, dos cabelos das mulheres como símbolo de sedução e castração. talvez nem fale assim dos cabelos. sou eu que me lembro deles a propósito. sobretudo da memória do castigo da traição da mulher que se apaixona pelo inimigo. talvez parce que nous n´étions jamais allé à baviére. talvez, apenas, a propósito da dor do esquecimento.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

A Luxuosa Promulgação


Apesar de “o novo regime jurídico do divórcio (…) conduzir na prática a situações de profunda injustiça, sobretudo para aqueles que se encontram em posição de maior vulnerabilidade, ou seja, como é mais frequente, as mulheres de mais fracos recursos e os filhos menores” há a economia do veto. E esta manda que não haja muita oferta, para que o preço (do veto) se mantenha. Como hoje ficou demonstrado, mais uma vez.

straight lines

cortei o meu cabelo em linhas direitas há umas semanas atrás. hoje, se ainda tivesse cabelo para cortar, fá-lo-ia de novo. há dias assim. corta-se o cabelo, quando lavá-lo já não serve. lava-se a casa. lava-se a roupa.lembrei-me de uma velha canção que costumava ouvir quando tinha para aí uns 15 anos e que deve ter ficado caída lá no fundo da memória onde a fui repescar hoje sabe-se lá o porquê.o vídeo é foleiro à brava, mas atentem na letra se quiserem. cold metal toutching skin.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Sonhos Brancos



Fui ver... a neve caia do azul cinzento do ceu...
Branca e leve, branca e fria...

Em Londres nao nevava assim ha 20 anos... vejam so a minha pontaria...

E eu ainda com tantas compras para fazer... Sou uma rapariga com uma vida dificil e o que e.... ( esta coisa de nao ter acentos tambem nao se atura... mas e o que se pode arranjar )

Hoje os esquilos sentiram a falta da nossa Missangas...

Do Harrods telefonaram-me a dizer que receberam novidades que me assentarao como uma luva...

A moca da Hoss quer que eu va experimentar mais 30 vestidos...

O Deep espera-me ( em cera, mas dentro do possivel ) para tirar uma foto...

E eu retida entre bonecos de neve... e varios bate-cus ( ou melhor, bate-rabos ... que eu sou uma moca fina )

Valeu-me a Missangas que nesta aventura tem sido mais do que uma mae...e que la me foi salvando de mais umas quantas sessoes de patinagem e quedas sem rede ( ela e as botas dela... que sempre me sustentam melhor que os meus sapatos de moca fina alfacinha )

Amanha talvez estejamos por ai para vos contar ao vivo todas as nossas aventuras... ou talvez nao... so o tempo ditara a nossa sorte....

Ate la as imagens ficam retidas nos meus olhos e na minha alma... e os sonhos serao hoje mais brancos... e ficarao para sempre marcados na minha memoria...

domingo, 1 de fevereiro de 2009

A vida num contentor


Descobri que afinal existe um lugar onde podemos abandonar à sua sorte as coisas da vida que deixaram de ser úteis e necessárias ao nosso dia a dia. Isto quando a arrecadação não existe, já não é suficiente ou queremos mesmo tais coisas muito, muito longe de nós (e dos outros). Inacessíveis.
Aluga-se um contentor, coloca-se tudo lá dentro, fecham-se as trancas e a única coisa que levamos para casa é um papelito com o registo do depósito. Nem sequer nos temos que procupar em guardar bem a chave que dá acesso aos nossos pertences. Essa, fica a salvo nas mãos dos profissionais que gerem este negócio.
Um serviço muito higiénico. Além de que, pelos vistos nem sequer será assim tão caro...
No armazém, os contentores amontoam-se uns em cima dos outros, devidamente etiquetados com um número. Parece que estão a preparar-se para partirem para terras distantes - Timbuktu, Cairo, o Oriente - em grandes cargueiros; mas não, aqueles não vão a lado nenhum. Estarão ali para sempre. A guardar.
Pensei que tal serviço se poderia estender a outras coisas que todos nós gostaríamos de ver encaixotadas e devidamente arrecadadas. Boas ou más, não estamos a precisar delas todos os dias, mas também não as queremos deitar fora, pois fazem parte da nossa história e são a nossa razão de ser. Ainda assim, mesmo temporariamente, gostaríamos que fossem postas fora do nosso alcance.
«Por favor, gostaria de guardar no contentor 52 os meus medos, doenças e desgostos; no 32 aquelas pessoas de que não gosto; as minhas recordações, vou guardá-las no contento 12. Ah! E os meus registos de contas em off-shore, esses ficam bem guardados, para ninguém ver, no contentor 25»
Olhando para o grande armazém, admitimos como possível que toda uma vida possa estar guardada em cada um daqueles rectângulos trancados.
Só temos de pegar na gambiarra, pedir um monta-cargas e explorar esses mundos perdidos...