Deitada ao sol admiro o mar.... uma voz, ao longe, vem interromper o silêncio apenas quebrado pelo barulho das ondas...
Olho e vejo papeis... pilhas e pilhas divididos em volumes, presos, e eu refém da secretária, onde me esperam....
Volto a olhar e vejo a minha imagem reflectida no vidro do armário, negra, disforme..... e pequena perante o abismo que me espera....
Estou aterrorizada... sinto a cabeça pesada.... e redonda, como um ovo.... e tenho asas, patas e penas.... e processos pilhas e pilhas de processos.... e vagueio entre as ondas da praia da Torre e a serra, vou ao volante de um descapotavel... ao luar e ao sonho, na Serra de Sintra.... e declamo poemas de Pessoa...
E sou seguida por dezenas de outras figuras, grandes e brancas, que carregam mais e mais processos e falam em unissono de validações e prisões....
E eu em fuga alcançando a estrada... Marginal...
De novo uma voz, ao longe, apregoa « Bolas de Berlim » ....
Acordo. Ainda estou na praia... Até 15 de Setembro....E tu, Calimero estás deitado ao meu lado...
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