quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

afinal deve ser da lua


1.morreu ante-ontem, talvez pelos efeitos benfazejos da lua, Eluana Englaro. morreu biologicamente, uma vez que, como ser humano, já estava morta há 17 anos (EVP: estado vegetativo permanente, dizem os entrendidos). talvez a lua não interfira apenas nos nascimentos das crianças, ou , afinal, talvez apenas condicione os ritmos do acto físico de expirar e inspirar. talvez, por isso, em noites de lua cheia, haja tanta gente a arfar.
2. à Eluana foi um mau ar que se lhe tirou, parece-me. quem terá ficado com apneia terão sido os senhores do vaticano e o acólito brutosconi, tal era o afã em que andavam para prolongar por despachos católicos e caóticos o tal EVP, passando um arrogante atestado de maus pais a quem, durante 17 anos, viveu numa esperança cega de que de um corpo que se limitava a abrir e a fechar uns olhos baços, a inspirar e expirar e a efectuar movimentos descoordenados e involuntários, renascesse a filha perdida há 17 anos atrás. só porque esses pais, cansados de ter esperança, um dia, decidiram retirar à filha a sonda grástica - uma espécie de sucedâneo de cordão umbilical de plástico - que a mantinha artificialmente presa ao mundo hospitalar. decisão dificil dos pais que contou com o apoio de um juíz. mas o que são decisões de pais e dos homens da lei para os brutos-conis deste mundo? que vá desta para melhor, é o que desejo à Eluana. que vão desta para pior, é o que me ocorre dizer aos brutos-conards deste mundo.
3.e já agora também, de uma assentada só, que vá também de mal para pior (se tal fosse possível ante o pleonasmo óbvio) a tal conferência episcopal (entenda-se: roda de gajos com ar altaneiro vestidos de vermelho real e/ou rocho lésbico, com uns anéis tipo cachucho que gostam que os outros beijem ou chupem, consoante as preferências individuais, e com umas pilinhas mirradinhas e tristes escondidas debaixo das vestes) que terá deliberado hoje que os padres podem fazer campanha política nas cerimónias litúrgicas contra os partidos que ousem defender o casamento gay , por se tratar, dizem os de saias vermelhas/rochas, de uma realidade destruturante da sociedade.
4.como é que uma mãe explica a um filho de sete anos, logo pela manhã, estas notícias radiofónicas acerca de seres que, apesar de se absterem voluntariamente de procriar, em nome de uma ideia de amor a deus, recriminam relações de amor entre dois seres só porque o sentimento que os une não conduz à procriação. se calhar a patermidade, em si mesma, é um mal, a não ser que pressuponha como natural o incesto. o exercício não biologicamente utilitário-funcional do amor seria uma obra do demo, ao que parece. como é que eu explico o ódio e a intolerância a uma criança de 7 anos, sem me arrepender de o ter posto neste mundo, digam-me se o souberem.

6 comentários:

norrin disse...

estou a comentar pontos 3 e 4. concordo, mas como sabes que tem pilitas mirradas? tenho para mim que "desmirram", quando se lhes beija os cachuchos...

nomundodalua disse...

Por mim podes dizer-lhes que os sabichões são uma chatice.
Que nunca deverão dizer eu é que sei e tu não.
Que achar os outros muito estúpidos pode fazer de nós uns sabichões e os sabichões são uma chatice.
Que a morte é a coisa que mais confunde as pessoas porque é muito triste e fica a doer para sempre.
Que as pessoas sentem culpa se deixarem as outras morrer e querem pedir desculpa e não sabem a quem.
E que é por esta razão que há pessoas que não querem deixar outras pessoas morrer.
Talvez percebam que essas pessoas não estão cheias de ódio, estão confusas e tristes por causa da morte.
E talvez os pequenos não venham a odiar essas pessoas e queiram conversar com elas, talvez para lhes dizerem que não faz mal.
Podes dizer-lhes que para certas pessoas uma família que não tenha pai e mãe e filhos é uma confusão.
Que, para outras pessoas, não se poderem casar com quem amam é uma confusão.
E que o mundo não foi desenhado num papel por um tipo muito inteligente, porque vendo bem as coisas o casamento não é preciso para que existam famílias e filhos.
Diz-lhes que se calhar um dia os cientistas vão descobrir a maneira de duas pessoas do mesmo sexo poderem ter filhos e aí é que vai ser um pandemónio e talvez os pequenos se riam.
Por mim podes dizer-lhes que não devem fazer aos outros o que não querem que lhes façam a eles. E para começar, não devem chamar estúpidos aos outros, porque certamente os outros lhe chamarão estúpidos a eles.

mouche albértine disse...

minha querida moçalunar..lá quanto à confusão eu até percebo. também eu fico confusa com estas questões da vida e da morte. não me lembraria era de , a propósito das minhas confusões interiores, saltar por cima da separação de poderes ou de manietar a fé alheia politicamente. o que eu acho estranho é este espírito de cruzada com artilharia pesada, sobretudo quando virada para pais que chegaram ao limite do sofrimento ou para pacatos cidadãos que cometeram o pecado de amarem.peço, pois, desculpa se assumi ar de sabichona, quando o meu estado de espírito é de perplexidade e de indignação. de qualquer maneira, garanto-te, não disse aos putos que os acólitos e brutosconis tinham pilinhas tristes e mirradas...embora tenha fé nessa pequena crença!

nomundodalua disse...

Podes explicar-me o rocho lésbico?

mouche albértine disse...

roxo, ou rocho lésbico, pela simples razão de não me lembrar de outra conotação cromática para roxo/cho..talvez a senhora dos passos...mas por maior proximidade com a causa gay, achei mais apropriado.em bopm rigor, a imagem que me veio à cabeça foi os gajos vestidos de teletubies. ai o caraças!

nomundodalua disse...

Oh Mosca que não és nem sabida nem sabichona, se for preciso falar da genitália da igreja para honrar Eluana e o casal Englaro, vamos a isso. Eu até digo, sei lá, que o Papa é gay. E que as pilas não serão mirradas não, porque é blasfémia branquear a pedofilia.

P.S.: Pensei que rocho fosse um trocadilho.