segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

água para a nossa missangas

parabéns missangas! acabo de ver um filme que perdi nas salas de cinema.sinto-me arrebatada e irmã daquelas mulheres de branco, cabelos rapados, que vi nas estações de combóio da india. sei da luta diária que travas. sei da tua força. somos umas mulheres cheias de sorte, missangas, por nascermos num país onde podemos lutar por aquilo que julgamos certo. um abraço e beijo de parabéns por seres a mulher que és! parabéns por mais um aniversário, claro, também. como se diz no filme: há que ser como a flor de lótus e manter-mo-nos, brancas, a flutuar na água imunda por onde vogamos!

3 comentários:

suprónia insuflávia disse...

Muitos parabéns! Muitos anos de vida!
Deixo um poema:

Esta é a Forma Fêmea

Esta é a forma fêmea:
dos pés à cabeça dela exala um halo divino,
ela atrai com ardente
e irrecusável poder de atração,
eu me sinto sugado pelo seu respirar
como se eu não fosse mais
que um indefeso vapor
e, a não ser ela e eu, tudo se põe de lado
— artes, letras, tempos, religiões,
o que na terra é sólido e visível,
e o que do céu se esperava
e do inferno se temia,
tudo termina:
estranhos filamentos e renovos
incontroláveis vêm à tona dela,
e a acção correspondente
é igualmente incontrolável;
cabelos, peitos, quadris,
curvas de pernas, displicentes mãos caindo
todas difusas, e as minhas também difusas,
maré de influxo e influxo de maré,
carne de amor a inturgescer de dor
deliciosamente,
inesgotáveis jactos límpidos de amor
quentes e enormes, trémula geléia
de amor, alucinado
sopro e sumo em delírio;
noite de amor de noivo
certa e maciamente laborando
no amanhecer prostrado,
a ondular para o presto e proveitoso dia,
perdida na separação do dia
de carne doce e envolvente.

Eis o núcleo — depois vem a criança
nascida de mulher,
vem o homem nascido de mulher;
eis o banho de origem,
a emergência do pequeno e do grande,
e de novo a saída.

Não se envergonhem, mulheres:
é de vocês o privilégio de conterem
os outros e darem saída aos outros
— vocês são os portões do corpo
e são os portões da alma.

A fêmea contém todas
as qualidades e a graça de as temperar,
está no lugar dela e movimenta-se
em perfeito equilíbrio,
ela é todas as coisas devidamente veladas,
é ao mesmo tempo passiva e activa,
e está no mundo para dar ao mundo
tanto filhos como filhas,
tanto filhas como filhos.
Assim como na Natureza eu vejo
minha alma refletida,
assim como através de um nevoeiro,
eu vejo Uma de indizível plenitude
e beleza e saúde,
com a cabeça inclinada e os braços
cruzados sobre o peito
— a Fêmea eu vejo.

Walt Whitman, in "Leaves of Grass"

missangas disse...

Querida mosca! Obrigada pelas tuas palavras, pela animação com que inundas os meus dias, por essa energia inesgotável, pelo teu sorriso de dentes brancos, pelas gargalhadas divertidas que passam por baixo das portas e chegam ao meu gabinete, por me mostrares que a vida não é mesmo para ser levada a sério e por me fazeres rir a imaginar-me uma flor de lótus a flutuar no Ganges!!!!

missangas disse...

Querida Soprónia, agradeço-te o poema e os votos (mais os votos!). Espero que daqui a muitos anos ainda estejamos juntas com as nossas cumplicidades, mas também com aquelas pequenas quezílias que tanto animam a nossa amizade! Obrigada por me apoiares sem ter que te pedir e por teres ido comigo a Caimão enfrentar os crocodilos...