quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Porto de Abrigo
De todos os lugares no mundo existe um e apenas um onde todos os medos se esbatem, todos os dias são serenos: A NOSSA CASA.
A nossa casa é a nossa maior cumplice. Conhece-nos como ninguém.... o melhor e o pior... partilhamos com ela a nossa intimidade, os nossos segredos.. os nossos amores... os momentos de ocio, de solidão, de descanso...
A nossa casa é o nosso mundo.
Acolhe-nos, aquece-nos, reconforta-nos... não nos critica se estivermos despidos, despenteados... acolhe-nos e aceita-nos sempre... Não nos pede para baixarmos o som da musica, para apagarmos a televisão quando devoramos todos os episódios de « As donas de Casa desesperadas » ou « O sexo e a cidade »...
Adoro, por isso, a sua tolerancia...
Adoro, também, na minha a serenidade, o cheiro doce, o terraço onde leio, sonho e deixo que o sol me visite....
A minha casa espera por mim todos os dias, a qualquer hora... sem me fazer cobranças ou pedir explicações....
Aceita os meus amigos, os meus amores... sem opinar, nem criticar as minhas opções...
A minha casa é e será sempre o meu porto de abrigo...
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Oh as casas as casas as casas
Oh as casas as casas as casas
as casas nascem vivem e morrem
Enquanto vivas distinguem-se umas das outras
distinguem-se designadamente pelo cheiro
variam até de sala pra sala
As casas que eu fazia em pequeno
onde estarei eu hoje em pequeno?
Onde estarei aliás eu dos versos daqui a pouco?
Terei eu casa onde reter tudo isto
ou serei sempre somente esta instabilidade?
As casas essas parecem estáveis
mas são tão frágeis as pobres casas
Oh as casas as casas as casas
mudas testemunhas da vida
elas morrem não só ao ser demolidas
Elas morrem com a morte das pessoas
As casas de fora olham-nos pelas janelas
Não sabem nada de casas os construtores
os senhorios os procuradores
Os ricos vivem nos seus palácios
mas a casa dos pobres é todo o mundo
os pobres sim têm o conhecimento das casas
os pobres esses conhecem tudo
Eu amei as casas os recantos das casas
Visitei casas apalpei casas
Só as casas explicam que exista
uma palavra como intimidade
Sem casas não haveria ruas
as ruas onde passamos pelos outros
mas passamos principalmente por nós
Na casa nasci e hei-de morrer
na casa sofri convivi amei
na casa atravessei as estações
Respirei – ó vida simples problema de respiração
Oh as casas as casas as casas
Ruy Belo
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3 comentários:
"oh, but anyway, toto, we're home. home! and this is my room, and you're all here. and i'm not gonna leave here ever, ever again, because i love you all, and - oh, auntie em - there's no place like home!"
dorothy, the wizard of oz
E disse assim a Scarlet, depois de o Rhett lhe ter dito que se estava borrifando para ela: I´ll go to Tara...
«A casa que eu amei foi destroçada
A morte caminha no sossego do jardim
A vida susurrada na folhagem
Subitamente quebrou-se não é minha.»
*
«Em nome da tua ausência
contruí com loucura uma grande casa branca
E ao longo das paredes te chorei.»
Sophia de Mello Breyner Adersen
a casa como o lugar do amor e da ausência dele. a casa como o útero branco do choro e da alegria. o não lugar onde se acomodam seres em posição fetal sob o calor imóvel da cal.
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