Seria, no mínimo, ridículo e humilhante que depois de Hitler, Estaline, Bush, Otelo e Alcides morressemos todos de peste suína...
quinta-feira, 30 de abril de 2009
a diferença entre o otelo e o alcides?como foi que disse?
bom, ora,...deixa lá ver..
1.um é um protagonista de uma revolução que não foi tão longe quanto almejava e o outro uma figura de 5º plano, sem densidade psicológica...ao que constava limitava-se a conduzir o carro onde os núncios executantes do homícidio (planeado por quem distante se sentava à espera numa cadeira de veludo florida e bafienta) seguiam;
2.um era um apaixonado por ideais nobres e progressistas que o desvairaram e o outro uma mão canhestra de mentes atávicas e reaccionárias que não toleravam padres com posições pouco ortodoxas;
3. um é, ainda hoje, alvo de amores e ódios vários por gentes de gerações diversas, e o outro tem de apresentar-se num táxi escuro ao fim da noite, não dispensando sequer uma confirmação da sua identidade no google;
4. um foi julgado e condenado e cumpriu pena de prisão o outro não;
5. um pode papar simbolicamente uma julie sargeant libertária o outro, quando muito, relembrar culpado as putas dos prostíbulos licenciados do tempo do antónio, o sal que dava azar, ao mesmo tempo que se aborrece com a sua mulher numa posição de missionário católica, respeitadora da pátria, de deus e da família.
talvez maquiavel não esteja assim tão absolutamente errado quando diz que os fins justificam os meios. o problema é quem define os fins. o problema é a necessidade de uma gestão cirúrgica e fria dos meios, o que, se admite, ser pouco compatível com o estado de paixão. e tu minha amiga lunar, tão nacionalista que és...quantas vidas de mouros choraste ao leres os feitos da reconquista? quantos pescoços de espanhóis partidos te doeram com a descrição épica do manejar da pá da padeira? e, para quem acredita em deus, digamos que os estados de paixão mais exaltados e revolucionários podem associar-se a uma espécie de agências de viagens low-cost para a casa do senhor que a todos os seus filhos compreende e perdoa!
pois, também eu pertenço à raça daqueles que «depois das descobertas ficou sem ocupação!», dêem-me uma boa causa para lançar uma bombitas, vá lá! só não entro naquela dos suicidas...isso é que não!é que a falta de crença tira-me a coragem!
quarta-feira, 29 de abril de 2009
segunda-feira, 27 de abril de 2009
Finalmente o FILHO
Quando a temática deveria ser outra, mais politizada, em virtude dos MEUS compromissos eleitorais, sou obrigada a falar, de novo, uma vez mais, repetidamente, de religião.
É o que consta do MEU programa eleitoral. Mas quem quer saber disso? Ninguém lê!! É verdade sim senhor. E até se compreende, são muitas palavras, miudinhas e a falar de coisas que ninguém entende. Ou então só entendem mesmo aqueles(as) que conhecem os salmos. Mas como isso é coisa do antigamente… tal qual o terço. Nã há nenhuma avozinha simpática, tipo mestra, com ou sem quico, que tenha ensinado os salmos e o terço às suas adoradas netinhas!!! Agora coisas do comunismo. Tem lá jeito!!! Isto é tudo mas é ausência de religião. Quando aquele senhor muito simpático, que tinha sempre a sua fotografia espalhada por tudo o que era casinha pública, governava, Deus Pátria e Família eram os verdadeiros Valores, não havia cá letras miudinhas e programas eleitorais e escolhas e uma pessoa nã tinha que se confundir toda, a pensar, sempre a pensar, nos prós e nos contras e afinal este é melhor, ou nã é, acabando por ter que optar por traços muito mais importantes que o programa, como seja a roupinha, a aparência, ou, mesmo muito muito importante, a quantidade de seriedade que consegue manter num discurso. Com excepção do cherne, que só se ria, muito se ria ele, quando se pirou daqui, os políticos não se põem assim a rir nos discursos. Parece mal. Mas como EU ia a dizer, tenho manias antigas e se está escrito e assinado com o MEU nome, nã posso faltar.
Assim, está na hora do FILHO.
O FILHO fazendo jus ao seu PAI era BELO. A BELEZA é DIVINA. E se o FILHO era FILHO de DEUS, logo era BELO. Não parece muito difícil, nem sequer para aqueles que ficaram na primária e que agora têm de pagar aos professores, o que com o congelamento dos ordenados e as quotas até lhes faz muito jeito, a sua equivalência ao 12º ano, pois sem 12º não se é português.
Mas o FILHO de DEUS não era português. Por mais estranho que vos possa parecer esta é a verdade. Difícil de compreender, é certo, mas mesmo assim A VERDADE.
O FILHO de DEUS falava hebraico, por causa da Maria e do José, mas rapidamente aprendeu a falar inglês que é a língua dos Eleitos. Basta ver qualquer filme (com excepção de uma minoria, sem interesse, que pôs o FILHO de DEUS a falar hebraico, que estupidez!!!), seja em que época for e a que horas for, que se percebe logo que o FILHO de DEUS não só falava inglês como era o tipo mais giro. Pele branquíssima e belíssimos olhos azuis (ou verdes), alto, musculado e loiro. É que nem sequer era preciso aparecer a legenda a dizer Este é JESUS o FILHO de DEUS e já o pessoal desde os mais pequenitos aos mesmo idosos, reconhecia a sua áurea. Ser FILHO de DEUS é isso mesmo!!! Nunca ninguém, pelo menos que se saiba, confundiu JESUS, o FILHO de DEUS, com o José, o Pilatos, o Judas ou o Lazaro. Nem mesmo com o pão ou o vinho, ainda que muitos e muitas tenham dito, olhando para JESUS, o FILHO de DEUS MAS QUE PÃO! BEBIA-O TODO!
Constou, porém, durante alguns milhares de séculos, até que tudo se perdeu, ou quase tudo, naquela célebre fase da inquisição, que houve um dia, não se sabe se foi a MARIA, MÃE de JESUS, ou a MARIA MADALENA, ex -prostituta de JESUS; mas houve um dia que uma delas ou as duas, confundiram JESUS, o FILHO de DEUS, com um tal santo, que ainda não era santo, mas que já sabia que ia ser santo e tudo, de nome João Baptista, mais conhecido pelo João sem Cabeça. Algumas histórias de terror foram inspiradas neste santo. Ainda agora recentemente Sweeney Todd.
Mas como EU ia a dizer, JESUS por ser o FILHO de DEUS era a criança mais LINDA, o adolescente mais BELO e o adulto mais PERFEITO. Quando ELE falava, tudo em seu redor ficava dourado, e nem eram efeitos especiais nem nada porque na altura ainda nem sequer existia o cinema, quanto mais os efeitos especiais que só apareceram depois. Homens e mulheres, pobres (esta parte é muito importante, tomem atenção) maravilhavam-se a ouvi-lo falar. E depois quando os pobres estavam cheios de fome e cheios de sede, JESUS, na sua imensa bondade, condoeu-se e, olhando o Céu profundamente, multiplicou uma pequena meia dúzia de pães secos em milhares e suculentos pães de Mafra (razão pela qual mais tarde surgiu o convento de Mafra – tudo está interligado, daí a maravilha de DEUS); e transformou várias garrafitas de água do Luso em vinho, mas não num vinho qualquer, antes sim Hermitage La Chapelle, que eles eram pobres mas tinham paladar e gostavam também do bom e do melhor. Já me perguntaram algumas vezes, nesta minha epopeica digressão pela transmissão da palavra de JESUS, claro que sempre pessoas de menor visão, porque é verdade que visão, tenha uma, mas há sempre umas melhor que outras, por que motivo transformou JESUS a água em vinho. Naquela época, como agora, os pobres morriam muito de ataques cardíacos, e JESUS pensou não só em tirar a sede aos pobres como também reforçar-lhes o coração. A vida era muito dura, eles, os pobre, não tinham onde tomar banho, cheiravam mesmo muito mal, e então da boca (é verdade que continuam a cheirar, mas agora às vezes lá vão ao dentista), e o vinho sempre lhes alegrava um pouco a vida e tirava-lhes o olfato. Por outro lado, está provado que o vinho redobra a atenção e potência a inteligência, por isso é que agora surgem aquelas leis que nos impedem de beber quando conduzimos, tá claro, toda a gente precisa de carro, mas se não pode beber se for conduzir, logo não bebe, e se não bebe fica bem mais burra. Só mesmo os muito mas muito pobres, tão pobres que nem sequer têm carro, são os privilegiados de JESUS. Tal qual como antigamente. Bebem o vinho de JESUS, da melhor casta.
Mas JESUS pela vida fora continuou a sua preocupação com os pobres, os pobres eram os menininhos DELE, a SUA alegria. Sempre que estava perto dum garoto todo sujo, desnutrido, JESUS ainda ficava mais BELO e a SUA voz era toda DOCURA.
Esta sua preferência pelos pobres foi sempre mantida pelos seus Seguidores. Tal qual o bom gosto pelas coisas caras. O senhor da vestimenta branca só calça PRADA e antes dele todos os outros também tiveram as suas preferências. O bom gosto, caro claro, e os pobres. Tão bonitos naquela sua expressão sincera de pobres. Maravilhosos.
E, como ia dizendo, na sua curta vida de 33 anos, JESUS, o FILHO de DEUS (ainda não se tinham esquecido, pois não?!!!) foi fazendo milagres atrás de milagres sempre a ajudar os pobrezinhos. Eram os paralíticos, os cegos, os surdos, os gagos, os da mão ressequida, os endemoninhados, as restaurações de orelhas e até a inaudita travessia sobre a água. Tanto milagre para um só JOVEM e BELO e BRANCO e MÁSCULO. Impressionante. Depois um dia teve a última ceia. Todos nós, um dia, também, assim de repente, sempre de repente, o último repasto. ELE, FILHO (de quem???) de DEUS sabia que era a última refeição e amigo do seu amigo convidou aqueles que lhe eram mais próximos (não foi nada a mãe, a coitada da Maria já estava velha para aquelas guloseimas, aquilo era vinho e comida que nunca mais acabava; não, também não foi a Madalena, com a idade estava a perder a firmeza das mamas e não tinha conversa filosófica), isto é, os apóstolos, os doze rapagões, inteligentes, viris e fieis ao seu JESUS. Foi um jantar que ficou para a história. Fizeram tanto mas tanto barulho, divertiram-se tanto mas tanto que os vizinhos já fartos daquela rapaziada que não trabalhava e que não respeitava os que trabalhavam e tinham que acordar antes do nascer do sol para chegar a horas ao trabalho sob pena de despedimento sem indemnização, chamaram os romanos, os senhores que mandavam naquilo. Os romanos estavam cansados, a noite para eles também tinha sido longa, e não queriam saber de uns judeus rufiões que se divertiam uns com uns outros sem nunca quererem as mulheres por perto, eles romanos, não conseguiam perceber isso, pois farra sem uvas e sem mulheres não era farra. Mas como os chatos dos judeus velhos, e vizinhos do JESUS e dos Apóstolos, não paravam de enviar mensageiros, contrariados lá foram até à última ceia, preparando-se para jorrar sangue. Ao ouvirem as botas militares, os Apóstolos fugiram todos, abandonando JESUS, o FILHO de DEUS, caído num canto pois bebera muito do vinho que fabricara.
E, assim, JESUS o FILHO de DEUS, foi preso e torturado como vocês já sabem e EU estou demasiado cansada para vos explicar. Veio a cruz, os pregos (parece que Garcia), o choro das mulheres aos pés de JESUS, a morte, a ressurreição, o espanto, MAS ÉS TU JESUS???, o palerma do Tomé (que não era o meu gato) que só acreditou depois de ver, e mais blá, blá, blá, blá...
Se querem mesmo saber tudo vão ler a bíblia e não me chateiem. Estou cansada, cheia de sono e já passou largamente da hora de past..., perdão, de postar.
Olhem, vão mas é à missa, está bem.
Beijinhos.
Fiquem com DEUS, ou melhor, com a SANTÍSSIMA TRINDADE que levam o pacote todo.
sábado, 25 de abril de 2009
Ainda o absurdo e o quotidiano e Abril

Abril não deixa de nos surpreender.
Não, não foram só os cravos vermelhos nas espingardas silenciosas e as chaimites (o que eu gosto desta palavra!) adormecidas, arrastando-se pelas ruas no meio do povo...há mais!
Actualmente Abril assumiu alguns contornos de "absurdo no quotidiano" (como diria a Mosca e, ao contrário do quico, que nunca incomodou ninguém...).
Para quem não tem memória para estas coisas de somenos, reproduzo aqui parte das "façanhas" do camarada Otelo Saraiva de Carvalho, com o alto patrocínio da wikipedia:
"Em 1985, tendo sido julgado e condenado em tribunal, foi preso pelo seu papel na liderança das FP-25 de Abril, responsáveis pelo assassinato de 17 pessoas nos anos 80.
Em 1996 a Assembleia da República aprovou o indulto, seguido de uma amnistia para os presos do Caso FP-25."
Sem dúvida uma personalidade de referência na história de Portugal, um exemplo para as gerações vindouras, uma vida dedicada a honrar a pátria...Enfim, um cadastro ensopado em sangue, capaz de fazer corar muitos dos nossos criminosos (que também têm a sua honra, ora essa!).
Mas eis que leio no jornal que "O Governo aprovou a promoção de Otelo Saraiva Carvalho ao abrigo da lei 43/99, que estipula a reconstituição de carreiras cuja progressão foi prejudicada pelo 25 de Abril (...).
O processo da promoção foi aprovado esta semana, pelos ministérios da Defesa e Finanças (...).
Face a esta promoção, Otelo Saraiva de Carvalho vai receber uma indemnização de cerca de 49.800 euros, em conformidade com o artigo 4 do Decreto-Lei 197/2000". e não percebo...
Não percebo porque é que não estamos todos na rua a partir tudo, a deitar fogo ao despacho ministerial, ao indulto de 1996 e a exigir a prisão imediata de Otelo.
Não percebo como é que o jornalista que entrevista Otelo na TV não lhe parte a câmara na cabeça ou, pelo menos, não lhe atira com um sapato, quando o homem tem a distinta lata de se achar injustiçado com o montante da indeminização.
É o "absurdo que invade o quotidiano". É Abril que perdeu a capacidade de se indignar.
Alcides, volta! Larga o táxi. Vem reclamar a tua indemnização. Afinal só mataste um padre e nunca foste condenado!
Mas não vos quero maçar. Não hoje no dia da manif das chaimites e deixo-vos com esta musiquinha. Não sei porquê, fez-me lembrar a nossa petit coreografia do Grândola de ontem e vem na onda da Mosca. Enjoy!
UM OUTRO ABRIL....ou um recomeço depois do adeus
Quantos e quantos dias não ficaram sós depois daquele primeiro encontro, na escola onde naquele Abril, já distante, se conheceram?
Nesse dia, ele ofereceu-lhe um cravo vermelho e perguntou-lhe o nome:
- Liberdade! - respondeu sorrindo.
Naquele ano, o mês de Julho chegou mais depressa do que o habitual e as férias, antes ansiosamente esperadas, quebraram, repentinamente, a magia dos dias reinventados nos intervalos da monotonia das aulas...
Despediram-se entre lágrimas e promessas de amor eterno...feitas com a facilidade que só a adolescência permite...
Nessas férias ele recusou-se a ir à praia e ela definhou em casa recusando sistemáticamente as bolas de Berlim, o seu doce favorito....
Reencontraram-se, por acaso, 20 anos volvidos, em Abril....na sala de cinema onde iam ver « Um amor de perdição »...
Não o fora o deles noutros tempos?
Concluiram que não, ao verem o Simão esvair-se numa poça de sangue...
Quando o filme acabou ainda cruzaram os olhares e pensaram trocar os números dos seus telemóveis.... mas temeram fazê-lo e seguiram cada um o seu caminho fingindo já não serem capazes de sentir com a simplicidade com que antes o haviam feito....
Ele ainda quis olhar para trás mas não ousou fazê-lo....
Ela fingiu que já não reconhecia o seu cheiro, para sempre guardado na sua memória...
Julgaram ambos ser demasiado tarde para fazer renascer um sentimento, ou arriscar demonstrar que o sentiam... e seguiram por caminhos paralelos... ouvindo ambos a mesma canção.... « Quis saber quem sou, o que faço aqui, quem me abandonou, de quem ... »
de quem não me consegui esquecer......
Talvez amanhã... talvez não seja demasiado tarde.....
sexta-feira, 24 de abril de 2009
para ti cara bonita não tenho por quem a mande
«Algumas cartas de Marianna foram parar
a destinatários diferentes
por cansaço dos carteiros
e Marianna soube disso
ela andava pelos corredores do metro
a abordar senhores
desculpe não foi a si
que eu escrevi
comove-me tanto?
e os senhores apavorados
davam-lhe vinte e cinco escudos
a correr
e ela comprava mais selos
e ela comprava mais selos
não sei se é a si que estou a escrever
não me lembro das suas mãos bem
ontem no metro julguei reconhecê-lo
mas foi mais um terrível engano
mais tarde ou mais cedo todas as cartas
lhe serão devolvidas hermeticamente
fechadas
minha senhora o seu amante
não se encontrou nesta morada.»
A. Lopes "ad nauseum"
(Nota para a pespineta: olha um exemplo vivo do absurdo a visitar o quotidiano!! também eu sou dada a quicos)
a destinatários diferentes
por cansaço dos carteiros
e Marianna soube disso
ela andava pelos corredores do metro
a abordar senhores
desculpe não foi a si
que eu escrevi
comove-me tanto?
e os senhores apavorados
davam-lhe vinte e cinco escudos
a correr
e ela comprava mais selos
e ela comprava mais selos
não sei se é a si que estou a escrever
não me lembro das suas mãos bem
ontem no metro julguei reconhecê-lo
mas foi mais um terrível engano
mais tarde ou mais cedo todas as cartas
lhe serão devolvidas hermeticamente
fechadas
minha senhora o seu amante
não se encontrou nesta morada.»
A. Lopes "ad nauseum"
(Nota para a pespineta: olha um exemplo vivo do absurdo a visitar o quotidiano!! também eu sou dada a quicos)
o texto é da responsabilidade do seu autor e não veicula as opiniões do blog nem as dos seus seguidores
Em numerosos países, e em Portugal sem dúvida, a noção, o espírito, a finalidade dos partidos corromperam-se e as agremiações partidárias converteram-se em clientelas, sucessiva ou conjuntamente alimentadas pelo Tesouro.
Findo o período romântico, ou até antes disso, que se segue às revoluções ditas liberais do começo do século XIX e em que os debates parlamentares revelam com erudição e eloquência preferência pelas grandes teses da filosofia política e as grandes aspirações nacionais, a realização partidarista começou de envilecer-se.
Duvido se alguma vez representou o que se esperava; a vida partidária tem seus altos e baixos, mas deixa de corresponder aos interesses políticos e distancia-se cada vez mais do interesse nacional.
A fusão ou desagregação de partidos, as combinações políticas são fruto de conflitos e de paixões, compromissos entre facções concorrentes, mas nada têm que ver com o País e os seus problemas.
Aqui e além tenta-se regularmente, moralizar, constitucionalizar a vida partidária.
Tudo embalde.
Um partido, vários partidos dispõem do poder – são governo; mas não se encontra, como poderia supor-se, relação concreta nem entre os actos de governo e os programas partidários nem entre os programas e as exigências da Nação.
O espírito de partido corrompe ou desvirtua o poder, deforma a visão dos problemas do governo, sacrifica a ordem natural das soluções, sobrepõe-se ao interesse nacional, dificulta, senão impede completamente, a utilização dos valores nacionais para o bem comum.
É natural que alguns homens educados para a luta puramente política, as especulações demagógicas, as exaltações emocionais das massas populares, e por esse motivo propensos a reduzir a vida da Nação à agitação própria e das forças partidárias que lhes restam, não tenham revelado compreensão nem dado mostras de adaptar-se.
Mas a Nação que faz livremente a vida que quer, a Nação viva e real, essa, comparando passado e presente, olha com certa desconfiança o zelo destes apóstolos da liberdade.
Findo o período romântico, ou até antes disso, que se segue às revoluções ditas liberais do começo do século XIX e em que os debates parlamentares revelam com erudição e eloquência preferência pelas grandes teses da filosofia política e as grandes aspirações nacionais, a realização partidarista começou de envilecer-se.
Duvido se alguma vez representou o que se esperava; a vida partidária tem seus altos e baixos, mas deixa de corresponder aos interesses políticos e distancia-se cada vez mais do interesse nacional.
A fusão ou desagregação de partidos, as combinações políticas são fruto de conflitos e de paixões, compromissos entre facções concorrentes, mas nada têm que ver com o País e os seus problemas.
Aqui e além tenta-se regularmente, moralizar, constitucionalizar a vida partidária.
Tudo embalde.
Um partido, vários partidos dispõem do poder – são governo; mas não se encontra, como poderia supor-se, relação concreta nem entre os actos de governo e os programas partidários nem entre os programas e as exigências da Nação.
O espírito de partido corrompe ou desvirtua o poder, deforma a visão dos problemas do governo, sacrifica a ordem natural das soluções, sobrepõe-se ao interesse nacional, dificulta, senão impede completamente, a utilização dos valores nacionais para o bem comum.
É natural que alguns homens educados para a luta puramente política, as especulações demagógicas, as exaltações emocionais das massas populares, e por esse motivo propensos a reduzir a vida da Nação à agitação própria e das forças partidárias que lhes restam, não tenham revelado compreensão nem dado mostras de adaptar-se.
Mas a Nação que faz livremente a vida que quer, a Nação viva e real, essa, comparando passado e presente, olha com certa desconfiança o zelo destes apóstolos da liberdade.
quinta-feira, 23 de abril de 2009
25+ 25 anos após a morte do Ary dos Santos
era, pois, mais uma vez para estar calada e ,aqui e agora, a trabalhar. mas hoje faz 25 anos que morreu o ary dos santos. singela homenagem aqui se impunha fazer. ora, como vêem a selecção não caíu no óbvio lugar do panfletário (com algum esforço, é certo, ai, ai, estamos em festa, ou não???). para além do mais, serve o vídeo para as meninas se prepararem para a consoada de amanhã porque estou em crer que haverá um belo rapaz (ai térese, térese) que acabará por declamar o «poeta castrado, não!»
saindo do quarto das danças
era para estar aqui mais quietita. mas não resisto a partilhar mais este vídeo. para os meus babes moscardos, para os vosso babes. para que não se deixem nunca ficar pelos quartos das danças lúgubres, deixando a fúria crescer e a clamar por vingança. as vozes fizeram-se para serem ouvidas nas ruas sempre que tal for necessário, nos entretantos, que as saibam utilizar para dizer, se possível, palavras de amor.
com este redondo vocábulo vou-me!
o velho do quico

o velho tinha um aspecto bizarro. o cabelo muito curto, quase rapado, enfeitado por um gorro de renda que lhe fizera a mulher, a lembrar os quicos judeus. possuía uma reserva de dezenas de quicos daqueles nas gavetas da cómoda do quarto, e alternava o seu uso por caprichos climatéricos ou de humor nunca revelados . o nariz generosamente largo encimado por uns óculos de metal redondos que emolduravam uns olhos negros perscrutadores. as mãos calmas, mais tarde recordadas numa pose de imobilidade serena sobre joelhos fortes. a criança, uma rapariguita de para aí uns oito anos, escutava-o atenta e respeitadora. a voz do avô era o que de mais parecido conhecia como a voz do que imaginava ser a voz de um mestre.aprendera a admirá-lo, não por qualquer imposição familiar, mas por hábito adquirido nos demorados dias de verão em que desfiavam conversas ao mesmo tempo que descascavam ervilhas, apanhavam frutas ou erva para dar à criação. o velho, mestre estucador dono de uma pequena empresa de construção já reformado, entretinha-se, nos intervalos dos rituais do campo, a fazer umas esculturas de uma espécie de anjos e seres fantásticos meios-animais, meios-humanos. a criança observava-o, curiosa e deslumbrada por ver nascer das mãos do velho as estranhas criaturas geradas na sua extravagante cabeça com quico. aprendia com ele as misturas com que se faziam as cores com pigmentos naturais que depois eram juntos à cal já fervida em bidons mágicos a que só o velho tinha serventia com um grande pau de madeira que mexia vigoroso. disse-lhe do índigo, da magenta, do ocre, do azul cião, e de outras cores que não cabiam na paleta primária da escola . as cores meticulosamente ordenadas em frascos na oficina, com umas etiquetas a lembrar as dos remédios antigos nas farmácias, eram um convite constante a um holi geograficamente deslocado e extemporâneo na curta história de viagens da rapariga. às vezes o velho deixava-a preencher os moldes de pedra com a mistura da cal e pigmentos de cor e a criança sorria com orgulho por se saber merecedora da confiança do avô. o velho tinha a mania dos versos. escrevinhava, tardes a fio, com uma letra excessivamente desenhada nuns cadernos de capas duras que guardava, depois, num cofre de madeira negra cheio de segredos. a criança assistia em silêncio. lia poemas à criança. ela escutava-o. falava-lhe tardes inteiras em rima, à espera que a menina aprendesse o código e entrasse no jogo até ao dia em que se apercebeu que a criança não tinha o dom. outras vezes, mais apaziguadoras para a criança que sabia nada mais lhe ser cobrado para além da atenção de ouvinte, contava-lhe histórias sem rimas. as histórias acabavam quase sempre com uma moral qualquer que ele lhe explicava, depois, pausada e demoradamente e que, as mais das vezes, escapava por completo à compreensão da rapariga. foi numa dessas tardes de verão que o velho lhe contou a história sem moral.
era ele ainda um rapaz, quando foi recrutado para o serviço militar. como só tinha a quarta classe restava-lhe ser um soldado cumpridor. ataviado na farda cinzenta de sarja e com o passo seguro e confortável proporcionado pelas botas pretas que acariciavam de couro os pés calejados de tanto calcorrearem descalços, o mancebo segurava firme na mão a guia de marcha para a figueira da foz quando chegou à estação de comboio da cidade de coimbra. o papelito trazia-lhe a oportunidade de viajar, pela primeira vez, de comboio. seguiu aos solavancos pela linha do baixo-mondego até à cidade costeira, a cerca de 30 e poucos km da aldeia onde tinha nascido. sabia que na terra do quartel haveria o mar. lera sobre o mar. lera muito sobre o mar. sobre a imensidão poderosa do seu azul. a ideia do mar inundou-lhe os pensamentos durante toda a viagem. seguia na companhia de muitos outros jovens homens que falavam alto com uma alegria infantil estridente. a grande maioria era analfabeta e os que não o eram pouco mais sabiam que desenhar com esforço o seu próprio e curto nome. não prestava atenção às conversas dos camaradas, submerso que estava na obsessiva ideia do mar. ao chegarem ao destino, mal saíram da estação, os homens-criança atordoaram-se com o cheiro a maresia. correram loucos para o areal e despiram atabalhoadamente as fardas contra todo o decoro bélico do recém-adquirido estatuto. num instinto primário de animal libertado dum cativeiro prolongado de ignorância rolavam-se à beira-mar, como cães, brincando com a espuma da rebentação. o jovem mancebo e velho avó contador de histórias que sonhara o mar quedou-se no paradão de cimento, imobilizado pela beleza e pelo poder daquela água sem fim. ficou ali estancado. paralizado pela vergonha de nada saber, de nada conhecer até àquele dia. deixou-se submergir por dentro por uma catadupa de lágrimas a que mais nenhum orgulho poderia servir de dique. os dentes cerraram-se de raiva e uma força cresceu-lhe nos dedos que se fecharam num novelo de nervos e ossos. à criança não lhe foi dada qualquer explicação póstuma para a história do avó recruta que viu o mar pela primeira vez. o velho deu-lhe a mão e conduziu-a com a lentidão das recordações até ao quarto onde lhe apontou, por cima da cabeceira da cama, o medalhão de prata com o desenho de umas letra a vermelho e o baixo-relevo de um punho erguido e uma mão fechada em novelo. a miúda, anos depois, pensou ter compreendido, naquele momento, a razão de ser para a ausência, na casa dos avós, da cruz de madeira com o rapaz bonito e de olhos tristes preso por uns pregos que via nas outras casas da aldeia.
era ele ainda um rapaz, quando foi recrutado para o serviço militar. como só tinha a quarta classe restava-lhe ser um soldado cumpridor. ataviado na farda cinzenta de sarja e com o passo seguro e confortável proporcionado pelas botas pretas que acariciavam de couro os pés calejados de tanto calcorrearem descalços, o mancebo segurava firme na mão a guia de marcha para a figueira da foz quando chegou à estação de comboio da cidade de coimbra. o papelito trazia-lhe a oportunidade de viajar, pela primeira vez, de comboio. seguiu aos solavancos pela linha do baixo-mondego até à cidade costeira, a cerca de 30 e poucos km da aldeia onde tinha nascido. sabia que na terra do quartel haveria o mar. lera sobre o mar. lera muito sobre o mar. sobre a imensidão poderosa do seu azul. a ideia do mar inundou-lhe os pensamentos durante toda a viagem. seguia na companhia de muitos outros jovens homens que falavam alto com uma alegria infantil estridente. a grande maioria era analfabeta e os que não o eram pouco mais sabiam que desenhar com esforço o seu próprio e curto nome. não prestava atenção às conversas dos camaradas, submerso que estava na obsessiva ideia do mar. ao chegarem ao destino, mal saíram da estação, os homens-criança atordoaram-se com o cheiro a maresia. correram loucos para o areal e despiram atabalhoadamente as fardas contra todo o decoro bélico do recém-adquirido estatuto. num instinto primário de animal libertado dum cativeiro prolongado de ignorância rolavam-se à beira-mar, como cães, brincando com a espuma da rebentação. o jovem mancebo e velho avó contador de histórias que sonhara o mar quedou-se no paradão de cimento, imobilizado pela beleza e pelo poder daquela água sem fim. ficou ali estancado. paralizado pela vergonha de nada saber, de nada conhecer até àquele dia. deixou-se submergir por dentro por uma catadupa de lágrimas a que mais nenhum orgulho poderia servir de dique. os dentes cerraram-se de raiva e uma força cresceu-lhe nos dedos que se fecharam num novelo de nervos e ossos. à criança não lhe foi dada qualquer explicação póstuma para a história do avó recruta que viu o mar pela primeira vez. o velho deu-lhe a mão e conduziu-a com a lentidão das recordações até ao quarto onde lhe apontou, por cima da cabeceira da cama, o medalhão de prata com o desenho de umas letra a vermelho e o baixo-relevo de um punho erguido e uma mão fechada em novelo. a miúda, anos depois, pensou ter compreendido, naquele momento, a razão de ser para a ausência, na casa dos avós, da cruz de madeira com o rapaz bonito e de olhos tristes preso por uns pregos que via nas outras casas da aldeia.
( a versão pretendida era a original do sérgio, mas parece não estar no youtube)
terça-feira, 21 de abril de 2009
DESLIZES



Hoje no estaminé para onde me dirijo diáriamente à espera do dia 21 houve mudanças, daquelas à séria, que nos levam a rever toda a papelada que durante anos fomos acumulando... e o cotão que no mesmo periodo se foi aninhando por detrás dos móveis...
Já de novo instalada, entendi a razão pela qual a minha alergia piora todas as manhãs, na luta diária com o pó que foi ganhando lugar cativo no meu escritório e na minha vida, como se os aspiradores ou afins fossem máquinas completamente desconhecidas dos « senhores » para quem trabalho....
Foi um dia interessante o de hoje.. o pó, as tomadas colocadas no meio das paredes a fazerem parecer os fios eléctrios e do material informático pequenas estalaguetites e a tolherem-nos os movimentos, como se já não bastassem outras tentativas externas...
Quando, finalmente, conseguira dar ao meu escritório um aspecto limpo, normal e habitável, agradável até ... eis que ao pregar na parede uns amigos do Sócrates ( perdão do senhorio ) duas unhas cansadas de tanta agitação manual não resistiram e levaram-me a recorrer, à pressa, aos serviços da moça brasileira, que inesperadamente, por força de uma história de amor, substituiu a russa, que já era quase minha amiga, e que foi viver, por conta de um toureiro espanhol, para Madrid, na tarefa de transformar em, quase perfeitas, umas modestas unhas pouco dotadas pela natureza.. ( afinal todas temos os nossos pontos fracos )...
No dia prosaico, banal, quase rotineiro, não fora o convivio forçado e revelador com o lixo acumulado sob os móveis, pelo menos há 5 anos, esperava-me um desfecho ainda mais revelador..
Quando cheguei à baiuca das unhas, a brasileira chorava compulsivamente, e a patroa... moça jornalista free lancer, que entre as entrevistas aos actores da moda e aos politicos, gere as estrangeiras ilegais no negócio das nails...tentava, em vão, que a policia chegasse antes que o Manecas desse de frosques....
O Manecas cansado de tanto descanso, à sombra dos chaparros e das azinheiras, sonhou um dia, à hora da sesta, que se tinha estabelecido em Lisboa, e não foi de modas, na mesma tarde, ao acordar, deixou a Vidigueira e veio estabelecer-se no Saldanha...
Desde então, foi ver as madames e as rapariguinhas dos shoppings e dos escritórios das imediações, renderem-se à tarefa rotineira de lhe entregarem todas as manhãs, a troco, primeiro de 50 cêntimos, que a inflação transformou depois em 1€ e sucessivamente em 2€, as chaves dos respectivos automóveis, para que, ao ver aproximar-se o fiscal da EMEL, colocasse dentro de cada veículo, um impresso com a tarifa minima do parquimetro.
As três chaves iniciais transformaram-se em 10, 15, 20... o negócio foi florescendo e o Manecas deixou de ter mãos a medir para tanta chave, tanto parquimetro, tanto talão... e ainda para a garrafa de tintol que passou a ser sua companheira na monotonia dos dias iguais e rotineiros...
Farto da rotina e da confiança das suas clientes, que nunca puseram em duvida o seu zelo, o seu préstimo e a sua eficiência, o Manecas sonhou hoje, depois da sandocha com torresmos e da garrafa de tintol, que conduzia veloz o carro novinho em folha comprado pela brasileira das nails, há meia duzia de dias, e não foi de modas, resolveu tornar o sonho realidade, olvidando, na ânsia de o pôr em prática, que não tinha carta de condução...
Descobriu a chave, entre as 20 ou 30 que tinha, divididas entre as mãos e os bolsos das calças... e se melhor o sonhou, melhor o fez, deslizou, veloz, pela Fontes Pereira de Melo, arrastando consigo quatro carrinhos que se encontravam, despropositadamente, estacionados a dificultar o andamento dos menos incautos...
Pasmou depois com a fragilidade dos materiais que hoje se usam na constução dos veículos... quando deparou com os estragos, ao sair, ileso, do veículo que conduzia...
A custo, conseguiu manter-se de pé e tentou encetar a fuga, mas baralhou-se quando viu perante si, a Fontes Pereira de Melo enevoada e fraguementada em duas, e foi agarrado, enquanto escolhia a rua que devia seguir, pelos populares....
- Lamentamos sotora Belinha, mas hoje não vai ser possivel - desculpou-se a jornalista enquanto limpava as lágrimas da brasileira que estava inconsolável- era um rapaz tão competente e em quem depositávamos tanta confiança - estava sempre bêbado e não tinha carta de condução, mas parecia ser tão bom rapaz.... e sempre poupávamos mais de 200€ por mês....
Voltei para casa com as duas unhas partidas, o pó entranhado na garganta e a cabeça a latejar....
Dei graças quando me estiquei no sofá, sem a estética manual pretendida, mas finalmente descansada e a salvo de mais confusões....
Já estava quase a dormir quando a brasileira das nails me telefonou:
- Cê pode vir amanhã fazer as unhas sotora Belinha?- Já está tudo resolvido.. prenderam ele, o Manecas, o cara para além de não saber dirigir tinha sangue no alcool, é assim que se diz, né? - E agora cê me diz, a quem é que eu vou passar a entregar a chave?
to my "girls", specially for belinha
«Is it much to admit I need
A solid soul and the blood I bleed
With a little girl, and by my spouse
I only want a proper house
I don't care for fancy things
Or to take part in a precious race
And children cry for the one who has
A real big heart and a father's grace
I don't mean to seem
like I care about material things
like a social status
I just want four walls
and adobe slabs for my girls »
A solid soul and the blood I bleed
With a little girl, and by my spouse
I only want a proper house
I don't care for fancy things
Or to take part in a precious race
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segunda-feira, 20 de abril de 2009
Tarifa 1
Aqui há dias, a Mosca e eu apanhamos um táxi, já muito rente à madrugada.
Íamos a falar da guerra, ao que parece, taxista incluído, pelo que me é dado lembrar.
A Mosca saiu a voar para casa e continuei eu a viagem, até à minha.
Pagamento já feito, o taxista teimava em assinalar que pertencera a forças especiais durante a nossa guerra, teima que só terminou quando se certificou que eu percebera que todas as suas missões eram secretas e do género violadoras da convenção de genebra.
A seguir queixou-se do 25 de Abril e a um sinal meu para terminarmos a conversa fraternalmente disse: o Salazar era um frouxo. Eh lá, pensei eu, e sorri.
Começou então um discurso que só por uma vez eu tivera oportunidade de escutar ao vivo.
Disse-lhe que a direita dele não era a minha.
Ele tirou os óculos, virou-se para trás e disse: sabe quem eu sou? Sou o Alcides.
E eu: desculpe, mas não sei quem é.
E ele: o do Padre Max.
Eh lá, pensei eu, mas agora já não sorria.
Saí cordialmente (ele engraçou comigo, não obstante) e fui para casa a pensar que tinha de ir ao Google.
Só fui hoje.
Deixo-vos o resultado.
Tenho uma verdadeira preocupação na cabeça.
E se em vez do um-quarto de compincha que sou eu, lhe tivesse calhado a nossa Revolucionária Mosca na viagem final, que raramente cala o que tem de calar?
Há dois anos, e 30 anos depois, o assassinato do padre Max foi recordado no Porto numa iniciativa do Bloco de Esquerda.
O advogado Mário Brochado Coelho reafirmou aí o que vem dizendo há anos: ‘‘Sabe-se quem matou, como matou e ao mando de quem’’. Mas, apesar disso, ninguém foi condenado.
Recordemos uma vez mais o filme dos acontecimentos, reconstituído ao mais pequeno pormenor e reconhecido inclusive na acusação do Ministério Público.
Íamos a falar da guerra, ao que parece, taxista incluído, pelo que me é dado lembrar.
A Mosca saiu a voar para casa e continuei eu a viagem, até à minha.
Pagamento já feito, o taxista teimava em assinalar que pertencera a forças especiais durante a nossa guerra, teima que só terminou quando se certificou que eu percebera que todas as suas missões eram secretas e do género violadoras da convenção de genebra.
A seguir queixou-se do 25 de Abril e a um sinal meu para terminarmos a conversa fraternalmente disse: o Salazar era um frouxo. Eh lá, pensei eu, e sorri.
Começou então um discurso que só por uma vez eu tivera oportunidade de escutar ao vivo.
Disse-lhe que a direita dele não era a minha.
Ele tirou os óculos, virou-se para trás e disse: sabe quem eu sou? Sou o Alcides.
E eu: desculpe, mas não sei quem é.
E ele: o do Padre Max.
Eh lá, pensei eu, mas agora já não sorria.
Saí cordialmente (ele engraçou comigo, não obstante) e fui para casa a pensar que tinha de ir ao Google.
Só fui hoje.
Deixo-vos o resultado.
Tenho uma verdadeira preocupação na cabeça.
E se em vez do um-quarto de compincha que sou eu, lhe tivesse calhado a nossa Revolucionária Mosca na viagem final, que raramente cala o que tem de calar?
Há dois anos, e 30 anos depois, o assassinato do padre Max foi recordado no Porto numa iniciativa do Bloco de Esquerda.
O advogado Mário Brochado Coelho reafirmou aí o que vem dizendo há anos: ‘‘Sabe-se quem matou, como matou e ao mando de quem’’. Mas, apesar disso, ninguém foi condenado.
Recordemos uma vez mais o filme dos acontecimentos, reconstituído ao mais pequeno pormenor e reconhecido inclusive na acusação do Ministério Público.
Em inícios de 1976, o anúncio da candidatura do padre Maximino de Sousa numa lista da UDP por Vila Real causa furor nos meios da direita. Passavam poucos meses do golpe militar de 25 de Novembro e o grupo fascista MDLP, chefiado pelo marechal António de Spínola (à época foragido em Madrid) decide agir.
O oficial da Força Aérea José Canto e Castro, então conselheiro da Revolução, compra em Londres uma bomba, que é entregue a Rui Castro Lopo, director de um jornal de Chaves.
Este, por sua vez, passa-a aos operacionais: Valter dos Santos, funcionário do município de Valpaços, antigo oficial do Exército, conhecedor de explosivos, Alfredo Vitorino, electricista, Carlos Paixão, engenheiro electromecânico, e Alcides Pereira, motorista.
Colocada no carro do padre Max, a bomba foi detonada por controlo remoto, no dia 2 de Abril, quando este saía de casa: Maximino de Sousa e uma estudante que o acompanhava, Maria de Lurdes Costa, ficam desfeitos na explosão.
Foram formalmente identificados como inspiradores e organizadores do atentado o comandante Alpoim Calvão, o chefe da PSP Mota Freitas (já falecido) e o cónego Eduardo Melo Peixoto, de Braga. Os interesses em jogo eram contudo muito poderosos.
Para impedir que a trama fosse publicamente reconhecida, um dos cúmplices que ameaçava falar, Ferreira Torres, foi assassinado numa estrada.
Três vezes mandado encerrar “por falta de provas" e três vezes reaberto devido à resistência tenaz de Mário Brochado Coelho, o processo foi-se arrastando através de recursos e manobras dilatórias, até acabar por prescrever e ser encerrado de vez.
Compromissos secretos mantêm impunes os assassinos do padre Max.
domingo, 19 de abril de 2009
O PAI
É HOJE!!! QUE EXCITAÇÃO!!!!
Lembram-se a que horas é????
Como ousaste esquecer!!! É entre as 22H00 e as 23H00. Meu Deus, não sei se aguento!!!!
Pois é, meus muito queridos leitores, aqui estou EU de volta, tal qual prometi. DOMINGO, entre as 22H00 e as 23H00.
Apesar da vontade em estar mais tempo convosco, pois bem sei da vossa ansiedade, enquanto não alterar o prometido (uma vez por semana exactamente ao Domingo) não o posso fazer.
E, por isso, tende paciência, vos imploro, o contrato pode ser alterado desde que haja acordo entre as partes. Já entrei em negociações, tenho inclusive uma audiência agendada com um senhor muito importante que pediu sigilo absoluto. O assunto encontra-se bem encaminhado. Claro que tive alguma dificuldade em chegar ao tal senhor, mas um tio dele, muito simpático e acessível, conseguiu agendar esse encontro. Sinto-me profundamente reconhecida perante tanta prestabilidade desinteressada.
Aguardemos então.
Pensei muito sobre esta pastagem...
- PASTAGEM, mas será que TU não paras de cometer gaffes!!! Já não bastou o Global Position Systems!!!!
Mas, não compreendo, Eu quero pastar hoje...
- PASTAR?!?!?! Mas és alguma vaca ou quê?!?!
Não estás a perceber...
- tu é que não estás a perceber?? POSTAR... POSTAR... TU QUERES DIZER POSTAR!!!!
Ups!!!!
Bom, peço desculpa por este intróito, às vezes distraio-me, esta parte devia ter sido censurada....
Adiante.
Continuamos em época religiosa, pelo que, e apesar da Páscoa (embora pácoa fosse mais divertido e adequado) já se encontrar finda, este projecto, o da Santíssima Trindade, continua a roer-me por dentro, sobretudo na zona do estômago (nã será fome?) e, assim sendo, a inevitabilidade impõe-se.
Hoje é a vez do PAI.
Para os hereges, raça maldita, esse senhor é branco (de raça), velhinho (de idade), de barbas brancas e meio marado.
Para os Justos, aqueles que têm acesso ao PURGATÓRIO, PAI é DEUS nosso PAI (são um pouco repetitivos, é verdade, mas isso é por terem conhecimento que a população humana na sua maioria é bastante iletrada), isto é, PAI de TODOS, mas apenas são realmente seus FILHOS os Justos – aqueles que NELE acreditam -, o que faz todo o sentido, pois se não acreditam NELE, não transmitem a sua PALAVRA, por que carga de água teriam então direito ao CÉU?!!!!
O CÉU é a casa do SENHOR (o PAI, percebem?!) e só lá entram os FILHOS do SENHOR, ou seja, aqueles que ELE escolhe. O que faz todo o sentido, uma vez mais. Só para perceberem.... Vocês, cada um, a menos que sejam mesmo muito pobrezinhos, têm uma casita e nessa casita só entra (a não ser que seja um larápio) quem vocês escolhem, e, se vocês assim o entenderem, podem chamar (até que era muito católico) a quem vocês escolhem para entrar na vossa casita FILHOS.... já perceberam? Ok.
Passemos adiante...
Então o PAI estava muito sozinho na sua Casita (o CÉU) pois não conseguia que ninguém acreditasse NELE (naquela altura, estamos a falar num período muito complicado, não havia telefones, televisão, rádio, internet, enfim, um período em que era muito difícil difundir a PALAVRA do SENHOR) e apesar de ser ELE quem decidia o Destino da humanidade, estava a ter algumas dificuldades de comunicação.
Daquilo que sei, de ouvir dizer, apenas de ouvir dizer, ELE, na sua Casita, omnipresente e omnisciente, controlava os homens, e também as mulheres, saídas das costelas daqueles, através de uns longos e invisíveis fios. Acontece, porém, que - temos que perceber que tudo isto foi nos primórdios e que o próprio PAI ainda não tinha muita experiência -, por vezes, apesar de dar uma ordem ao fio, o homem (ou a mulher), cá em baixo, na terra, adoptava um comportamento diferente do ordenado. Eram muitos metros de fio e a sabedoria do controlo do fio só aconteceu passados muitos milhares de anos e depois os homens (e as mulheres) estavam sempre a reproduzir-se e o coitado do PAI já tinha tantos fios que se emaranhava TODO neles.
E, assim, sozinho e desalentado, o PAI decidiu ter um FILHO, não como os outros filhos, aqueles que NELE acreditavam, e que na altura quase não existiam, mas um FILHO, sangue do SEU sangue, parecido CONSIGO e capaz de O ajudar na árdua tarefa dos fios.
E foi assim que o FILHO, JESUS, nasceu, para ajudar o PAI.
É claro que DEUS PAI teve dificuldades em concretizar esta ideia do FILHO. Pois, como todos sabeis, não é fácil ter filhos, e quanto mais sábios (logo velhos) mais difícil é. E naquele tempo não havia tratamentos nem nada. Assim, DEUS, que nessa altura ainda não era verdadeiramente PAI, vivia atormentado com a ideia de não poder ser PAI.
E, na realidade, passados tantos séculos, não deixa de ser espantoso como ELE o conseguiu.
Sem forma humana, interrogava-se o velho DEUS, como poderei ser PAI?
O homem nascera à imagem e semelhança de DEUS, apesar DESTE não ter forma humana, nem ser o tal velhinho careca (careca?) e de barbas brancas. A mulher, por sua vez, nascera de uma costela do homem e agora homens e mulheres nasciam das mulheres. Como haveria, assim, de nascer o FILHO de DEUS. Como o primeiro homem, o Adão? A coisa não correra lá muito bem, pois o gajo até fora expulso e tudo do Paraíso. Claro que a culpa foi da Eva, a da sua costela, mas o Adão era algum parvo para se deixar assim levar por uma Eva?!!!
Talvez fosse melhor tentar outro método.
E foi assim que finalmente foi dada alguma tarefa ao Espírito Santo que até aí ninguém percebera para que é que servia.
O Espírito Santo, aquela LUZ DIVINA que a MARIA viu numa bela noite de luar, metamorfoseou-se em esperma, mas não num esperma qualquer, antes sim no esperma DELE, do PAI, e fecundou a MARIA, a VIRGEM MÃE, e assim nasceu o FILHO, do SANTO PAI.
A felicidade DELE (do PAI, claro) foi tão GRANDE, mas tão GRANDE, que festejou com a chacina de uns milhares de infiéis. É assim mesmo! Mostra-lhes como é!!! Se não obedecem aos fios, há que agir!!!
E deste modo acabou esta linha história.
Muito boa noite minhas muito queridas ovelhinhas.
Até ao próximo Domingo.
É HOJE!!! QUE EXCITAÇÃO!!!!
Lembram-se a que horas é????
Como ousaste esquecer!!! É entre as 22H00 e as 23H00. Meu Deus, não sei se aguento!!!!
Pois é, meus muito queridos leitores, aqui estou EU de volta, tal qual prometi. DOMINGO, entre as 22H00 e as 23H00.
Apesar da vontade em estar mais tempo convosco, pois bem sei da vossa ansiedade, enquanto não alterar o prometido (uma vez por semana exactamente ao Domingo) não o posso fazer.
E, por isso, tende paciência, vos imploro, o contrato pode ser alterado desde que haja acordo entre as partes. Já entrei em negociações, tenho inclusive uma audiência agendada com um senhor muito importante que pediu sigilo absoluto. O assunto encontra-se bem encaminhado. Claro que tive alguma dificuldade em chegar ao tal senhor, mas um tio dele, muito simpático e acessível, conseguiu agendar esse encontro. Sinto-me profundamente reconhecida perante tanta prestabilidade desinteressada.
Aguardemos então.
Pensei muito sobre esta pastagem...
- PASTAGEM, mas será que TU não paras de cometer gaffes!!! Já não bastou o Global Position Systems!!!!
Mas, não compreendo, Eu quero pastar hoje...
- PASTAR?!?!?! Mas és alguma vaca ou quê?!?!
Não estás a perceber...
- tu é que não estás a perceber?? POSTAR... POSTAR... TU QUERES DIZER POSTAR!!!!
Ups!!!!
Bom, peço desculpa por este intróito, às vezes distraio-me, esta parte devia ter sido censurada....
Adiante.
Continuamos em época religiosa, pelo que, e apesar da Páscoa (embora pácoa fosse mais divertido e adequado) já se encontrar finda, este projecto, o da Santíssima Trindade, continua a roer-me por dentro, sobretudo na zona do estômago (nã será fome?) e, assim sendo, a inevitabilidade impõe-se.
Hoje é a vez do PAI.
Para os hereges, raça maldita, esse senhor é branco (de raça), velhinho (de idade), de barbas brancas e meio marado.
Para os Justos, aqueles que têm acesso ao PURGATÓRIO, PAI é DEUS nosso PAI (são um pouco repetitivos, é verdade, mas isso é por terem conhecimento que a população humana na sua maioria é bastante iletrada), isto é, PAI de TODOS, mas apenas são realmente seus FILHOS os Justos – aqueles que NELE acreditam -, o que faz todo o sentido, pois se não acreditam NELE, não transmitem a sua PALAVRA, por que carga de água teriam então direito ao CÉU?!!!!
O CÉU é a casa do SENHOR (o PAI, percebem?!) e só lá entram os FILHOS do SENHOR, ou seja, aqueles que ELE escolhe. O que faz todo o sentido, uma vez mais. Só para perceberem.... Vocês, cada um, a menos que sejam mesmo muito pobrezinhos, têm uma casita e nessa casita só entra (a não ser que seja um larápio) quem vocês escolhem, e, se vocês assim o entenderem, podem chamar (até que era muito católico) a quem vocês escolhem para entrar na vossa casita FILHOS.... já perceberam? Ok.
Passemos adiante...
Então o PAI estava muito sozinho na sua Casita (o CÉU) pois não conseguia que ninguém acreditasse NELE (naquela altura, estamos a falar num período muito complicado, não havia telefones, televisão, rádio, internet, enfim, um período em que era muito difícil difundir a PALAVRA do SENHOR) e apesar de ser ELE quem decidia o Destino da humanidade, estava a ter algumas dificuldades de comunicação.
Daquilo que sei, de ouvir dizer, apenas de ouvir dizer, ELE, na sua Casita, omnipresente e omnisciente, controlava os homens, e também as mulheres, saídas das costelas daqueles, através de uns longos e invisíveis fios. Acontece, porém, que - temos que perceber que tudo isto foi nos primórdios e que o próprio PAI ainda não tinha muita experiência -, por vezes, apesar de dar uma ordem ao fio, o homem (ou a mulher), cá em baixo, na terra, adoptava um comportamento diferente do ordenado. Eram muitos metros de fio e a sabedoria do controlo do fio só aconteceu passados muitos milhares de anos e depois os homens (e as mulheres) estavam sempre a reproduzir-se e o coitado do PAI já tinha tantos fios que se emaranhava TODO neles.
E, assim, sozinho e desalentado, o PAI decidiu ter um FILHO, não como os outros filhos, aqueles que NELE acreditavam, e que na altura quase não existiam, mas um FILHO, sangue do SEU sangue, parecido CONSIGO e capaz de O ajudar na árdua tarefa dos fios.
E foi assim que o FILHO, JESUS, nasceu, para ajudar o PAI.
É claro que DEUS PAI teve dificuldades em concretizar esta ideia do FILHO. Pois, como todos sabeis, não é fácil ter filhos, e quanto mais sábios (logo velhos) mais difícil é. E naquele tempo não havia tratamentos nem nada. Assim, DEUS, que nessa altura ainda não era verdadeiramente PAI, vivia atormentado com a ideia de não poder ser PAI.
E, na realidade, passados tantos séculos, não deixa de ser espantoso como ELE o conseguiu.
Sem forma humana, interrogava-se o velho DEUS, como poderei ser PAI?
O homem nascera à imagem e semelhança de DEUS, apesar DESTE não ter forma humana, nem ser o tal velhinho careca (careca?) e de barbas brancas. A mulher, por sua vez, nascera de uma costela do homem e agora homens e mulheres nasciam das mulheres. Como haveria, assim, de nascer o FILHO de DEUS. Como o primeiro homem, o Adão? A coisa não correra lá muito bem, pois o gajo até fora expulso e tudo do Paraíso. Claro que a culpa foi da Eva, a da sua costela, mas o Adão era algum parvo para se deixar assim levar por uma Eva?!!!
Talvez fosse melhor tentar outro método.
E foi assim que finalmente foi dada alguma tarefa ao Espírito Santo que até aí ninguém percebera para que é que servia.
O Espírito Santo, aquela LUZ DIVINA que a MARIA viu numa bela noite de luar, metamorfoseou-se em esperma, mas não num esperma qualquer, antes sim no esperma DELE, do PAI, e fecundou a MARIA, a VIRGEM MÃE, e assim nasceu o FILHO, do SANTO PAI.
A felicidade DELE (do PAI, claro) foi tão GRANDE, mas tão GRANDE, que festejou com a chacina de uns milhares de infiéis. É assim mesmo! Mostra-lhes como é!!! Se não obedecem aos fios, há que agir!!!
E deste modo acabou esta linha história.
Muito boa noite minhas muito queridas ovelhinhas.
Até ao próximo Domingo.
Improvisos


Sábado á tarde... lá fora a chuva teima em cair e deixar-nos incredulos quando pensamos que estamos a dois passos do Verão ... sem quase termos dado conta de que já é Primavera....
Urge improvisar para que este sábado sem sol, a desacreditar o proverbio, não instale a indolência....
Improvisar deveria ser imperativo, não só em tardes como as de hoje, mas sempre... infelizmente a vida é demasiado ensaiada...
Ensaiamos as declarações de amor... as que ousamos fazer e as que depois de ensaiadas guardamos só para nós....
Ensaiamos os momentos de intimidade... os que acontecem ...e os que depois de ensaiados julgamos não terem dimensão suficiente para serem vividos...
Ensaiamos os sentimentos que queremos revelar... e os que depois, por medos, duvidas, incertezas acabamos por, à cautela ... ocultar...
Tememos o ridiculo a que o improviso, a actuação sem rede, nos pode sujeitar...
Ensaiamos tanto que muitas das vezes quando decidimos actuar já perdemos o timming, o ritmo...a vida...
( No cabeleireiro do Bairro Alto, onde me encontro sentada, o rapaz que me põe a tinta no cabelo não improvisou ... e ouso tatuar todo o seu corpo com desenhos e cores várias... e exibir numa tarde de chuva, um boné de rede e uns oculos a fazerem lembrar a Nana Mouskouri dos anos 70....
Interrogo-me, enquanto sinto massajar o couro cabeludo, se essa liberdade o faz mais feliz... e ouso pensar que sim... ouso pensar que todos seriamos mais felizes numa sociedade que incentivasse o improviso e exigisse menos ensaios...)
21H30m, apressada, em jeito de improviso, numa noite em que o ócio e o tédio podiam ter tomado conta de mim, entro no Teatro, onde se ouso escrever « Amo-te », sem medos, em todas as paredes, mesas, guardanapos....
Era bom que na vida se pudesse escrever e dizer mais vezes essa palavra simplesmente, sem ensaios e sem temer o ridiculo ou o compromisso...
Depois, dentro do teatro, algum tempo após o pano ter subido, tenho perante mim « A menina Júlia » que ousou improvisar, na sociedade hipocrita e preconceituosa do seculo XIX... que depois lhe cobrou duramente a falta de ensaio...
Constato, à medida que a acção se vai desenrolando, que o texto de August Strindberg continua actual em pleno século XXI...quando a sociedade nos continua a limitar na decisão de improvisar...
Quando saio do teatro a chuva continuava a cair...
- Um Trench Coat impremiável ter-me-ia dado um jeitão... mas saí de casa em corpinho bem feito, com um vestidinho ao estilo Belinha - penso...
No telemóvel soa o ring ring de um novo sms...« Está a chover »
- Que raio de constatação!....
- Acho que esse moço também não é dado a grandes improvisos...
- Ou não está assim tão interessado....
- Sabes que te digo? Que andamos a ver muitos filmes...
- Ou que precisamos de ir ver alguns ensaios...
Não consigo evitar ouvir a conversa enquanto espero, à porta do teatro que a chuva pare de cair...e sorrio....
No atrio sobre o balcão da bilheteira num velho cartaz lê-se « Esta noite improvisa-se »
A chuva continua a cair... mas ouso não resistir ao apelo... e saio certa da direcção que quero tomar, sem temer molhar-me... Porque não?
TRENCH COAT
Contrariamente ao que é habitual, esta semana não encontro nada na Sábado que me interesse. A entrevista com a psicóloga do Fritzl maça-me e a reportagem sobre os testes de droga feitos em restaurantes, tribunais, hospitais e aeroporto nada trás de novo. Que o Fritzl é maluco e teve problemas quando era pequenino já todos calculávamos e que as pessoas se drogam nas casa-de-banho públicas também...
No artigo de quatro páginas (pasme-se!) sobre o Nuno Melo nem me detenho. É personagem que não me inspira nem simpatia, nem admiração. Aliás, que não me inspira absolutamente nada. Bem, estou a ser um pouco injusta. Na realidade, confesso que desde que se arroga inquisidor-mor nos inquéritos parlamentares me diverte um pouco aquela postura rídicula de Torquemada determinado em descobrir a verdade. Arriscaria dizer que quando faz o seu olhar feroz ensaiado ao espelho e lança perguntas, espera sinceramente que os banqueiros se ajoalhem no chão a chorar, enquanto confessam despudoradamente as suas artimanhas financeiras. É mesmo muito engraçado. Mas quatro páginas de reportagem???!!
Salvam-se a crónica do Alberto Gonçalves sobre as "senhoras das esquinas" e os trench coats na secção de moda.
Há algum tempo que a questão metafísica do que seria um trench coat me andava a intrigar. Seria uma inovação revolucionária da moda crise 2009? Vestiria bem? Seria uma peça acessível? Mas eis que a Sábado (que afinal nunca me desilude) veio dar resposta a todas estas minhas incertezas.
Intrigada, começo a ler "os trench coats foram criados na I Guerra Mundial para a chuva com temperaturas amenas". As fotografias que ilustram a frase não deixam margem para dúvidas e faz-se luz no meu espírito: os trench coats são vulgaríssimas gabardines de Lineu. Sim, daquelas que se veêm no singing in the rain e que o detective Colombo se recusava a despir.
Uma dúvida subsiste, porém: porque raio não lhe continuam a chamar gabardines e agora vêm com esta parvoíce do trench coat? Ó Joaninha não te esqueças de vestir o trench coat antes de saíres de casa para a escola! O trench quê, mãe? A gabardine, filha! Isto não se atura, como diria a minha amiga Belinha...
No artigo de quatro páginas (pasme-se!) sobre o Nuno Melo nem me detenho. É personagem que não me inspira nem simpatia, nem admiração. Aliás, que não me inspira absolutamente nada. Bem, estou a ser um pouco injusta. Na realidade, confesso que desde que se arroga inquisidor-mor nos inquéritos parlamentares me diverte um pouco aquela postura rídicula de Torquemada determinado em descobrir a verdade. Arriscaria dizer que quando faz o seu olhar feroz ensaiado ao espelho e lança perguntas, espera sinceramente que os banqueiros se ajoalhem no chão a chorar, enquanto confessam despudoradamente as suas artimanhas financeiras. É mesmo muito engraçado. Mas quatro páginas de reportagem???!!
Salvam-se a crónica do Alberto Gonçalves sobre as "senhoras das esquinas" e os trench coats na secção de moda.
Há algum tempo que a questão metafísica do que seria um trench coat me andava a intrigar. Seria uma inovação revolucionária da moda crise 2009? Vestiria bem? Seria uma peça acessível? Mas eis que a Sábado (que afinal nunca me desilude) veio dar resposta a todas estas minhas incertezas.
Intrigada, começo a ler "os trench coats foram criados na I Guerra Mundial para a chuva com temperaturas amenas". As fotografias que ilustram a frase não deixam margem para dúvidas e faz-se luz no meu espírito: os trench coats são vulgaríssimas gabardines de Lineu. Sim, daquelas que se veêm no singing in the rain e que o detective Colombo se recusava a despir.
Uma dúvida subsiste, porém: porque raio não lhe continuam a chamar gabardines e agora vêm com esta parvoíce do trench coat? Ó Joaninha não te esqueças de vestir o trench coat antes de saíres de casa para a escola! O trench quê, mãe? A gabardine, filha! Isto não se atura, como diria a minha amiga Belinha...
sexta-feira, 17 de abril de 2009
Novos odores... na Primavera que teima em não chegar....

Custo Barcelona, uma das minhas marcas de eleição, lançou um novo perfume... doce, quente, misterioso... com a irreverencia e a cor que a dupla espanhola há muito nos habituou... e que me fez render, quando a dado momento da minha vida decidi que todos os dias deviam ser coloridos com paixão, inovação e reinventados com ousadia... pelo menos na roupa que vestimos....
Apenas mais uma sugestão da vossa Belinha, que assim, com cor e odor, vos deseja um optimo fim de semana... se possivel irreverente e ousado...
dancing with myself
hoje driblei os convites para a farra.estou demasiado cansada destas semanas estouvadas. mas ainda consigo dançar comigo, oh yeah!sorry friends, há dias assim: todos à volta da rotunda do umbigo.
quarta-feira, 15 de abril de 2009
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