sexta-feira, 24 de abril de 2009

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Em numerosos países, e em Portugal sem dúvida, a noção, o espírito, a finalidade dos partidos corromperam-se e as agremiações partidárias converteram-se em clientelas, sucessiva ou conjuntamente alimentadas pelo Tesouro.
Findo o período romântico, ou até antes disso, que se segue às revoluções ditas liberais do começo do século XIX e em que os debates parlamentares revelam com erudição e eloquência preferência pelas grandes teses da filosofia política e as grandes aspirações nacionais, a realização partidarista começou de envilecer-se.
Duvido se alguma vez representou o que se esperava; a vida partidária tem seus altos e baixos, mas deixa de corresponder aos interesses políticos e distancia-se cada vez mais do interesse nacional.
A fusão ou desagregação de partidos, as combinações políticas são fruto de conflitos e de paixões, compromissos entre facções concorrentes, mas nada têm que ver com o País e os seus problemas.
Aqui e além tenta-se regularmente, moralizar, constitucionalizar a vida partidária.
Tudo embalde.
Um partido, vários partidos dispõem do poder – são governo; mas não se encontra, como poderia supor-se, relação concreta nem entre os actos de governo e os programas partidários nem entre os programas e as exigências da Nação.
O espírito de partido corrompe ou desvirtua o poder, deforma a visão dos problemas do governo, sacrifica a ordem natural das soluções, sobrepõe-se ao interesse nacional, dificulta, senão impede completamente, a utilização dos valores nacionais para o bem comum.
É natural que alguns homens educados para a luta puramente política, as especulações demagógicas, as exaltações emocionais das massas populares, e por esse motivo propensos a reduzir a vida da Nação à agitação própria e das forças partidárias que lhes restam, não tenham revelado compreensão nem dado mostras de adaptar-se.
Mas a Nação que faz livremente a vida que quer, a Nação viva e real, essa, comparando passado e presente, olha com certa desconfiança o zelo destes apóstolos da liberdade.

4 comentários:

mouche albértine disse...

«a democracia é o pior de todos os sistemas à excepção de todos os outros», essa merda fluída e pouco definida (uma espécie de diarreia de direita) do "bem comum", da "ordem natural das soluções", e "interesse nacional" give me the creeps ... ó linda lunar, que passa! estamos todos um pouco cépticos, mas daí a tanto! vamos beber uns bons copos na festa da térese que isso passa!!!!

missangas disse...

Eu gostei do "embalde". O resto vou ter de ler outra vez, ainda é muito cedo para tão profundos pensamentos...

mouche albértine disse...

safardola! a pespegar aqui discursos de velho senhor à sucapa! não deixa de ser engraçada a actualidade do discurso anti-partidário! muitos (talvez os que votaram nele para o maior português de sempre) devem ser os que ainda se revêem em tais palavras, o que não deixa de ser preocupante! fascismo nunca mais! somos livres, somos livres, não voltaremos atrás...como dizia a cançoneta da gaivota!

missangas disse...

Lá diz o provérbio que palavras leva-as o vento!!