sexta-feira, 23 de outubro de 2009

CORAGEM


Estou em falta, eu sei. Em falta para com aqueles que se habituaram a ler as minhas histórias e a rir ou sorrir com elas. Em falta para com aqueles que se habituaram apenas a confirmar a minha presença e a dizerem « ok a moça lá continua a escrever umas coisas que ninguém lê, mas deve ser feliz com isso ». Em falta para com aqueles que diáriamante consultavam o blogue para poderem dizer « esta Belinha não escreve nada de jeito ». Em falta para com as minhas amigas que me convidaram a participar e acreditaram na minha colaboração regular. Em falta sobretudo para comigo, que não sou mulher de fugir aos compromissos ou de abandonar os projectos por dá cá aquela palha ou sem dizer água vai nem água vem... o que é aliás bem comum, mas que todos os que me conhecem bem sabem o quento detesto.

Certo é que os dias, as semanas, os meses foram passando e levando com eles as histórias, as ideias, a imaginação que não consegui agarrar e trazer até vós.
Por várias vezes, abri a página, pensei no tema, ensaiei as imagens... mas a vontade nunca foi de tal forma forte que permitisse a conclusão de qualquer das histórias que tive em mente. Havia sempre algo mais forte, mais determinante que me impedia de concretizar o que pleneara.
Acontece tantas vezes pleanearmos e não concretizarmos... vocês sabem... tantas vezes...mesmo quando detestamos que assim seja...

Hoje no cinema voltei a ver aquele anuncio da Vodafone, em que o rapaz faz de tudo para poder obter o número de telemovel da actriz e, quando o obtem e ela atende, perde a coragem e desliga sem falar.

Quantas vezes não vos aconteceu já lutarem por algo que muito queriam e depois no ultimo momento vacilarem, abandonarem o barco, por falta de coragem, por medo das consequencias, por medo de deixarem o patamar de segurança e conforto em que deciriram estagnar?

Quantas vezes não nos aconteceu já decidirmos não arriscar, não caminhar, não descobrir...

Quantas e quantas vezes pensámos poder deixar tudo, mudar tudo, arriscar sermos felizes... e depois, no último momento, decidimos fazer-nos acreditar que não valia a pena...

« Tudo vale a pena quando a alma não é pequena »

Vale a pena sonhar, acreditar, arriscar...

Vale a pena neste Outono, com a chuva por companheira, continuar a poder partilhar convosco as pequenas histórias, as emoções, as futilidades... a arte... a vida...

Vale a pena amanhã recomeçar...a escever regularmente no blogue...ou a ter a coragem de terminar o que pleaneámos ou de começar o que desejamos...

3 comentários:

mouche albértine disse...

ai belinha, inté eu, insecta, estou comovida!a verdade é que o blogue- que outra valia mais não tenha- teve o condão de desnudar, de quando a quando, as nossas almas...vislumbrar, numas, uma nesga de ombro, noutras partes mais pudibundas...e isso, nos dias de superficialidade imagética que correm, não é coisa despicienda. e eu gosto desta coisa fora de moda da partilha, por vezes de coisas de que os outros não necessitam, nem querem...beijos e obrigada pela tua generosidade!

Belinha disse...

Ai ai mosquinha, somos umas românticas e umas idealistas incuráveis, essa é que é essa... aposto que até já meu La Mer tinhas saudades.
Beijos tb para ti

suprónia insuflávia disse...

gosto mesmo dessse anúncio da vodafone. Boa belinha pelo recomeço! ver se também regresso com uns devaneios. ultimamente só escrevo coisa como "nos termos do disposto no..."