terça-feira, 6 de outubro de 2009

OS SUBMARINOS



OS SUBMARINOS

Pois é verdade, sim senhor(a), tendes toda a razão para vos entristecer COMIGO. Faltei-vos uma vez mais. E logo agora que estais tão necessitados de MIM! Nesta época de confusão eleitoral, Eu, a nobre Sabedora, presenteei-vos com o silêncio. É verdade que fui copiada, mas tendes de admitir, mal copiada! No MEU silêncio não haveis tido qualquer gesto, qualquer piscar de olhos, qualquer murmúrio que vos levasse a pensar isto ou aquilo. Tendes de reconhecer que o MEU silêncio é um VERDADEIRO SILÊNCIO, não é como esses outros que se calam, mas sempre despedem alguém, aproveitando-se, claro está, da crise. “Afinal já há retoma económica, mas a ti, que te vejo todos os dias durante mais de vinte anos, vou-te despedir, pois a tua cara já me enjoa, e desculpo-me com a puta da crise, ou, afinal, quando falar, com a dúvida”, pois a dúvida sempre teve as costas largas, e quando alguém cheira mal dos pés ou da boca e é preciso despedi-la, não se vai dizer “vou-te despedir porque cheiras mal dos pés ou da boca”, não senhor(a), diz-se antes “tenho dúvidas sobre a tua competência e não dá para ter dúvidas”, e assim se despacham pessoas, homens e mulheres, excelentes profissionais, com a dúvida!
EU cá nasci com a dúvida, ela era mais pequena que EU, um ou dois dias, mas muito traquina, e muito terna também, e foi ali, no berço, no hospital de província, naquele exacto momento, EU com três dias, ela com dois ou um, ela olhou para MIM, EU olhei para ela, foi ali, mas é que foi mesmo ali, que Eu me apaixonei por ela e ela por MIM. Depois deste amor à primeira vista, foi um ver se te avias, EU e ela sempre juntinhas. Até hoje! Mas há pessoas que vivem mal com a dúvida e põem-se a fazer discursos, muito chatos e incompreensíveis, sempre com o objectivo de a perseguir, enclausurar e por fim matar.
Não acho bem, até porque para matar já temos o Dexter, um rapaz tão simpático e asseado que não só mata como corta logo o corpo aos pedacinhos para não ficar por aí a cheirar mal. É importante que numa época ecológica alguém se preocupe com a putrefacção dos cadáveres.
Mas estes gajos do silêncio macaqueado não sabem matar sem fazer lixeira. É por isso que vos digo o melhor para quem não sabe ficar calado é falar, mas falar todos os dias e a todas as horas, mesmo quando está a dormir, falar, falar sempre, assim já ninguém se dedica, dias e meses a fio, a pensar no que raio queria aquele dizer com o seu silêncio.
Na realidade, muito se pode compreender de um país que se perde em conjecturas com os silêncios e não com as palavras, até porque as palavras leva-as o vento, mas o silêncio...
Não há dúvida (cá está ela, de novo) que a pessoa mais inteligente é aquela que fala pouco ou mesmo a que não fala. Basta ver uma escola de mudos e percebe-se logo que ali estão os mais inteligentes de nós. Já com os cegos não é a mesma coisa, pois quem tem o olho é que é o rei, mesmo que seja um olho de plástico, ou um olho palrador (com uma boca falante, estão a perceber?). A MIM não me parece bem esta distinção entre os mudos e os cegos, afinal são deficiências, não é? conseguimos, por exemplo, aceitar, e até idolatrar, um presidente mudo ou com profundas deficiências na expressão oral, mas um cego?! Porque não um cego?!!!
Felizmente que não é o caso do nosso país em que todos, mas todos, todos aqueles que se dedicam à política não têm deficiências.
Depois da próxima semana, com o fim das autárquicas, mudo de tema, que até a MIM já me enjoa, sinto um ligeiro frémito de vómito sempre que penso nisto das eleições, mas enfim é para isso que ME pagam, e EU com a história do aniversário e depois da doença, sabem como é, uns espirros e já ninguém nos quer por perto, ai a H1N1, ai meu deus, que medo, tive assim uma quinzena de descanso, mas mesmo assim, obrigam-ME, a MIM, SOLARENGA mesmo em dias de chuva, a falar nestas coisitas de treta.
E é só por isso que antes de ME ir embora tenho de falar de submarinos. Para MIM um submarino é um objecto de grande estimação. Só tenho dos pequeninos, miniaturas, mas não conseguia viver sem eles. Tenho a sensação que sem eles fico desprotegida, quase vulnerável e depois com os espanhóis aqui tão perto...
Percebo perfeitamente a importância dos submarinos e até acho malvadez supor-se que são supérfluos. São eles que nos dão a nossa identidade nacional, que nos mantêm a cabeça à tona da água, apesar deles gostarem tanto de a mergulhar (ah! ah!, isto é aquilo a que se chama uma piada sobre submarinos), sem eles não tínhamos hino, bandeira nacional, território. A grande falha no nosso hino é exactamente não prestar homenagem aos submarinos, sempre presentes na nossa história nacional. Em todas as batalhas travadas e vencidas esteve sempre presente, activo, ainda que submerso, um submarino.
Quero lá saber se meteram ao bolso alguns milhões!!!
O que EU quero mesmo é poder dormir descansada enquanto os submarinos, lá longe, nas profundezas das águas, guardam o MEU sono redentor, espiando cada barulho suspeitoso das águas e com o seu corso negro mantendo à distância os nossos piores inimigos.
Viva Portugal! Vivam os portugueses!

1 comentário:

mouche albértine disse...

lembras-te d
e uma cena com um submarino num filme do almodóvar...vou tentar encontrar!