domingo, 31 de maio de 2009

DIGAM NÃO AO LPL




Pois cá estou EU de volta depois de uma intensa semana. Tivemos direito a renúncia de cargo de Conselheiro de Estado por suspeitas de gatunagem e a um indivíduo que nos esclareceu em espanhol que estava hablando espanhol. Brilhante!
E houve muitas conversas sobre o escargot, bichinho muito amoroso que as dondocas de Cascais elegeram esta semana para animal doméstico. Era vê-las, àquelas senhoras todas loiras e altas, empoleiradas nas suas sandálias de saltos de cortiça portuguesa, a passear com mini-trelas os maravilhosos escargot. Relata-se apenas um infeliz incidente. Uma dondoca mais intrépida, muito defensora dos princípios naturalistas, não quis guilhotinar o seu bijou, razão pela qual se passearam os dois, ela em seus saltos, ele em sua baba, livres de quaisquer amarras. Um senhor dos seus sessenta anos, de vestes plebeias, habitante, seguramente por engano, de tão ilustre terra, total desconhecedor dos novos costumes, cruzou-se com tal molusco gastrópode terrestre de concha espiralada calcária e, ignorante da sua imensa grandeza, terror dos terrores, ignomínia das ignomínias, atreveu-se a colocar a sua botarra, de mais de vinte anos, em tão singular concha, espezinhando-a até atingir o pulmão do molusco Pedro. A dondoca, histérica de dor, perdera ali, numa fracção de segundos, Pedro, seu molusco eleito, a quem no espaço de dois dias depositara todo o seu amor de mãe. Quando faziam exactamente dois dias, duas horas e dois segundos que aquelas almas sensíveis se haviam cruzado, uma criatura humana, envelhecida de maldade, esmagara cruelmente Pedro, que apenas deixara como lembrança da sua passagem terrena uma poça de gosma e de minúsculos pedacinhos de calcário. A dondoca, de nome Maria, incapaz de deixar para trás aquele que a fizera tão feliz, com suas gigantescas e belas unhas vermelhas, arrancou do solo os restos mortais de Pedro e guardou-os em seu lenço de papel perfumado. Diz-se que desde então não mais abandonou o lenço.
Mas o pior de tudo é que o velho assassino ficou impune.
Dondocas de Cascais e de outras zonas da Linha e do Restelo criaram, desde então, em homenagem a Pedro, molusco primo da lesma Vanessa, aquela que é muito cheiinha e muito moreninha, uma liga de protecção das lesmas. Chama-se LPL e já tem cento e cinquenta participantes, tudo dondocas de útero estéril e depressivas, as denominadas, pelos seus opositores (pois como sabeis, basta nascer um movimento para logo existir um movimento muito maior de opositores), “menopausas desocupadas e vazias de crianças”.
É que uma criança faz muita falta a uma mulher. Mulher sem bebé, ou mesmo com bebé que não lhe nasça do ventre (nascer do próprio ventre é que é), nunca é verdadeiramente uma mulher. Claro que também não é um homem, não, não é isso. É... olhe, é uma mulher pela metade, quase mulher. Seguramente mulher insatisfeita pois nunca cumpriu a sua função reprodutora. Já imaginaram o que é para os ovários durante anos e anos a fio, uma vez por mês, prepararem-se para ser fecundados e até à menopausa nunca lhes ter sido dada essa alegria. Sem sémen, mês após mês, reduzidos a sangue e espoliados do ventre onde nasceram. E a sensação única do feto a crescer dentro do útero feminino, dando deliciosos pontapés e comprimindo a bexiga. E o leite, maravilhoso leite materno, escorrendo dos biquinhos do peito para a boquita do bebé recém-nascido. Mulher que nunca congelou o seu próprio leite, salvaguardando a refeição da sua cria, não é mulher. Mulher que nunca perdeu noites a sossegar o seu bebé e dias a vê-lo crescer pode até ser mulher, mas é uma mulher desocupada, por mais ocupação que tenha, pois não se dedicou à ocupação suprema “SER MÃE”.
Depois de muita investigação apurou-se que efectivamente todas as cento e cinquenta participantes da LPL não tinham crianças e apenas 10 tinham conseguido ser fecundadas, gerando fetos mortos.
E depois a coincidência dos caracóis serem hermafroditas. Estas mulheres terem escolhido exactamente para seu animal doméstico um hermafrodita. Mulheres secas, ressequidas, inimigas da humanidade, nem mulheres nem homens. E os escargot auto-suficientes, cheios de espermatozóides e óvulos. Oh, maravilha da perfeição animal!!
Diz-se também que estas senhoras de útero vazio andam para aí a humanizar os escargot, vestindo-lhes roupa de pele de vaca, animal que abominam (talvez por causa da história do leite) e que não distinguem, pior, que apoucam a raça humana, sobrevalorizando a raça dos moluscos. A dondoca Maria já foi vista a empurrar uma criança de três anos quando esta distraidamente se entretinha a apertar um belo e longo caracol. Parece que o caracol era loiro!
Foi ainda difundido nos bons meios académicos que mulheres/mães, provavelmente com uma qualquer disfunção maternal, tentaram humanizar formigas. Criaram juntamente com os seus filhotes meia dúzia de formigas, propagandeando que as formigas eram muito meigas para aqueles. Eram todas elas mulheres rudes, algumas com bigode, e tinham o costume terrível, ainda que profundamente enraizado, de esbofetear os filhotes. Numa tentativa de humanizar as formigas, insectos de inteligência superior, mas ainda assim insectos, ao esbofetear as mesmas, depararam-se com as mãos repletas dos seus cadáveres.
É o que sempre acontece a quem trata de maneira idêntica realidades distintas!
Uma universidade americana ao tomar conhecimento da existência da LPL interessou-se por esta inaudita história à portuguesa. Desde então foram realizados inúmeros estudos a essa espécie sinistra de mulheres, dos quais se destaca um. Nesse estudo foi individualizado um gene, apenas comum a tal espécie, gene esse ao que tudo indica aparentado com um vírus. Na realidade esse vírus torna estas mulheres agressivas com os seus pares e a dedicarem toda a sua afeição a... olhe, sei que é cruel, mas tem de ser dito, alguém tem de o dizer, a nada mais do que a... LESMAS!!!
Parece que também se encontra em curso um estudo que provará que as mulheres que pegam ao colo um qualquer bicho (não necessariamente uma lesma) que não seja da raça humana, sofrem da patologia da menopausa sem crianças, e são potenciais agressoras das criancinhas.
HUMANOS, amigos, temos de nos precaver contra este tipo de gente. Acabemos com esta espécie perigosa de MULHERES!
Bem hajam.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

one cat, one soul & a promise of a nice rice

Prometi mas nunca mais encontrava o filme entubado.
Cá está ele. Outrora chamei-lhe niggers ‘r’ us, por causa das bonecas, hoje vai nu. Escrevei vós o título.




quarta-feira, 27 de maio de 2009

só pelo prazer de bitter-boxar


«Era uma vez um czar naturalista
que caçava homens.
Quando lhe disseram que também se caçam borboletas e andorinhas,
ficou muito espantado
e achou uma barbaridade.»

anedota búlgara citada por carlos drumond de
andrade

morning song

apesar de não perceber uma patavina do que a senhora diz, lá que será bonito acordar com esta melodia, lá isso será...bom dia a todos!

terça-feira, 26 de maio de 2009

segunda-feira, 25 de maio de 2009

"Is that a pistol in your pocket or are you just glad to see me?"



Mae West pôs esta questão em Fevereiro de 1936, na estação de combóios de Los Angels, ao polícia que tinha sido destacado para a escoltar a casa. Reproduziu a deixa no filme "She Done Him Wrong".
Não nos esqueçamos que a garrafa de Coca-Cola foi feita à sua imagem. Outros tempos, em que uma mulher de anca e coxa larga com andar gingão faziam furor!

A ATROFIA DO SOL



Boa noite minhas muito queridas e adoradas leitoras e meus muito queridos e adorados leitores, com particular carinho para quem publicamente e sem vergonhas reconheceu aquilo que todos sabem mas têm vergonha de assumir. Sabem ao que me refiro? Sabem de quem falo? Falo da minha genialidade, pois claro.... Ah, e da Maria Mad.
Senti tristeza, tenho de confessar, muita tristeza por tão doce criatura, seguramente doce, e inteligente, seguramente inteligente, não ter podido elogiar-me esta semana.
Por certo teve muito trabalho. Por certo viajou para a China e este blog faz parte dos sites interditos. Por certo houve algo de terrível para a afastar de MIM. Minha mui maravilhosa fã aguardo ansiosamente pelo seu regresso da China.
E agora para que os demais fãs não fiquem enciumados, asseguro-vos que esta soberba dissertação é dedicada a todos, pois vós sois a razão do MEU viver.
É verdade que o MEU Pai, o Sol, não se tem portado muito bem com a terriola onde resolvi repousar nos últimos anos, mas tudo tem uma explicação.
Talvez tenha chegado a altura de vos contar uma história.
Quando o MEU Pai me derreteu as asas fê-lo para que EU saltitasse de planeta em planeta. EU era a sua única filha, todo o Seu orgulho. Mas os planetas que giravam à volta Dele tinham muita escuridão e Ele queria que EU continuasse a Sua Obra, mas mais de perto, que fosse EU o calor das Almas enquanto Ele era o calor dos Corpos. EU apenas conhecia o Sol, nada mais do mundo. Assim, imbuída das mais profundas convicções, cai nos planetas e nos primeiros por onde passei, senti muito a solidão. Não havia ninguém com quem conversar e o Sol lá longe não se fazia ouvir. Quando cheguei à terra, mais precisamente a Icária tudo ficou diferente. É verdade que a linguagem não era a minha, que os códigos nada tinham a ver com os do Sol, mas havia troca de palavras e só isso, mesmo sem qualquer troca de conteúdos, fez-me renascer.
E por isso fui ficando. A missão para a qual fora enviada revelou-se impossível de concretizar. As tempestades eram muito mais poderosas que o Sol. Mesmo nas Almas. Só me restava viver com a MINHA imensa sabedoria Solar e tentar aquecer aqueles, os mais próximos.
Mas o MEU Pai não se conformou com esta MINHA impossibilidade. Ele lá em cima, estrela brilhante, não compreendia as dificuldades com as quais a sua estrelada FILHA se debatia. E, assim, quando me fixei neste lugarejo onde hoje vivo e que o Sol nem consegue pronunciar o nome, cortámos relações. Como podereis imaginar esta situação causa-ME um profundo sofrimento, mas também sei que Ele está a ser muito injusto para comigo, pois foi Ele quem decidiu o MEU futuro e agora sou EU que o vivo, mas à minha maneira.
O problema é milenar. Existem sempre uns tipos todos poderosos que decidem o destino dos outros. Servem-se dos outros tão exactamente até ao momento em que eles são os seus carneiros, para depois, quando os carneiros cortam os laços e passam a pensar por si, lhes cuspirem em cima, derretendo-lhes as asas, atirando-os para os labirintos, escorraçando-os do paraíso, queimando-lhes as cidades. É que nem os Pais gostam de nós, seus Filhos, por seremos quem somos (e no MEU caso, então, que SOU este SER maravilhoso), apenas nos querem enquanto nós seguirmos à risca aquilo que traçaram para nós.
Pai Sol EU SOLARENGA Te digo que não há qualquer hipótese. Tu nessa mancha de Luz enganaste-te quando imaginaste que EU sozinha podia trazer a LUZ ao Mundo. Tal não é tarefa realizável.
E, assim, confessando Eu a MINHA impotência, fui completamente renegada por Ele, que ME deserdou.
À conta disso têm vocês tido este tempo de M.....
Mas não se preocupem, não há sol que sempre dure, nem chuvas que não terminem.
E agora finalmente vamos ao tema desta semana que não, não é, nem a família, nem a pátria, nem a religião (agora que escrevi esta palavra já sei que vou ter um comentário sobre a criação desta palavra pelo Senhor, o PAI, claro, mas pronto, é a vida).
No estado em que as coisas estão só ME resta mesmo falar do medo e da morte e quem sabe do medo da morte. O humano, espécie existente no planeta que escolhi para viver, tem medo da morte. A ponto de fingir que ela não existe. Existem uns palermas, completamente anacrónicos que fizeram filmes sobre a morte (Bergman e Tarkovsky) e que são adorados por um conjunto de intelectuais, sendo que os intelectuais são a espécie que mais medo tem da morte (oh Deus meu, como é possível perder-se um intelecto tão maravilhoso como o meu, dizem os intelectuais que apelam a Deus apenas quando se vêem aflitos).
Mas fora tal anacronismo, a morte não fica bem com a super juventude dos dias de hoje, nem com os maravilhosos sapatos que se acabou de comprar.
Na realidade, a bem de ver, a morte apenas devia existir nos países onde não se vê Bergman, Antonioni, Visconti e Fellini e onde não se lê Susan Sontag e Hannah Arendt.
As mentes iluminadas, e neste país onde há tantas, não deviam falecer. Assim, poderíamos conviver até à eternidade com aqueles seres super inteligentes que governam o tal lugarejo por MIM escolhido para viver, e que já leram, pois claro, todos eles, as Memórias de Adriano. Aliás, poder-se-ia lá ser governante sem se ler a história de amor homossexual entre Adriano e Antínoo? Já agora perguntem aos governantes se já leram Teleny!! Espera aí que este não é famoso. Aconselho vivamente a todos os governantes a verem o Querelle, porque fala também de relações de poder. Aliás, nem sei mesmo se Querelle não é a reprodução cinematográfica das Memórias de Adriano nos tempos modernos. Uma versão marinheira!!
Podem sempre ler o livro do Genet se preferirem uma versão mais palavrosa e de carrossel adquirirem o Diário de um Ladrão, assim como assim, consegue-se ver lá o político gay.
E depois a morte cheira tão mal, não é absolutamente nada aconselhável à roupa de marca e ao Chanel nº.5. É que o cheiro da Coco é absorvido pelo da morte. Já despejaram frascos de Chanel nº.5 sobre a dead body e nada apagou aquele cheiro nauseabundo da morte. No Húmus inventou-se a eternidade, claro que só para os ricos, aqueles que a podiam pagar e era assim mesmo que devia ser, pois os ricos não são ricos por acaso, são ricos porque... porque... porque os pais já o eram ou por qualquer outro motivo igualmente válido.
A morte é coisa de pobre e devia ficar por aí.
Mas ainda ME falta falar do medo, não no da morte, mas no medo de pensar, no medo de agir, no medo de existir. Num medo que quem veio de uma estrela e parou nesta estação não deixa de encantar. Fala-se mal de tudo, mas a responsabilidade é sempre dos outros. E quando chega a altura de fazer qualquer coisa, é hora para o atraso, o despertador não tocou, a caneta ficou sem carga, não se conecta a Internet. E se alguém, mesmo muito contrariado, avança, claro que a medo, caem-lhe todos em cima, pois não fez isto nem aquilo. A criatividade do espectador bem sentado no seu sofá com os chinelinhos nos pés cheios de calos e joanetes, quiçá mesmo de gota, é de assombrar. E vejam o maior crítico perante o chefe, que fantástico menino de coro.
A coragem meus fãs, a coragem é apenas uma história de encantar, mas, às vezes, lá aparece com o Sol.
Pois, a chuva não me fez bem. nada bem.
Boa noite.

The Brick Lane



Estereótipos à parte, vale a pena pela fotografia e pelo argumento. Com sari ou sem sari, as mulheres são sempre uns seres fantásticos capazes de dar a volta ao seu destino. Agora dá-me para isto...

sábado, 23 de maio de 2009

Hair Power







« Tendências dos Cortes de Cabelo para o Verão

Os cortes para este Verão devem abusar do escadeado e do desfiado, o comprimento dos cabelos deve ser médio ou longo, mas os curtos continuam na moda. Devem ser bem desfiados com muitas pontas e a parte da frente mais comprida do que a de trás, causando um efeito moderno e rejuvenescedor.

Seguindo as tendências da moda apresentadas no último verão na Europa e Estados Unidos, os tons marrons e dourados sem contraste estarão na moda, num estilo “surf”, dando um ar de queimado nas pontas. As madeixas em tom de mel com madeixas mais loiras também vão estar em alta.

Quanto ao cabelo ser liso ou encaracolado a tendência é ser o mais natural possível. Tanto os lisos, quanto os encaracolados devem usar produtos de excelente qualidade para estarem sempre com aspecto saudável e bem tratado.

Em 2009 as modas para cabelos terão muitas variações e agradarão todos os tipos de mulheres. Estas serão as maiores tendências deste verão:

1) Cabelos sexy longos ondulados, com volume médio e mechas finas e médias loiras, castanhas e em tom cobre. Pense nos cabelos das meninas da Victoria’s Secret. Para conseguir esta textura você pode usar o babyliss de cerâmica largo ou bob número 3.


2) Cabelos curtos com corte estilo chanel batendo no queixo. Para esta moda, é melhor optar por cabelos lisos, as cabelos enrolados também podem aderir ao corte. Adicione também mechas bem finas e em cores diferentes (castanhas, louras e cobres).


3) Cabelos com franjas. As franjas para este verão variam bastante. Você pode optar entre a franja mais volumosa que cobre as sombrancelhas, a um pouco menos volumosa que pode ser colocada de lado e até mesmo a franja emo que e mais desigual e separada por gel pomada, estas estão todas em alta

4) Cabelos vermelhos. Esta cor está se tornando mais e mais popular a cada dia. As mais branquinhas devem optar pelo strawberry blond ( vermelho com tons loiros), as morenas por vermelhos mais profundos com tons marrons. Adicione mechas loiras e cobres para completar o visual.»


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Ter e manter uns cabelos fantásticos é quase tão dificil como encontrar o Principe Encantado, isso digo-vos eu.

Porque sei que andam por aí umas quantas moças pouco satisfeitas com os respectivos « apendices piloso/capilares », aqui ficam alguns conselhos sempre oportunos, ditados por quem esteve na Moda Lisboa e sabe ( pelo menos na teoria ) o que se deve usar.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

HISTÓRIAS ... da nossa infância ..e da nossa vida


Desde miuda sempre adorei esta história e ao longo da minha vida tenho sempre tentado pautar-me pelo seu ensinamento: fazer o que acho correcto sem me importar com o que os outros pensam ou com os julgamentos que, inevitávelmente, serão sempre feitos.

Por ser uma das minhas favoritas, ainda hoje, pela mensagem que encerra, apeteceu-me relembrá-la aqui e partilhá-la, na versão adaptada e em verso da poetisa.


Um velho, um rapaz e um burro na estrada.
Em fila indiana os três caminhavam.

Passou uma velha e pôs-se a troçar:
-O burro vai leve e sem se cansar!
O velho então pra não ser mais troçado,
Resolve no burro ir ele montado.

Chegou uma moça e pôs-se a dizer:
-Ai, coisa feia! Que triste que é ver!
O velho no burro, enquanto o rapaz,
Pequeno e cansado, a pé vai atrás!
O velho desceu e o filho montou.

Mas logo na estrada alguém gritou:
-Bem se vê que o mundo está transtornado!
O pai vai a pé e o filho montado!
O velho parou, pensou e depois
Em cima do burro montaram os dois.

Assim pela estrada seguiram os três:
Mas ouvem ralhar pela quarta vez:
Um rapaz já grande e um velho casmurro.
São cargas de mais no lombo de um burro!
Então o velhote seu filho fitou
E com tais palavras, sério, falou:
Aprende, rapaz, a não te importar,
Se a boca do mundo de ti murmurar.


O velho, o rapaz e o burro por Sophia de Mello Breyner Andersen

in memoriam João Bénard da Costa

Johnny: How many men have you forgotten?
Vienna: As many women as you've remembered.
Johnny: Don't go away.
Vienna: I haven't moved.
Johnny: Tell me something nice....
Vienna: Sure, what do you want to hear?
Johnny: Lie to me. Tell me all these years you've waited. Tell me.
Vienna: [without feeling] All those years I've waited.
Johnny: Tell me you'd a-died if I hadn't come back.
Vienna: [without feeling] I woulda died if you hadn't come back.
Johnny: Tell me you still love me like I love you.
Vienna: [without feeling] I still love you like you love me.
Johnny: [bitterly] Thanks. Thanks a lot.

do "Jonhnny Guitar" que ele tanto gostava.

Do Mali com Amor

Para a troca, Plex:

quarta-feira, 20 de maio de 2009

EVOLUÇÕES ... OU DÚVIDAS




Dou por mim muitas vezes a pensar que tudo poderia ser mais simples se não tivessemos a mania das definições e de querer catalogar tudo o que vivemos ou sentimos... tudo se simplificaria se vivessemos apenas deixando correr os dias e as emoções... mas quase todos temos a mania de querer dar nomes a tudo e as relações não escapam a essa nossa mania.. até porque temos necessidade de nos definir perante nós e perante os outros, de explicar o que nos liga a fulano ou sicrano... de justificar quem era aquele gajo girissimo com quem nos viram na « Bica do Sapato »... ou aquele camaféu que entrou connosco, duas vezes seguidas no elevador do prédio onde moramos...

Somos assim e não há muito a fazer.. todos nós, homens e mulheres gostamos de ter a nomenclatura certa para apelidar o que nos liga a determinada pessoa em determinado momento das nossas vidas... como se a certeza do nome certo nos descansasse.. perante nós e perante os outros...

Com o correr dos tempos e a liberalização assumida das relações houve também uma evolução e uma ampliação dos conceitos com que as podemos denominar...o que só serviu para complicar as coisas...


Um destes dias, entre caipirinhas, num jantar de amigos, surgiram divergências quanto à definição certa para cada tipo de envolvimento ou relacionamento, que me deixaram apreensiva...

- Não querem lá ver que tenho andado para aí, ao longo dos anos, a enganar-me e a enganar ( involuntáriamente, é claro ) as pessoas?

Pensei então trazer aqui o tema à colação ( ora nem mais ) e à discussão e apelar aos conhecimentos de todos e de cada um ( e cada uma ) no intuito de podermos concluir sem dúvidas de que falamos quando dizemos que duas pessoas têm:

a) um flirt

b) uma amizade colorida

c) uma curte

d) um affaire

e) um caso

f) são amantes


Pois é.. à partida, a unica definição que parece não suscitar dúvidas nem dividir as opiniões é a da alinea a). No flirt os intervenientes nada mais têm para além de um « envolvimento » platónico, limitando-se a trocar emoções, desejos velados, atenções e seduções.

E será que cada um dos referidos envolvimentos pode ir evoluindo? Isto é será que que o flirt também o é quando antecede um caso, um affaire, uma curte, uma amizade colorida?

E depois de já se ter tido uma curte ou uma amizade colorida será que se pode ainda vir a manter com essa pessoa um flirt?

Existe uma sucessão lógica daqueles tipos de envolvimento? Ou os mesmos acontecem sem lógica nenhuma? ( muitas vezes até diria eu... mas....)

Em que difere uma amizade colorida de uma curte? Ambas envolvem sexo? Distinguém-se qualitativa ou quantitativamente?

E um affaire e um caso são a mesma coisa? Ou o primeiro exige reinteração e o segundo não, bastando que se verifique um acto isolado?

E os amantes são quem? Serão aqueles que não contentes com o « inferno instituido » decidiram viver um inferno paralelo?

E aos 40 anos ainda se pode ter uma curte ou a curte com essa idade passa a chamar-se caso ou affaire?

Curtir envolve ou não ter sexo?

Curte-se aos 18 anos e tem-se um amante aos 30?

O amigo colorido é aquele com quem se tem sexo sem compromisso ou apenas com quem chupamos drops de aniz no escurinho do cinema?

E o amigo quando deixa de ser colorido pode passar a ser só amigo?

A amizade colorida pode acabar em casamento?

O que distingue um amigo colorido de um amante?

São muitas as dúvidas que se colocam, como podem ver.

Apelo, pois, à participação de todos para que possamos elaborar um documento, fundado e esclarecedor sobre um tema que preocupa algumas das colaboradoras deste blogue, e alguns leitores/ admiradores, atentos, responsáveis e curiosos.

a benefício do falanstério:umas senhoras todas giras a falar, por certo, de homens e da chatice do casamento!

mãe ausente

Ausente deste espaço de convívio, minhas amigas, tenho eu estado por virtualidades da vida. Passei a domir aos cortes com sinfonias de choro de permeio e isso tem-me atacado rente qualquer rasgo de criatividade. Momento livre é deitada no sofá, cama, cadeirão, chão a dormir. Pediu hoje uma mosca zumbizante (lembram-se do Raúl Seixas?) novas músicas e novos rítmos.
Aqui vai. O som é de Cuba, do grupo do Buena Vista, mas uma geração abaixo.
Cachaito Lopes, fusão entre o jazz e o salero do Malecon.

outras luzes



ando a precisar de um filme do almodovar como do pão para a boca. nunca mais chega los abrazos rotos, ou lá como se escreve. ouvi, entretanto, na rádio, que o moço se apaixonou pela personagem verídica de marco zenha(nome apanhado de ouvido)- um prisioneiro político e poeta da época da ditadura franquista que, entre outras particularidades, foi libertado aos 42 anos em pleno estado de virgindade sexual.entretanto, para a semana que vem, uma tradução da autobiografia «conta-te como é uma árvore» do marco zenha será lançada entre nós no instituto cervantes, com prefácio do luso nobel saramago. se alguém conseguir confirmar os detalhes desta novidades radiofónicas agradeço! beijos para todas(os) aqui do covil! ahh...ainda uma revisitação do mundo sonoro do almodovar no musicbox para esta semana ou fim-de-semana!

P.S. depois da postagem o amigo plex fez o favor de corrigir os meus dislates auditivos: marcos ana é o nome do poeta! esta mosca já deu o que tinha a dar. o spray, por favor!ahh...a tal sessão no musicbox é no dia 30 ( fim-de-semana de mosca mamã, nesta esquizofrenia de mosca-mãe-vadia!, azarecos para mim!)

a propósito de quase nada

terça-feira, 19 de maio de 2009

a beleza e o adagietto da 5ª de mahler

nunca vos aconteceu sucumbir à beleza? não aguentar pura e simplesmente um calor morno a subir-vos no peito sem parar até quase sufocar. uma lentidão insustentável a anunciar o desastre iminente..como o leite nos antigos fervedores? às vezes dá-me para aqui a propósito de quase nada. o acordar lento do meu filho. o olhar sereno de uma velha senhora. uma luz projectada na parede. a inutilidade de uma flor. acontece-me a beleza, às vezes, em certas horas, como uma inevitabilidade.



segunda-feira, 18 de maio de 2009

i´m a passenger

mais uma ficha, mais uma volta! ou, ainda, porque não levar a estátua do marquês de pombal à galeria dos ofícios para visitar o escravo rebelde?