quinta-feira, 21 de maio de 2009

HISTÓRIAS ... da nossa infância ..e da nossa vida


Desde miuda sempre adorei esta história e ao longo da minha vida tenho sempre tentado pautar-me pelo seu ensinamento: fazer o que acho correcto sem me importar com o que os outros pensam ou com os julgamentos que, inevitávelmente, serão sempre feitos.

Por ser uma das minhas favoritas, ainda hoje, pela mensagem que encerra, apeteceu-me relembrá-la aqui e partilhá-la, na versão adaptada e em verso da poetisa.


Um velho, um rapaz e um burro na estrada.
Em fila indiana os três caminhavam.

Passou uma velha e pôs-se a troçar:
-O burro vai leve e sem se cansar!
O velho então pra não ser mais troçado,
Resolve no burro ir ele montado.

Chegou uma moça e pôs-se a dizer:
-Ai, coisa feia! Que triste que é ver!
O velho no burro, enquanto o rapaz,
Pequeno e cansado, a pé vai atrás!
O velho desceu e o filho montou.

Mas logo na estrada alguém gritou:
-Bem se vê que o mundo está transtornado!
O pai vai a pé e o filho montado!
O velho parou, pensou e depois
Em cima do burro montaram os dois.

Assim pela estrada seguiram os três:
Mas ouvem ralhar pela quarta vez:
Um rapaz já grande e um velho casmurro.
São cargas de mais no lombo de um burro!
Então o velhote seu filho fitou
E com tais palavras, sério, falou:
Aprende, rapaz, a não te importar,
Se a boca do mundo de ti murmurar.


O velho, o rapaz e o burro por Sophia de Mello Breyner Andersen

1 comentário:

missangas disse...

"Dois indivíduos começaram a discutir por um assunto trivial e um deles começou a proferir os piores insultos contra o outro. Observando aquele espectáculo, um homem sábio aproximou-se deles para servir de mediador. Então, o homem agressivo fugiu a correr e o que ficou explicou ao sábio:
- Estou desolado. Posso dizer-lhe que pratiquei métodos para atingir a estabilidade mental e que, graças a eles, fui capaz de manter a calma apesar dos insultos daquele homem. Mas, ainda por cima chamou-me parvo. Como é que isso o ajuda?
- Não te aborreças, amigo - disse o sábio.- Se ele pensa que és parvo, quando o aborrecimento lhe passar, sentir-se-á aliviado porque pensará que és, simplesmente um parvo. Se, pelo contrário fores mesmo parvo, continuarás a sê-lo quer ele o ache quer não" ("Os melhores contos espirituais do Oriente", Ramiro Calle)