quinta-feira, 2 de abril de 2009

Conto de Páscoa

Esta noite o impensável aconteceu.
Um casal dormia após um fatigante dia de trabalho. O bebé, depois de uma hora de luta, tinha sido vencido por um sono profundo.
Até que, um barulho repetitivo irrompe no sonho que Darlene estava a ter, no qual ela era estrela no "Ocean's Fourteen" e tinha um caso amoroso, em simultâneo, com o Brad Pitt e o George Clooney. Isto, antes de lhes roubar os milhões de dólares, roubados pelo grupo a um coleccionador de arte protagonizado por Hugh Jackman, o qual como parte do plano ela tinha seduzido, e fugir com o motorista personificado por Clive Owen. No hotel de cinco estrelas onde já estavam instalados ouvia-se vindo do além: "vrum vrum", "vrum vrum", "vrum vrum".
O sonho começa a incomodar e o sono a ficar mais leve... Darlene acorda estremunhada e, sem ter a certeza se dormia ainda ou não continua a ouvir: "vrum vrum", "vrum vrum", "vrum vrum". Percebe que não é um sonho... Atarantada acorda Asdrubal, deitado a seu lado, e sussurra amedrontada: "Amor, acho que está alguém cá em casa!!"
Asdrubal, homem calmo por natureza, ouve também ele: "vrum vrum","vrum vrum", "vrum vrum"... Percebe que não é mais um dos histerismos de Darlene. Levanta-se, qual homem viril, e irrompe pelo negrume do corredor para ver o que se passa (teria levado o taco de basebol se o tivesse).

Pensando em homens de grande porte, de cara tapada, prontos a espancarem o marido e a violarem-na sem misericórdia, Darlene ainda diz baixinho, por debaixo dos lençóis: "Tem cuidado!"
Asdrubal segue o barulho que, cada vez mais intenso, o conduz à casa-de-banho. Acende a luz e é então que o vê ...
O peixinho de borracha, trazido de Londres e oferecido ao bebé pela tia Missangas, batia inconsolável a sua barbatana fora de água. No banho da tarde, para tristeza do Gui tinha fenecido... mas, certamente inspirado pelo período pascal, ressuscitava agora com grande alarido e para gáudio de todos!

quarta-feira, 1 de abril de 2009

it´s so good to me ohh babeeeee

faz hoje anos que morreu o marvyn gaye e porque recordar é viver: when i get that feeling (...) so fine (...), ohhh yeahhh. talvez com um musicol deste a malta não andasse tão presssionada e o estado de direito tão a perigar...ohhhh yeahhh, when i get this feeling, darling.

Duas Mulheres Argentinas

UN SOL
Mi corazón es como un dios sin lengua,
Mudo se está a la espera del milagro,
He amado mucho, todo amor fue magro,
Que todo amor lo conocí con mengua.

He amado hasta llorar, hasta morirme.
Amé hasta odiar, amé hasta la locura,
Pero yo espero algún amor natura
Capaz de renovarme y redimirme.

Amor que fructifique mi desierto
Y me haga brotar ramas sensitivas,
Soy una selva de raíces vivas,
Sólo el follaje suele estarse muerto.

¿En dónde está quien mi deseo alienta?
¿Me empobreció a sus ojos el ramaje?
Vulgar estorbo, pálido follaje
Distinto al tronco fiel que lo alimenta.

¿En dónde está el espíritu sombrío
De cuya opacidad brote la llama?
Ah, si mis mundos con su amor inflama
Yo seré incontenible como un río.

¿En dónde está el que con su amor me envuelva?
Ha de traer su gran verdad sabida...
Hielo y más hielo recogí en la vida:
Yo necesito un sol que me disuelva.

Alfonsina Storni, a costureira, operária, actriz, professora e poetisa argentina, que um dia entrou pelo mar... história aqui cantada por Mercedes Sosa, cançonetista argentina, hoje hospitalizada (peço desculpa pelo vídeo piroso...).



Gracias a la vida!

terça-feira, 31 de março de 2009

A velha canção da cortiça


O Consciência Democrática do regime diz que não se podem levantar suspeitas sobre questões que abalam os fundamentos do Estado de Direito.
Não consigo imaginar uma boa Constituição sem uma Constituinte suspiciosa.
Junto este post a quem queira falar por meias palavras.
O que eles têm é medo de bons entendedores.

Limpar os ouvidos

Estava aqui a trabalhar e sentia que tinha os ouvidos com muita poluição...
Fiz uma busca na net e encontrei o que precisava: cotonete!

http://cotonete.clix.pt/listen/bestrock/wmp_player.asp?template_path=/listen/bestrock/&version=7&channel_id=16


Uma rádio online non stop que nos permite escolher os estilos musicais que queremos ouvir, desde as baladas dos anos 80, à mais recente música alternativa, bandas sonoras, jazz, blues, world music, clássica, etc, etc.
Esta manhã estive a ouvir as músicas do universo Tarantino.
Brilhante!

espelhos

há horas de partir espelhos a pontapé. só para rever a nossa imagem mais pura nessa água de diamantes onde se estanca o sangue dos golpes.

domingo, 29 de março de 2009

Loucuras numa tarde de vento e sol



- O Sr. Dr. acabou de chegar. Faça o favor de entrar!

Ainda tentou balbuciar que a consulta não era para si, que estava ali apenas para fazer uma marcação.... mas a mulher estava demasiado apressada e tinha demasiadas certezas para perder tempo com divagações.

- Entre e deite-se nessa chaise longue. O Sr. Dr. vem já. Talvez seja melhor descalçar-se. Vai ver que vai ajudar.... Pouse a mala... O Dr. não quer que nada a perturbe ou distraía....

- Mas....

- Tire também o casaco...

- Eu....

- Vou correr a persiana...- Está nervosa? O Dr. vem já - disse continuanado sem lhe prestar a devida atenção antes de sair e bater com a porta - espero não ter de lhe dar um sedativo.

Olhou em seu redor... na sala ampla encontravam-se apenas, para além da chaise longue,uma poltrona, uma secretária e um cabide. Não existiam candeeiros, quadros ou quaisquer elementos decorativos... Sobre a secretária duas velas exalavam um cheiro a magnolia e jasmim....

Descalçou os sapatos, deitou-se na chaise longue... os ultimos dias haviam sido muito cansativos... primeiro aquele reencontro inesperado no supermercado, entre os escaparates dos bifes de peru e a banca dos enchidos, a reportá-la há mais de 20 anos atrás, quando aquela voz doce ainda ecoava no seu coração, depois as confissões, também inesperadas de uma amiga numa noite de insónia.... e por fim aquele pedido de ajuda a requerer uma intervenção imediata....

Deitada deixou que a paz e os cheiros lhe inebriassem os sentidos...

..........

No pequeno restaurante do Alentejo profundo os sorrisos misturavam-se com o cheiro a tomatada e a migas com entrecosto. Pincelou, abundantemente, as pernas de frango com molho picante, distraídamente, enquanto embebia o arroz no molho de tomate...

Lá fora o vento soprava dispersando a areia desde a praia até ás ruas vizinhas...

- Posso servir-lhe uma sobremesa? - perguntou o empregado, por detrás de uns oculos fortemente graduádos, enquanto ajeitava o rabo de cavalo e piscava o olho - aconselho-lhe o Molotof com os ovos caseiros.

Recusou distraídamente, a pensar na dieta e nos dias de praia que se avizinhavam...

- Permita-me então que lhe dê o meu número de telefone, para quando quiser encomendar ovos caseiros para o Molotof.. quando precisar de adoçar a sua vida é só ligar....

Olhou de relance o Molotof por detrás da vitrine, no qual pousavem duas moscas teimosas, que depois se debatiam no pegajoso doce de ovos que as colava ás claras.... quase tão pegajoso como o empregado com sotaque alemão que continuava a sorrir e lhe oferecia um pão de ló, doce e fofo, para a viagem...

......

Quando a porta se abriu, continuava deitada, sem ter a certeza de ter sonhado ou apenas deixar a mente acompanhar a imaginação....

Sentiu uma presença atrás de si... e depois pequenos passos, curtos e suaves, que atingiram a poltrona ao lado da secretária....

Continuou rendida à indolência..que inesperadamente e contra os seus objectivos, a fizera deitar na cadeira onde se encontrava....

Manteve-se a olhar fixamente um ponto ao acaso no seu angulo de visão...

- Boa tarde- a voz que vinha detrás de si tinha um sotaque alemão...

Virou-se...E viu então um homem com oculos de grossos aros, fortemente graduados e com o cabelo apanhado num rabo de cavalo, que a encarou.

- Sempre vai fazer o Molotof? Escusava de ter vindo cá buscar os ovos... bastava tê-los encomendado pelo telefone... eu teria ido levá-los com muito prazer... e comeriamos juntos o doce... de ovos....

a hora de verão e o tempo a ruir

A MINHA PARTICIPAÇÃO NO BLOGUE

A minha participação no Blogue


Depois de uma ausência de mais de duas semanas, o peso da ingratidão abateu-se sobre mim. Dormir, dormia. Comer, comia. Mas sabia que havia qualquer coisa a atormentar-me. Algo indefinido, impalpável. Remorsos para com a família foi logo o meu primeiro pensamento. Mas não, até tinha atendido o telefone à mana e visitara o pai. O que seria então? Não atropelara ninguém e fugira. Não tinha surripiado livros em qualquer loja. Nem sequer cuspira para o chão ou deixara cair sub-repticiamente o papel de um rebuçado no chão luzidio do gabinete da directora da DGAJ. Mas então?...
Até que uma noite, sem que nada o fizesse prever, acordei sobressaltada e a transpirar. Era o BLOGUE. Aquele do chá. Sim, não era o da aguardente. O do vinho tinto. O da cervejola. Era o do CHÁ. Mais feminino, claro. Chá das cinco, com rainhas, parece que a inglesa é a preferida. Velhota e apreciadora de veados. Fica sempre bem a uma rainha, que tem hectares de terreno para a caça, e ainda por cima num país que tem uns terroristas armados em proteger animais (que absurdo! “Tá” visto que os bichos apenas se destinam a servir o homem – com H grande), mostrar ternura por uma veado. Claro que acabou morto, mas aqueles cinco segundos de emoção no rosto da rainha....
E então veio a dúvida... escrever sobre o quê? Se calhar o melhor era não escrever nada, colocar um vídeo do you tube e a coisa estava feita. Mais duas semanas de vida descansada!!

Depois pensei assim (agora vou colocar em directo o meu pensamento)
- e por que não falar do meu tema preferido?
- Do teu tema preferido? Não achas para começar demasiado arriscado?
- mas é o meu tema preferido!
- Pois, mas os outros... não sei... parece-me,
(neste momento fez-se um silêncio no meu pensamento)
- Está bem, eu aceito.
- aceitas?
- Sim, mas durante uma semana quem manda sou eu!
- combinado.

E assim foi.
O meu tema favorito, como já descobriram e esperavam ansiosamente que alguém me travasse, sou Eu.
Depois do acordar sobressaltada, e da luta entre mim e eu, perguntei-me, sim perguntei-me, qual teria sido a razão do esquecimento do blogue.
E não havia como negar, tudo tinha a ver com o meu feitio, essa coisa adversa à mudança. O blogue não existia na minha vida, não tinha um dia da semana e uma hora para ele e, sem ser assim, tudo perfeitamente ritmado, igualzinho, semana sim, semana sim, não funcionava. O Kant, meu seguro antepassado, compreender-me-ia. Mas agora já não há Kant’s. Tinha então de decidir-me. Tornar a mudança num ritual antigo. Fixar, por exemplo, todos os Domingos entre as 22H00 e as 23H00. JÁ ESTÁ. Agora é só gravar e o robot todos os Domingos daqui para a frente entre aquelas horas estará no blogue. Todos os que me conhecem, amigos, inimigos e assim a assim, saberão sempre onde estou. Não é simplesmente maravilhoso!!

Já estou a imaginar as minhas conversas no futuro.
o outro – olá Solarenga.
eu – olá outro.
o outro – estava aqui a pensar em irmos ao cinema. Que te parece pá? (resquícios evidentes do 25 de Abril e da idade real deste outro)
eu – adorava meu (tentativa de disfarçar a idade fingindo-me um pouco mais nova) mas não posso. Já tenho um compromisso. Ao Domingo à noite é assim.
o outro – ó pá que pena pá.
eu – pois...
o outro – e não dá “pra” (não é um professor, não se preocupem) desmarcar. Está um filme maravilhoso no cinema e...
eu – não dá!
o outro – se é assim!
eu – é assim... é assim....
o outro – hum...
eu – hum...
o outro – e esse compromisso inadiável é segredo? (bisbilhoteiro, o outro)
eu – claro que não meu.
o outro – então pá diz lá pá.
eu – pois... (a voz ligeiramente irritada) a essa hora tenho de escrever num blogue!

HÁ PESSOAS MESMO MUITO ESQUISITAS!!!!
(tentei passar um vídeo mas não consegui - era
I don't like monday´s - Boomtown Rats)

sábado, 28 de março de 2009

lisbon sun


foi uma noite dançante para mim, para a soprónia e para o huguinho ( petit nom : petit prince), ao som dos ramones interpretados pelo mano paulo franco e pelo joão guincho no musicbox. o paulinho é muito mais bonito que o vocalista dos ramones! mana põe-te a pau, havia uma loura louca que babava no palco...
i´m gonna sleep now!

Cars and Girls


Brucie dreams lifes a highway too many roads bypass my way
Or they never begin. innocence coming to grief
At the hands of life - stinkin car thief, thats my concept of sin
Does heaven wait all heavenly over the next horizon ?
Lifes a drive through a dust bowl, whats it do, do to a young soul
We are deeply concerned, someone stops for directions,
Something responds deep in our engines, we have all been burned
Will heaven wait all heavenly over the next horizon ?
Little boy got a hot rod, thinks it makes him some kind of new god
Well this is one race he wont win,cos lifes no cruise with a cool chick
Too many folks feelin car sick, but it never pulls in.
Brucies thoughts - pretty streamers- guess this world needs its dreamers
may they never wake up.
But look at us now, quit driving, some things hurt more much more than cars and girls.
Just look at us now, start counting, what adds up the way it did when we were young ?
Look at us now, quit driving, some things hurt much more than
cars and girls.



sexta-feira, 27 de março de 2009

1.2.3. reinvenção na noite primordial

não há lugar para lamúrias!



(preferia a versão 1., da adriana, mas não encontrei nenhuma suficientente audível)

quinta-feira, 26 de março de 2009

Outros Amores


EDDIE- Eu não me vou embora. Já não me importo com o que tu pensas. Não me importo com o que tu sentes. Nada disso é importante. Eu não me vou embora. Vou ficar aqui. Não me importo que entrem dúzias de "amigos" por aquela porta. Vou enfrentá-los um a um. Não me importo que odeies a minha maneira de ser. Não me importo que detestes olhar para mim, ouvir a minha voz ou sentir o meu cheiro. Vou ficar aqui para sempre. Nunca te hás-de ver livre de mim. Nem nunca hás-de conseguir fugir de mim. Eu hei-de encontrar-te estejas tu onde estiveres. Sei exactamente como funciona a tua cabeça. Acertei sempre. Acertei todas as vezes.

MAY- Tens de acabar com isto, Eddie.

EDDIE- Eu não vou acabar com nada!

(Pausa.)

MAY (calma) Muito bem. Ouve. Eu já não percebo a tua cabeça. A sério, não percebo. Agora precisas desesperadamente de mim. Agora não podes viver sem mim. Agora fazias tudo por mim. Porque é que eu hei-de acreditar desta vez?

EDDIE- Porque é verdade.

MAY- Mas também era verdade todas as outras vezes. Todas as outras vezes. Agora volta a ser verdade. Há quinze anos que tu me tratas como se eu fosse uma coisa. Há quinze anos que eu tenho sido um yo-yo nas tuas mãos. Eu nunca te menti. Nunca fiz jogo duplo contigo. Ou te amava ou não te amava. E agora, pura e simplesmente, não te amo. Estás a perceber? Percebes? Não te amo. Não preciso de ti. Não te quero. Estás a perceber? E se agora ainda aguentas ficar, é porque estás louco ou não passas de um pobre diabo.

Sam Shepard- LOUCOS POR AMOR

quarta-feira, 25 de março de 2009

Love is an Accident

"O acaso tem destes sortilégios, a necessidade, não. Para um amor se tornar inesquecível é preciso que, desde o primeiro momento, os acasos se reúnam nele como os pássaros nos ombros de São Francisco de Assis."
Kundera, «A Insustentável Leveza do Ser»







Há dias em que o amor tem mais significado. Aquele amor que começa numa sucessão de acasos, nos arrebata, cresce, vive em nós. O amor que se alicerça nas certeza e se esboroa nas dúvidas. O amor que nos faz sorrir diariamente e, paradoxo, nos faz chorar. Que nos deita na cama, nos abraça, nos beija, nos envolve. O amor dos filhos que geramos. O amor à vida que nos vê passar e construir coisas juntos. O amor que se estende aos cheiros e sabores que permanecem. Aquele que também se deixa arrastar por um quotidiano de fadiga, de irritação, de monotonia. O amor que cai no esquecimento. O amor que também morre e tem de ser enterrado rapidamente, para que possa renascer, mais forte que nunca, numa futura coincidência.
É tão simples e piroso como: I love you!

terça-feira, 24 de março de 2009

Conselho ...para aqueles dias....






Não leve a vida tão a sério!
Dance
Descanse
Vá às compras


Durma um pouco
Beije muito!
Relaxe junto da natureza
Atreva-se
Solte boas gargalhadas
Grite bem alto
Atreva-se com a culinária
Tome banho de espuma

.... e seja feliz!

com os votos de felicidade para swann (leda via mosca)

segunda-feira, 23 de março de 2009

Filmes da vida





Em 1978 ainda se escreviam cartas de papel, com selo e tudo, daquelas que depois se enfiavam no marco de correio e chegavam na sacola de cabedal do carteiro, que era esperado religiosamente ás 10h de cada manhã.

Eram outros tempos... vividos sem pressas... Um dia para aprimorar a letra e comprar o selo, outro para passar pelo marco mais próximo, dois ou três para que o processo normal dos CTT cuminasse na pretendida entrega...

Tinham-se conhecido, por força do acaso, à porta da Cinemateca, quando ambos livres esperavam um táxi numa tarde de chuva...

Resolveram partilhá-lo, depois de horas de espera...primeiro até á casa dela...

- Obrigada, é ali mesmo no 4.º Dto.

Com a pressa deixou cair o disco que comprara com um dos êxitos romanticos do último festival da canção...

Ele guardou-o depois juntamente com a imagem do sorriso jovial que não conseguiu esquecer..


Põe os teus braços à volta de mim
Leva-me a um cinema de sessões contínuas
Onde não haja princípio nem fim
Mas apenas nós

Põe os teus braços à volta de mim
Vamos provar a noite dessas avenidas
Onde não haja princípio nem fim
Mas apenas nós

Esta noite não é noite
Não é noite de dormir
Nem esta nem a que vem
Nem aquela que está pra vir
As nossas noites nunca serão noites
de dormir

Põe os teus braços à volta de mim
Não nos importa que falem os outros
Que somos loucos
Sem princípio nem fim
Já sabemos nós

Escreveu-lhe numa carta...

Depois passaram a encontrar-se todos os dias num dos cinemas mais carismáticos da cidade, no King, no Quarteto, no Nimas, onde começaram por chupar drops de anis...

Durante muito tempo passaram noites no cinema em sessões continuas...

Separaram-se numa tarde de sol, depois de assistirem juntos, pela décima vez, a « Manhattan » e descobrirem que já não tinham rido das mesmas piadas... a relação não resistiu à rotina... nenhuma resiste....

Separaram-se por não terem entendido o significado que cada um deu à canção que começaram por ouvir...

Há dias, entre dois, de lojas de moda, e um da TMN, ela recebeu no telemóvel um SMS proveniente de um número desconhecido ... « amanhã na Cinemateca ? »


Ainda pensou ir já esquecida do que fora a rotina instituida de outros tempos.... mas no dia seguinte em vez de chuva, estava um dia de sol radioso e resolveu aproveitá-lo, na melhor companhia- a sua....

domingo, 22 de março de 2009

as pessoas normais e as caves


diz-me o que escondes na cave e eu dir-te-ei quem és.

sábado, 21 de março de 2009

Ma'am


Convencida do fracasso da minha enlevada nelinha e uma vez que já se alardeia a dor de cabeça das comemorações dos 100 anos da república (do regicídio, portanto), pus-me a ver pela segunda vez A Rainha, para me lembrar que ele houve uma direita…
… de luto pela morte da loira, baixando o som aquando os discursos das pop stars clinton e mandela na televisão, para ponderar que o melhor para as crianças era o ar fresco de Balmoral e o stalking a um magnífico veado de 14 pontas recentemente avistado;
…que reagiu ao funeral de Doddy Al Fayed com inveja: sem imprensa, sem fotografias, muito digno;
…da Rainha Mãe que consentiu que o seu funeral ensaiado fosse levado à prática em memória de uma ex-HRH, bastando ao camareiro-mor trocar 400 soldados por 400 celebridades, por causa de um bando de histéricos segurando velas que precisam de ajuda com o desgosto deles?
…que responde assim a Mr. Blair, que exigia que abandonasse Balmoral: if you think I´ll go to London without attending to my grand-chlidren, who have just lost their mother, you´re mistaken. This is how we do things in this country; quietly and with dignity;
…que se angustia: there´s been a change, a shift in values…
Helen Mirren (procurem-na no filme em vão; só vão encontrar Isabel II) ganhou o Óscar por causa do veado de 14 pontas, ferido e não morto por um banqueiro de Londres, em visita turística a Balmoral. Explicar porquê é uma blasfémia: please pass my congratulations to your guest…
Esta é a minha direita: duty first, self second.
Mas ele há Mr. Blair: we must modernize…

sexta-feira, 20 de março de 2009

parindo paris digital

acoitei-me no hotel amour, e sonhei com um amor brilhante de néon.
fiz planos para o futuro que me esqueci de tirar da mala no regresso.
*
apaixonei-me por mulheres e homens de mármore, por jogos de luz e sombra , pelas cores vivas de alguns quadros (ingres e as suas banhistas turcas)
quedei-me a escutar sob um sol morno.
observei as vidas dos outros emolduradas pelas vitrines dos bistrots.

lembrei-me das amigas da roda de chá e de como seria divertido uma jantar de blogue à paris.

fui fútil a sonhar-me vestida pelos grandes costureiros
deixei prender a lente da leica a alguns grafitis pop nascidos em canteiros de uma rua judia.
revi velhas amigas, reproduzindo-lhe os passos nas ruas que eram delas.

apreciei livros, vinhos, queijos e outras iguarias.
guardei memórias digitais por desconfiar cada vez mais da minha e, de quando a quando, me lembrar da fábula da cigarra e da formiga a propósito da necessidade de armazenar o que ruminar na idade maior.
viajei, pois.