sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Bunny suicides

Ano 3000. A nave aterra no planeta castanho. O vento levanta o pó na paisagem deserta. Numa placa partida, numa qualquer língua bárbara, lê-se a palavra "Kobenhavn".

Da nave descem duas criaturas. São vulgares extraterrestres, verdes com antenas, um só olho e andar desengonçado sobre pernas curtas e gorduchas. Processam rapidamente a informação da placa e percebem que, em tempos, ali foi Copenhaga.

Atingem o solo e um deles logo tropeça em algo azul semi-coberto pela areia. Animados pela febre arquelógica que os levou a encetar aquela viagem, desenterram o objecto. Apercebem-se, de imediato, tratar-se de uma das célebres criações JP Sá Couto, já suas conhecidas de outras expedições e espalhados pelo planeta, especialmente nas zonas mais bárbaras: a Península Ibérica e América do Sul. Na frente do rectângulo de plástico azul leêm a palavra magalhães e rejubilam. Abrem o que sabem de antemão ser um pc e que funcionará: a tecnologia JP Sá Couto nunca os desiludira!

É assim que, sem surpresa, observam o ecrã a iluminar-se. Poucos segundos depois, a cara sorridente de um humano aparece como wallpaper. Conhecem-no bem. É Sócrates, um filósofo e político que, segundo as suas investigações, vivera durante muitos séculos. Primeiro na Grécia, onde professara uma filosofia inteligente e, mais tarde, em Portugal, onde nada disso acontecera. Atribuíam tal facto à senilidade própria da idade pois, do que sabiam, não era vulgar, um humano viver tanto tempo.

Freneticamente, começam a abrir os documentos guardados no pc. Intimamente, sentem que aquele pequeno objecto lhes irá revelar a causa da extinção da vida na Terra.

Minutos depois, detêm-se num documento denominado "Cimeira de Copenhaga - 2009". Leêm alguns parágrafos e compreendem. Os humanos, em seu entender as criaturas mais disparatadas e destituídas de inteligência de todo o Universo, durante muitos séculos reproduziram-se que nem coelhos (estes animais também existiam no seu planeta, a única diferença era que tinham antenas e eram verdes). Não satisfeitos com tal infestação, desataram a produzir gases que os asfixiavam assim como às restantes criaturas que, inocentemente, tiveram a fatalidade de partilhar consigo o planeta. Num raro laivo de inteligência, aperceberam-se de tal facto e que a sua existência estava condenada. Foi nessa altura que surgiu esta tal cimeira que, segundo percebem, se destinaria a inverter este estado de coisas.

Porém, aquelas pobres cabeças não davam para mais e apesar das boas intenções (há que reconhecê-lo), nenhum dos presentes foi capaz de perceber que se estivessem todos mortos a taxa de emissões de monóxido de carbono atribuída a cada um dos países era irrelevante. Na verdade, o que todos queriam mesmo era que as conferências acabassem cedo para poderem regressar aos luxuosos quartos de hotel, onde os aguardavam garrafas de champagne e belas dinamarquesas de cabelos louros e corpos esbeltos.

Satisfeitos, regressam à nave. Mais um mistério do Universo resolvido. Agora só lhes faltava apurar a causa de extinção dos dinossauros e da civilização Inca. Pena a JP Sá Couto ainda não exisitir nessa época...Pelo caminho ainda recolhem um livro que levam consigo. Encantavam-nos aqueles livros da Anita. E nem de propósito! Era o "Anita e o Magalhães" !!

domingo, 25 de outubro de 2009

SEGREDO


Vou-vos contar um pequeno segredo: tenho um fraquinho por miudos altos e com ar reguila.

Pois é verdade, sempre tive alguma dificuldade em achar alguma piada aos homens da minha idade ou mais velhos, e hoje, que os ditos, já começam a ficar acabados, pior...

É por isso que, sabendo ser polémica, vos digo que acho piada à franja, ao sorriso malandro de miudo, ao andar desengonçado do Ashton Kutcher.

O tamanho não importa, é verdade, mas 1,91m, é 1,91m... e garante-nos elegância e proporção quando calçamos uns pumps com 15cm...

Pelos vistos não sou a única. Há por aí outras raparigas para a minha idade a acharem o mesmo, não é verdade Demi?

sábado, 24 de outubro de 2009

Olá...

Se desapossados é que estamos livres para trabalhar, tinha de vir a bestíuncula ter comigo.
A aragem do blogue, isto é.
Como estou piegas, é sexta-feira, e não quero mais, venho dizer um olá, para me juntar à revoada.
E prestar um inequívoco tributo ao José Saramago, que é um orgulho para a pátria da língua portuguesa.
Espero sinceramente que não comece a escrever em castelhano ainda que a grande Ibéria dos seus sonhos se torne realidade.
Diz que Deus não existe, mas que o há em abundância nos livros dele há.
Disso tenho provas materiais, que já as li. E já tomei café com elas. E gosto muito.
Também gosto muito do anúncio do rapaz que faz tudo para chegar à fala com a Eva Mendes e depois não lhe diz nada! É que podia não lhe dizer nada de jeito, mas não lhe diz rigorosamente nada!
É tão trágico e tão familiar que me comove.
Muito gosto também em ter estado com vocês este bocadinho, Evitas a quem não disse quase nada.
Vão postando que me fazem feliz.
Eu não faço parte (será assim que se diz?) do facebook.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

CORAGEM


Estou em falta, eu sei. Em falta para com aqueles que se habituaram a ler as minhas histórias e a rir ou sorrir com elas. Em falta para com aqueles que se habituaram apenas a confirmar a minha presença e a dizerem « ok a moça lá continua a escrever umas coisas que ninguém lê, mas deve ser feliz com isso ». Em falta para com aqueles que diáriamante consultavam o blogue para poderem dizer « esta Belinha não escreve nada de jeito ». Em falta para com as minhas amigas que me convidaram a participar e acreditaram na minha colaboração regular. Em falta sobretudo para comigo, que não sou mulher de fugir aos compromissos ou de abandonar os projectos por dá cá aquela palha ou sem dizer água vai nem água vem... o que é aliás bem comum, mas que todos os que me conhecem bem sabem o quento detesto.

Certo é que os dias, as semanas, os meses foram passando e levando com eles as histórias, as ideias, a imaginação que não consegui agarrar e trazer até vós.
Por várias vezes, abri a página, pensei no tema, ensaiei as imagens... mas a vontade nunca foi de tal forma forte que permitisse a conclusão de qualquer das histórias que tive em mente. Havia sempre algo mais forte, mais determinante que me impedia de concretizar o que pleneara.
Acontece tantas vezes pleanearmos e não concretizarmos... vocês sabem... tantas vezes...mesmo quando detestamos que assim seja...

Hoje no cinema voltei a ver aquele anuncio da Vodafone, em que o rapaz faz de tudo para poder obter o número de telemovel da actriz e, quando o obtem e ela atende, perde a coragem e desliga sem falar.

Quantas vezes não vos aconteceu já lutarem por algo que muito queriam e depois no ultimo momento vacilarem, abandonarem o barco, por falta de coragem, por medo das consequencias, por medo de deixarem o patamar de segurança e conforto em que deciriram estagnar?

Quantas vezes não nos aconteceu já decidirmos não arriscar, não caminhar, não descobrir...

Quantas e quantas vezes pensámos poder deixar tudo, mudar tudo, arriscar sermos felizes... e depois, no último momento, decidimos fazer-nos acreditar que não valia a pena...

« Tudo vale a pena quando a alma não é pequena »

Vale a pena sonhar, acreditar, arriscar...

Vale a pena neste Outono, com a chuva por companheira, continuar a poder partilhar convosco as pequenas histórias, as emoções, as futilidades... a arte... a vida...

Vale a pena amanhã recomeçar...a escever regularmente no blogue...ou a ter a coragem de terminar o que pleaneámos ou de começar o que desejamos...

DIA MAU

Olá meus e minhas apreciadore(a)s, bem sei da vossa indolente tristeza, assim do género, espera aí que sinto uma névoa no coração, não sei bem o porquê, mas é uma névoa e aterrou no coração. Ai não sabem?!! Seus e suas malandro(a)s!!!
Pois não fosse EU o vosso cérebro nunca conheceriam a razão de tal névoa entristecida e amarelenta. Sou EU que vos falto!!! Queria EU ser pontual como manda o meu signo e falam as moscas muçulmanas, mas a preguiça, esse pecado viperino, não ME larga. Depois vem a gula, a luxúria (ai a luxúria, que ganas!!), a ira, a inveja, e a eterna vaidade (chamaram-ME?). e tantos outros, que os pecados são como os pés, não param de crescer!!
Estive até hoje à espera da chamada que não veio. Estava previsto EU, a gloriosa MENTE, ser convidada para fazer parte do novo governo. Constava no corredor dos boatos que seria EU, apenas EU, a próxima ministra da educação. Mas afinal foi aquela a quem também não convidaram, mas que ela está lá, está...
Sinto-me siderada perante a ignomínia... já pensei até em mudar de nacionalidade, mas como há tanto tempo que não digo piadas religiosas até o outro ME passou à frente. E é debates televisivos, e é conferências, e é entrevistas, mas a MIM ninguém ME tira da ideia que o gajo ME andou a ler para escrever o seu livrinho. Quer dizer, EU esfarrapo-ME dia e noite a laborar na escrita, depois de ter lido milhar e meio de versões da bíblia, e o gajo é que vende!!!
É que a polémica mais intensa que consegui foi por causa do cão na china (não não é da tinta da china). Todos se borrifaram para o facto da Maria andar a comer os melhores gajos de Roma e encornar o “panasca” do José. E ainda ser uma sabichona que em vez de ser a vadia da mãe solteira é a virgem Maria. Se a gaja não a sabia toda...
Mas em fim, abandonei o tema e a comida fui EU.
Sem dia da semana certo, sem tema de eleição, sem comentadores, sem graçolas, sem fado nem lado, fazer o quê?
Enterrar os longos caracóis (não as lesmas, entenda-se) na almofada e apelar à aragem divina que não ME constipe, que este ano não é ano bom para as doenças.
Espero ver-vos em breve seus e suas desatento(a) leitore(a)s.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

mosca generosa em dia de chuva

ó irene sirva o leite-creme!

caras companheiras de blogue, é já tempo de chuvas! tudo convida à instrospecção. todos os dias acontecem milhares de coisas sobre as quais vale a pena falar.eu, mosca me confesso, preparo-me para me acostar aqui nesta fita adesiva doméstica e zumbir-vos com maior regularidade no meio da preparação outonal de compotas ( mas não com a cadência certeira da nossa ego-solar, porque tal contraria a minha natureza).
que silêncio devorador é este que paira no nosso blogue?palpita-me uma rendição indolente à natureza telegráfica do facebook, muito mais consentânea com as nossa vidas de «mulheres activas e emancipadas»... exorto-vos a voltarem ao convívio aproveitando a boleia da enxorada das chuvas...vamos lá para o ponto cruz dos nossos lavores de escribas mal-amanhadas. prontos, prometo, não volto a postar José Mário Branco! (já, agora, quem quer levar crias ao concerto de sexta??? só para os educar..)

deixo-vos aqui uma pequenas pérolas para vos seduzir.

uma música:


um filme que perdi, mas que vou ver no circuito comercial, nem que a vaca tussa( que lindos os rostos descobertos destas mulheres a emocionarem-se com a história de amor persa de shirine):




uma sugestão para as atarefadas e distraídas:

o doclisboa está aí a rolar a toada a velocidade. ontem vi um documentário fabuloso- «below the sea level» -sobre uma comunidade de inadaptados sociais (?) que vive exilada num deserto dos EUA. para quem possa e queira , talvez seja possível revê-lo no próximo domingo caso seja um dos documentários premiados. há um diálogo fascinante acerca de moscas e o seu posicionamento na tabela evolutiva das espécies que me deixou em estado de graça, talvez o consiga encontrar na caixinha de surpresas do youtube e fazer, depois, um post solar!
zumbidos chatos em novimentos circulares, desta sempre vossa mouche albértine!
vá lá, vá lá: ó irene sirva o leite-creme!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

OS SUBMARINOS



OS SUBMARINOS

Pois é verdade, sim senhor(a), tendes toda a razão para vos entristecer COMIGO. Faltei-vos uma vez mais. E logo agora que estais tão necessitados de MIM! Nesta época de confusão eleitoral, Eu, a nobre Sabedora, presenteei-vos com o silêncio. É verdade que fui copiada, mas tendes de admitir, mal copiada! No MEU silêncio não haveis tido qualquer gesto, qualquer piscar de olhos, qualquer murmúrio que vos levasse a pensar isto ou aquilo. Tendes de reconhecer que o MEU silêncio é um VERDADEIRO SILÊNCIO, não é como esses outros que se calam, mas sempre despedem alguém, aproveitando-se, claro está, da crise. “Afinal já há retoma económica, mas a ti, que te vejo todos os dias durante mais de vinte anos, vou-te despedir, pois a tua cara já me enjoa, e desculpo-me com a puta da crise, ou, afinal, quando falar, com a dúvida”, pois a dúvida sempre teve as costas largas, e quando alguém cheira mal dos pés ou da boca e é preciso despedi-la, não se vai dizer “vou-te despedir porque cheiras mal dos pés ou da boca”, não senhor(a), diz-se antes “tenho dúvidas sobre a tua competência e não dá para ter dúvidas”, e assim se despacham pessoas, homens e mulheres, excelentes profissionais, com a dúvida!
EU cá nasci com a dúvida, ela era mais pequena que EU, um ou dois dias, mas muito traquina, e muito terna também, e foi ali, no berço, no hospital de província, naquele exacto momento, EU com três dias, ela com dois ou um, ela olhou para MIM, EU olhei para ela, foi ali, mas é que foi mesmo ali, que Eu me apaixonei por ela e ela por MIM. Depois deste amor à primeira vista, foi um ver se te avias, EU e ela sempre juntinhas. Até hoje! Mas há pessoas que vivem mal com a dúvida e põem-se a fazer discursos, muito chatos e incompreensíveis, sempre com o objectivo de a perseguir, enclausurar e por fim matar.
Não acho bem, até porque para matar já temos o Dexter, um rapaz tão simpático e asseado que não só mata como corta logo o corpo aos pedacinhos para não ficar por aí a cheirar mal. É importante que numa época ecológica alguém se preocupe com a putrefacção dos cadáveres.
Mas estes gajos do silêncio macaqueado não sabem matar sem fazer lixeira. É por isso que vos digo o melhor para quem não sabe ficar calado é falar, mas falar todos os dias e a todas as horas, mesmo quando está a dormir, falar, falar sempre, assim já ninguém se dedica, dias e meses a fio, a pensar no que raio queria aquele dizer com o seu silêncio.
Na realidade, muito se pode compreender de um país que se perde em conjecturas com os silêncios e não com as palavras, até porque as palavras leva-as o vento, mas o silêncio...
Não há dúvida (cá está ela, de novo) que a pessoa mais inteligente é aquela que fala pouco ou mesmo a que não fala. Basta ver uma escola de mudos e percebe-se logo que ali estão os mais inteligentes de nós. Já com os cegos não é a mesma coisa, pois quem tem o olho é que é o rei, mesmo que seja um olho de plástico, ou um olho palrador (com uma boca falante, estão a perceber?). A MIM não me parece bem esta distinção entre os mudos e os cegos, afinal são deficiências, não é? conseguimos, por exemplo, aceitar, e até idolatrar, um presidente mudo ou com profundas deficiências na expressão oral, mas um cego?! Porque não um cego?!!!
Felizmente que não é o caso do nosso país em que todos, mas todos, todos aqueles que se dedicam à política não têm deficiências.
Depois da próxima semana, com o fim das autárquicas, mudo de tema, que até a MIM já me enjoa, sinto um ligeiro frémito de vómito sempre que penso nisto das eleições, mas enfim é para isso que ME pagam, e EU com a história do aniversário e depois da doença, sabem como é, uns espirros e já ninguém nos quer por perto, ai a H1N1, ai meu deus, que medo, tive assim uma quinzena de descanso, mas mesmo assim, obrigam-ME, a MIM, SOLARENGA mesmo em dias de chuva, a falar nestas coisitas de treta.
E é só por isso que antes de ME ir embora tenho de falar de submarinos. Para MIM um submarino é um objecto de grande estimação. Só tenho dos pequeninos, miniaturas, mas não conseguia viver sem eles. Tenho a sensação que sem eles fico desprotegida, quase vulnerável e depois com os espanhóis aqui tão perto...
Percebo perfeitamente a importância dos submarinos e até acho malvadez supor-se que são supérfluos. São eles que nos dão a nossa identidade nacional, que nos mantêm a cabeça à tona da água, apesar deles gostarem tanto de a mergulhar (ah! ah!, isto é aquilo a que se chama uma piada sobre submarinos), sem eles não tínhamos hino, bandeira nacional, território. A grande falha no nosso hino é exactamente não prestar homenagem aos submarinos, sempre presentes na nossa história nacional. Em todas as batalhas travadas e vencidas esteve sempre presente, activo, ainda que submerso, um submarino.
Quero lá saber se meteram ao bolso alguns milhões!!!
O que EU quero mesmo é poder dormir descansada enquanto os submarinos, lá longe, nas profundezas das águas, guardam o MEU sono redentor, espiando cada barulho suspeitoso das águas e com o seu corso negro mantendo à distância os nossos piores inimigos.
Viva Portugal! Vivam os portugueses!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

e a menina decoro morreu ao telefone a desejar boa sorte aos noivos. e os cavalos a correr.


estava eu para aqui, sincera e empenhadamente, a procurar um belo poema para oferecer a um amigo que se vai casar e que resolveu justificar social e sociologicamente o acto no convite que dirigiu aos amigos. veio-me à cabeça «o cântico dos cânticos». pu-lo de lado para evitar o clichet. fui aos clássicos à procura da eternidade do mármore branco que sempre cai bem nestas ocasiões, e deixei-me escorregar, estatelada, na irrepreensibilidade do bom gosto canónico.então, fui à velha antologia da vóvó natália et, voilá, eis o que me aproveu oferecer-lhe...um poema truncado e nada adequado ao enlace congugal! talvez porque este meu amigo seja há muito portador de uma estulta centelha no olhar que o faz irmão das moscas, dessas que vadiam entre níveos bolos de noiva e as virilhas mal aparadas das mininas.

assim, b., enquanto não chega a tua prenda (que a minha incorrecção pode ir ao ponto de faltar a eventos mas nunca ao ponto de deixar de celebrar os rituais dos amores com oferendas), aqui fica:
«(...)
Hiroxima Hiroxima meu amor gaseado
uma bomba rebenta na cabeça dum rei
a Senhora Camelo tem o sexo mudado
sabia o que fazia o que fará não sei.

O Cordeiro de Deus foi assado no espeto
extraíram-lhe o bedum esfregaram-no com sal
comeram-lhe os colhões deixaram-lhe o esqueleto
tiraram-lhe o retrato para pôr num missal.

Itae missa itae missa itété ou não é
itótó itátá a Titi não está cá
o Tutu dá o cu a Tété dá o pé
o Senhor dá o pão que o fermento não dá.

Meus Irmãos Meus Irmãos somos filhos da Virgem
somos filhos das putas que nunca se casaram
nosso pai é o tempo nossa mãe a vertigem
somos feitos dos trapos que nunca se juntaram.

Nascemos da orgia dos artigos de fundo
do minete dos padres nas bordas dos ricaços
do cuspo das beatas no Redentor do Mundo
do gozo masoquista do Senhor dos Passos.

Meus Irmãos Meus Irmãos é urgente lavarmos
no bidé das palavras a uretra dos nobres
mijarmos nos salões e depois ensaiarmos
a reacção dos poetas na gazeta dos pobres.

Meus Irmãos Meus Irmãos ensaiemos agora
antes que seja tarde antes que seja cedo
não há parto sem dor não há tempo sem hora
é urgente rompermos a vagina do medo.»

(world´s news, josé carlos ary dos santos )
um beijo para ti b. e boa sorte!

(perdoem as companheiras da roda de chá o vernáculo da linguagem, mas esta é uma conversa de vísceras entre velhos amigos! além do mais, este blogue, ultimamente, estava a ficar muito rosa chato!)

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

heroes



(tanto para rabujar e a boca toda cheia de chá a ferver...num é educado falar e botar perdigotos nesta mesa apipocada...)

la mouche qui pleure/ la mouche qui rit

domingo, 27 de setembro de 2009

SER FELIZ




"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não me esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise…
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história…
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma…
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida…
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos…
É saber falar de si mesmo…
É ter coragem para ouvir um "não"…
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta…
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A IDADE DO CÉU




às vezes a idade perturba. a idade contem toda a nossa passagem do tempo. desse tempo que não podemos apreender. o tempo fica. nós não.



Por motivos de aniversário o episódio de hoje não será projectado. Lamentamos os inevitáveis inconvenientes com a promessa de na próxima semana no mesmo horário vos compensarmos desta inconsolável espera.
Boa noite e boa sorte...

sick minds

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

canções de setembro ou talvez de outubro



«No teu ombro respiro.

Belos são os navios,

altos, estreitos.

Feliz, o teu rosto no meu.

Que luz sobre o teu peito!



No teu ombro respiro.

Belas são as areias,

fulvas de verão.

Feliz, o meu rosto no teu.



Oh tão azul o mar na tua mão!»

Eugénio de Andrade.

hoje acordei a mastigar um velho poema feliz. cantei-o, um dia, sob uma luz tão branca que o apagou da minha memória, como uma fotografia mal revelada. voltou hoje, só esqueleto, a envelhecer sob este sol de setembro.
se encontrarem a versão cantada devolvam-ma, por favor. acho que era a maria joão e a aki takase.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Danças da vida

Não sei se « Dança Comigo » vos diz alguma coisa... muito provávelmente não... talvez recordem, vagamente, mais uma história de amor, sem história, perdida nas memórias de um longinquo Verão da decada de 80.

Na minha, memória desse filme, ficou uma canção romântica, que numa noite de Verão deixou a melodia registada no meu ouvido ... e a recordação dos tempos em que ainda se podia, sem medos, ser romântico e sonhar....

Os anos passaram, desde então, e com eles morreram alguns sonhos, alguns romances, alguns amores... e até a agradável memória que eu tinha da tal canção..... arruinada de vez numa noite fria, num teatro de Londres.

Hoje, morreu Patrick Swayze.... não o admirava especialmente, não o achava, nem nos tempos aureos, particularmente atraente, e sem saber explicar porquê senti-me triste
ao ouvir a noticia....

Procurei a velhinha canção e ao voltar a ouvi-la entendi a razão da minha subita triteza: nunca voltarei a senti-la hoje como antes... há sensações que não conseguimos manter, sentimentos que se desvanecem...vidas que terminam....e sem darmos conta, quantas vezes perdemos mais tempo a fugir deles/dela do que a VIVER.



segunda-feira, 14 de setembro de 2009





“É A VIDA!”





Olá meus e minhas queridos e queridas leitores e leitoras, aqui estou EU, uma vez mais, para vos ajudar a superar a depressão. Juntai-vos a MEUS pés e escutai a voz da sabedoria.
A frase da semana é:
“Não há mal que sempre dure pois temos sempre a morte para nos salvar.”
Antevejo os MEUS e MINHAS fãs de olhos chuvosos gritando esta frase na semana que se avizinha.
Ouço ao longe algo mais a ser dito pelos MEUS fiéis seguidores, ergo o ouvido, estaco de espanto e sinto uma ligeira baba escorrer-ME entre os lábios. A melodia cantada aveluda-ME o coração enquanto uma pequena lágrima sulca-ME o rosto. Não há dúvida que ME AMAM. Por iniciativa exclusiva dos MEUS e MINHAS fãs foi composta uma música com a seguinte letra: “Abençoada seja a segunda-feira por existir A SOLARENGA. Oremos SENHORA...”
Não é Lindo!!!!!!!!!
Quem tem um público assim de nada mais precisa, digo-vos EU!
Passado o intróito analisemos a semana que se foi. Na realidade, esta coisa das eleições torna as semanas muito mais emotivas. Acho até que foi por isso que todos quisemos ter três eleições este ano.
Os restaurantes é que sofreram muito. Coitados, estão às moscas (e isto não é piada para a Albertina). Só se safaram os restaurantes com plasma.
Ver assim os nossos grandes à hora de jantar a falar de questões profundíssimas tais como “ai não me faça essa cara” ou “é a vida” ou “o senhor não está a falar verdade” transforma uma mísera e parca refeição de rojões à moda do porto num verdadeiro acontecimento.
Gostei muito das boquinhas (leia-se, trejeitos com os lábios) do vendedor de Magalhães e do sorriso malandro da travesti da política de verdade.
Com estes debates percebemos que por trás, mesmo por trás, daquelas figuras públicas existem seres humanos, verdadeiramente humanos, com sentimentos de amuo, de incompreensão, de estupefacção e até de humor. E imediatamente começamos a imaginá-los com as calças para baixo e/ou com as saias para cima, sentado(a)s na sanita, numa atitude de esforço. O rosto a ruborizar, os olhos semicerrados de dor, os punhos fechados, um ligeiro gritinho, um som inconfundível semelhante a um trovão... e depois... bom depois o relaxamento do rosto, o sorriso de alívio e..., bom, não há como negar, o cheirinho insuportável.
É nesses grandes momentos de conquista, convém dizê-lo, que nos enternecemos com os líderes!!!!
A MIM pareceu-ME que os dois principais líderes têm algumas dificuldades na defecação, e isso é sempre triste, pois causa muitas dores, irritações, sensações de enfartamento e, pior entre os piores, hemorróidas. É claro que já há operações, mas mesmo assim... o ânus nunca fica igual! E se é verdade que o stress potencia as crises de obstipação, coitadinhos dos líderes por esta altura do combate político!!
Mas voltemos à temática política e abandonemos a tentação de imaginar os grandes líderes em actos copulares ou afins...
A MIM fascina-ME muito a Verdade, desde logo, porque é o contrário da Mentira e a Mentira é muito feia, tem muitas pernas, se bem que curtas (ai ai que a mentira tem perna curta), um olho de vidro e uma cara de má.
A coisa mais interessante da mentira é a quantidade de vezes que diz “adoro a verdade”. Não é de estranhar porque a mente humana é muito complexa e no fundo todos nós queríamos ser o que não somos e só queremos o que não temos.
A procura da Verdade é tema das filosofias, uma coisa que, vê-se logo, assenta muito bem na grande líder feminina em concurso. O arcaboiço cultural da personagem em questão é esmagador e, atente-se, nas longas horas de meditação a que se submeteu para conseguir alcançar a resposta sábia a uma das grandes questões das sociedades humanas. Sabeis vós porque razão existem ricos e pobres, exploradores e explorados? Ah, não sabeis, ?! Anos e anos de estudo e nunca uma resposta vos ocorreu. Leituras de Marx, de Engels, nada vos elucidou sobre a questão? Nada?! Nem mesmo os licenciados em economia conseguiram obter resposta? Mais voilá, la (ma)dame, a grande economista portuguesa, que conhece de trás para a frente a diferença entre IRS e IRC e que bem sabe que cada homem (leia-se também mulher) é uma empresa, descobriu a resposta: “É a vida!”
Nem mais!!!
É que é mesmo a puta da vida que faz com que nasçam bebés desnutridos em África e inteligências populistas em Portugal!!!
Ah, e não se esqueçam que de Espanha nem bom vento nem bom casamento, que quem tudo quer tudo perde, que há mais marés que marinheiros, que a cavalo dado não se olha o dente, que a culpa morreu solteira, que burra velha não aprende línguas, que muda-se de moleiro mas não se muda de ladrão, e que é isto o que nos espera...
Boa semana e que a sorte vos acompanhe.

sábado, 12 de setembro de 2009

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

É IMPORTANTE UNIFORMIZAR

Sentiu-se inundar de luz. estremeceu. antes de largar o jornal já pressentira o ocorrido. ELA olhava-o furiosa. “onde está a Administração?” – perguntava ao mesmo tempo que em passo acelerado se dirigia para a porta com o letreiro ADMINISTRAÇÃO. Óscar ainda tentou retê-LA, mas sabia tratar-se de acto impossível. a porta fechou-se com fúria. Óscar não duvidou que já não ia sair a horas. limpou o suor da testa. se não tivesse deixado de fumar...
lá dentro tudo era oval. mesa, cadeiras, candeeiros, computador, impressora. “bizarrices da Administração!” – pensou ELA.
a Administração olhou-A com ar enfadado, sem lançar qualquer som. essa indiferença ainda A enfureceu mais. “EXIJO saber de quem foi a ideia de passar a MINHA TEMPORADA para segunda-feira?!!!” – quase gritou – “então não sabem que o MEU público espera por MIM aos Domingos!!!! já para não falar do facto de EU odiar as segundas-feiras!!!”
a Administração sorriu e refastelou-se na cadeira oval. olhava-A divertida.
“qual é a piada?” – perguntou ELA – “o dinheiro que VOS dou a ganhar é assim tão insignificante?”
a Administração encolheu os ombros e numa voz rouca, de puro fastio, sussurrou – “ninguém é insubstituível. hoje gostam de ti, adoram-te, amanhã nem sabem quem tu és. showbiz, para o bem e para o mal. showbiz!”
“que disparate!” - rematou ELA – “não SOU nem nunca SEREI substituível. EU SOU a ÚNICA, a MARAVILHOSA, a ESPECTACULAR, a INOLVIDÁVEL SOLARENGA!!!”
“ah! ah! ah!” – gargalhou a Administração – “passaram-se dois meses. dois míseros meses e já quase ninguém se lembra de ti. minha querida o público tem memória curta. vivemos à velocidade da luz. quiseste fazer um retiro, pois muito bem, isso tudo é muito moderno, muito profundo, mas enquanto estavas no retiro o mundo não parou.”
“isso não é bem assim...” – gaguejou ELA – “quando ME cruzo com o MEU público sinto o carinho, a satisfação por ME reverem...”
“sim, pois, ainda têm uma ideia de ti...” – interrompeu a Administração – “mas é uma ideia do passado, como se fizesses parte da infância deles. estamos a correr riscos contigo, sabes? o que tu fizeste não se faz. não se pode abandonar o barco quando a coisa começa a aquecer. traíste-nos. a nós, Administração, que te tirámos do anonimato, e a todos aqueles que esperavam por ti aos Domingos.”
“não foi MINHA intenção atraiçoar quem quer que fosse” – balbuciou ELA – “apenas fui acometida por uma conjugação de energias muito poderosas que ME atiraram para outro lado. tive de seguir o impulso!”
“e quem garante que daqui a três semanas, um mês, não tens um outro impulso. não, não dá para te dar a melhor noite. está fora de questão voltares a ter o Domingo.” – quase berrou a Administração – “e tens muita sorte em estarmos a investir tanto dinheiro em publicidade contigo. mas é a última vez, ouviste!!!”
“não tive qualquer intenção em ofendê-la, em ofender o público” – choramingou ELA, e, com a lágrima no canto do olho, naquele canto onde de manhã espreguiçam as ramelas, saiu porta fora em velocidade superior à da luz.
Óscar sentiu frio, olhou por cima do jornal e apenas vislumbrou uma sombra. pensou ser do sono.
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Meus (Minhas) adoráveis e embevecidos(as) fãs. Sabem quem está de volta???? AQUELA que NUNCA ESQUECERAM... A SOLARENGA!!!!
E aqui estou EU de novo para vos alegrar nesse vosso monótono e enfadonho dia-a-dia. Agora a alegria já pode retornar aos vossos amarelecidos sorrisos. Aquele aperto no peito provocado pela MINHA ausência deixou de fazer sentido!!! EU preencho-vos o vazio, o tédio. Acabou o desespero, a angústia, a depressão. MEUS AMORES, VOLTEI!!!!
Estranharão por certo esta minha mudança de aparição... mas tudo o que faço é por vós, meus muito adorados(as) fãs.
Assim que soube que o pior dia para vocês viverem sem MIM era a segunda-feira, o dia mais triste e depressivo do calendário, ordenei a essa gentinha que manda nisto que destituíssem quem quer que possuísse a segunda-feira para ME colocarem a MIM, apenas a MIM, nesse malfadado dia.
E a MINHA vontade tornou-se LEI do mesmo modo que um dia cinco pães se transformaram em milhares de pães...
Digam lá que não estavam cheios(as) de saudades!!!
Pois é, importa pois determinar o tema desta segunda-feira, oremos senhor...
E como não podia deixar de ser, há coisas que se impõem, o tema é político.
Estamos em vésperas de eleições e temos tantos candidatos e tão bons que gostaríamos de poder votar em todos, mas parece que não pudemos. Tá mal, muito mal, pois com tão grande enriquecimento humano na política todos nós, portugueses e portuguesas, deveríamos em catadupa demonstrar a nossa satisfação votando múltiplas vezes.
É bom assim quando os candidatos são tudo caras novas, pessoas que nunca nos governaram, cujo passado é totalmente impoluto.
Se não fosse PORTUGUESA, iria seguramente pedir esta nacionalidade, ou melhor dizendo, comprar esta nacionalidade.
E depois os fait divers também são inesquecíveis.
É aquela que não come cerejas sem que a empregada lhes tire o caroço. Houve muita polémica sobre esta questão. A MIM parece-ME que ela faz bem pois os caroços são muito indigestos. A moça é jovem, deve ter tido uma alimentação muito fraquinha e o estômago não é bom. A rapariga também não quer (e é que nem pode, pois ela é uma star) andar o dia todo a arrotar aos caroços. A população portuguesa é muito boa, é verdade, basta ouvir os estrangeiros, é tudo gente boa, muito hospitaleira, e tudo, mas quando lhe dá pr’a inveja. Onde é que já se viu quererem que a jovem ande pr’aí agarrada à barriga, cheia de dores. Nã senhora, ó patrocínio, nã comas os caroços, que EU tô contigo!!! (e se puderes dispensar a empregada... hum... ah, não dá que é ela quem te veste... pois, pois... andares nua?!? claro, parece mal e nem estás habituada. e no Inverno é tramado, pois!!)
É a outra toda chorosa porque lhe acabaram com o programa, e ai que já não há liberdade de expressão, voltou a ditadura e coisa e tal. Que disparate!!! A senhora já passou da idade, as operações correram-lhe mal, foi tudo um motivo estético... o quê?? não tô a ouvir... as operações já são muito antigas? e já passou da idade há muito??? vocês não percebem nada, são tão mal intencionados. O grande administrador, cheio de trabalho, só na semana passada é que foi ao oculista e quando viu o jornal nacional não queria acreditar, é que ele até então só ouvia e isso era outra coisa... A senhora é que tem a mania da perseguição, ela era a mais feia e a mais velha jornalista a passar o noticiário e isso causava um fosso entre esse jornal e os outros e, como o grande administrador disse, estava na altura de uniformizar os jornais nacionais!!! Não se trata de falta de liberdade de expressão, antes sim de nivelar pelo bom gosto! E depois tudo o que é parolo veio em defesa da senhora, como se ela fosse o símbolo da liberdade, era o que mais faltava, qualquer intelectual que se preze sabe perfeitamente que a liberdade é fashion e não “brega”, come sushi e não feijoada e gosta do “Expresso” e, vá lá, às vezes do “Público”, mas jamais do Jornal Nacional da TVI.
EU cá sugiro que a patrocínio vá pr’o jornal nacional, uniformiza muito mais as vistas!!!
E com esta ME VOU sabendo bem que vocês se... que vocês ME ADORAM...
Beijinhos e até para a semana.