sábado, 25 de abril de 2009
Ainda o absurdo e o quotidiano e Abril
Abril não deixa de nos surpreender.
Não, não foram só os cravos vermelhos nas espingardas silenciosas e as chaimites (o que eu gosto desta palavra!) adormecidas, arrastando-se pelas ruas no meio do povo...há mais!
Actualmente Abril assumiu alguns contornos de "absurdo no quotidiano" (como diria a Mosca e, ao contrário do quico, que nunca incomodou ninguém...).
Para quem não tem memória para estas coisas de somenos, reproduzo aqui parte das "façanhas" do camarada Otelo Saraiva de Carvalho, com o alto patrocínio da wikipedia:
"Em 1985, tendo sido julgado e condenado em tribunal, foi preso pelo seu papel na liderança das FP-25 de Abril, responsáveis pelo assassinato de 17 pessoas nos anos 80.
Em 1996 a Assembleia da República aprovou o indulto, seguido de uma amnistia para os presos do Caso FP-25."
Sem dúvida uma personalidade de referência na história de Portugal, um exemplo para as gerações vindouras, uma vida dedicada a honrar a pátria...Enfim, um cadastro ensopado em sangue, capaz de fazer corar muitos dos nossos criminosos (que também têm a sua honra, ora essa!).
Mas eis que leio no jornal que "O Governo aprovou a promoção de Otelo Saraiva Carvalho ao abrigo da lei 43/99, que estipula a reconstituição de carreiras cuja progressão foi prejudicada pelo 25 de Abril (...).
O processo da promoção foi aprovado esta semana, pelos ministérios da Defesa e Finanças (...).
Face a esta promoção, Otelo Saraiva de Carvalho vai receber uma indemnização de cerca de 49.800 euros, em conformidade com o artigo 4 do Decreto-Lei 197/2000". e não percebo...
Não percebo porque é que não estamos todos na rua a partir tudo, a deitar fogo ao despacho ministerial, ao indulto de 1996 e a exigir a prisão imediata de Otelo.
Não percebo como é que o jornalista que entrevista Otelo na TV não lhe parte a câmara na cabeça ou, pelo menos, não lhe atira com um sapato, quando o homem tem a distinta lata de se achar injustiçado com o montante da indeminização.
É o "absurdo que invade o quotidiano". É Abril que perdeu a capacidade de se indignar.
Alcides, volta! Larga o táxi. Vem reclamar a tua indemnização. Afinal só mataste um padre e nunca foste condenado!
Mas não vos quero maçar. Não hoje no dia da manif das chaimites e deixo-vos com esta musiquinha. Não sei porquê, fez-me lembrar a nossa petit coreografia do Grândola de ontem e vem na onda da Mosca. Enjoy!
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19 comentários:
Quando se tem um « semi-pintas » e um choninhas a melhor opção é mesmo ensaiar uma coreografia a três... um à frente e outro atrás.. frente esquerda direita.. pulo... é caso para dizer « só tenho um adjectivo ... gostei! »
A ( des ) propósito de musica, bizarrias, homens... alguém sabe o que aconteceu ao plex? Ter-se à enleado nalgum embrulho ou também terá ido exigir alguma indemnização?
as câmaras de filmar estão pela hora da morte e os sapatos eram novos. depois parece que o tal jornalista não era muçulmano.já nã há pessoas como antigamente, até o otelo, em vez de chacinar meia duzia de capitalistas, vejam lá, vai recorrer aos tribunais!!!
Não fui eu que escrevi isto?
Não. Parece que não se pode enganar toda a gente o tempo todo e 35 anos já é muito tempo.
peek-a-boo!
: )
e como o dia poderia ter sido salvo se tivesse havido sardinhas para o almoço...
«I am not a painter, I am a poet.
Why? I think I would rather be
a painter, but I am not. Well,
for instance, Mike Goldberg
is starting a painting. I drop in.
"Sit down and have a drink" he
says. I drink; we drink. I look
up. "You have SARDINES in it."
"Yes, it needed something there."
"Oh." I go and the days go by
and I drop in again. The painting
is going on, and I go, and the days
go by. I drop in. The painting is
finished. "Where's SARDINES?"
All that's left is just
letters, "It was too much," Mike says.
But me? One day I am thinking of
a color: orange. I write a line
about orange. Pretty soon it is a
whole page of words, not lines.
Then another page. There should be
so much more, not of orange, of
words, of how terrible orange is
and life. Days go by. It is even in
prose, I am a real poet. My poem
is finished and I haven't mentioned
orange yet. It's twelve poems, I call
it ORANGES. And one day in a gallery
I see Mike's painting, called SARDINES.»
why i am not a painter, frank o'hara
http://www.forumnacional.net/showthread.php?t=21296. acerca das reformas dos que estavam inseridos em «organizações legais»;http://ler.blogs.sapo.pt/333782.html...e para esclarecer onde se encontram os juízes dos tribunais plenários, talvez este novo livro coordenado pelo fernando rosas te dê alguma ajuda, bela pespineta... as comissões de paz muito usadas em situações de pós-crise servem para cicatrizar algumas feridas inevitáveis quando em períodos conturbados muitas são as facções e os ideais em luta...é relativamente fácil fazer a censura póstuma dos «vencidos»...sobretudo em revoluções que se arrogam da brandura exótica bem ilustrada no chaimite que para ao sinal vermelho na noite da revolução...e sabes, parece que o senhor vai abdicar da indemnização!
"Fiz um conto para me embalar
Fiz com as fadas uma aliança.
A deste conto nunca contar.
Mas como ainda sou criança
Quero a mim própria embalar.
Estavam na praia três donzelas
Como três laranjas num pomar.
Nenhuma sabia para qual delas
Cantava o príncipe do mar.
Rosas fatais, as três donzelas
A mão de espuma as desfolhou.
Nenhum soube para qual delas
O príncipe do mar cantou."
Natália Correia
Plex congratulo-me com teu regresso e em verso!!!
Estou com a Solarenga - volta Otelo estás perdoar (no sentido jurídico do termo)Há por aí uns quantos banqueiros e capitalistas fedorentos a precisar de um abano.
Pois é, mosca, deve ser isso... A situação pós-crise, 35 anos após o 25 de Abril, obriga-nos a conceder esta indemnização...
ora, os prazos de prescrição correm a partir da cessação do facto lesivo...ora, pois, é só fazer as contas!
Se não vos lesse não acreditava.
Os capitalistas fedorentos precisam de um abano? Tipo daqueles que viram os carros de pantanas e os envolvem numa chama linda? Tipo idealismo do cocktail molotov? Não chateiem porque o mal que fez está prescrito mas o bem que nos trouxe dura para sempre?
Por favor!!!! Não consigo distinguir um Alcides de um Otelo.
Mas vocês sim. Um é de esquerda e é bom. Porque sim.
Também me congratulo Plex com o teu regresso.
Pena é que tenhas desaparecido enquanto nós estávamos revoltos na Tempestade....
E agora já é tarde...
Na vida tudo tem um timming...
Ai ai lá estão estas moças a estragarem a beleza com as politiquices....
Acreditem ou não eu até ensaiei, timidamente ( como é meu apanágio ) um modesto postzito, para assinalar a revolução, o Abril, a DATA....mas apaguei-o...
O que é que vocês querem? Não consigo abraçar com fundamentalismos quaisquer ideais politicos... e lamento que o ideal de liberdade tenha servido para dar cobertura a actos que nada têm a ver com ela ( e não « a haver » como soi dizer-se vá-se lá saber por alma de quem )...
Em 35 anos confundiu-se e ampliou-se, descaracterizando-se o conceito ...
Não gosto de politica, não gosto de massas... nasci destra...e gostava de viver numa sociedade onde se priviligiasse mais o respeito do que os ideias ficcionados....
Como assim não é, vou ss compras que a Primevera está aí e eu não tenho um trapinho decente para vestir....
Quem será este anónimo que agora apareceu? E o mais estranho é que não entendo nadinha do que escreveu...
Bela blogosi...há mistérios insondáveis no mundo dos blogues...não ganhes rugas a decifrar poesia. A poesia pode ser para gozar como um boião de creme.Desfruta.
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