quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Belas Prendas....




« Kama Sutra no Local de Trabalho - o guia para o prazer e o deleite no âmbiente profissional - de Julianne Balmain

Passamos a maior parte do tempo no trabalho. Nada mais natural que às vezes pinte um clima com um(a) colega da mesa do lado. Este guia traz todas as dicas de como agir nessas situações e aproveitar ao máximo. »

E esta? O bom do livrinho é apresentado desta forma num site brasileiro.

Ainda não o vi nos escaparates das nossas livrarias, mas fiquei curiosa sobre o que se proporá a senhora explicar-nos.

Claro que por cá, principalmente nas empresas onde trabalhamos, o livro não terá grande útilidade prática - CLARO QUE NÃO! leio nos vossos lábios em unissono -, mas pelo menos se lhe tivermos acesso, ficaremos, por certo, mais esclarecidos e informados, o que sempre constituirá uma vantagem.

Missanguinhas, se o vires à venda aí por terras de Sua Magestade, compra, pelo sim pelo não, alguns exemplares.... just in case.... não aconteça faltar-nos, à última hora, imaginação para algum presente de Natal.... ou ... sei lá....

Bom, na pior das hipóteses, se estiver escrito em inglês, sempre o podemos levar para as aulas do cursinho de « Inglês Técnico » ... para servir de base de trabalho...

MANOS LUIS E PAULO: A VOSSA MÚSICA


1. Como Mosca muito apegada aos valores familiares, desde que verdadeiros, não posso deixar de - com algum mal disfarçado orgulho - vos divulgar o concerto que o meu irmão de coração caçula - Luís Figueiredo - irá dar hoje à noite, no Teatro Aveirense, com o Mário Laginha.


http://www.teatroaveirense.pt/
(Desculpa, Luís, pela escolha, mas não resisto a este Beatriz...lembra-me sempre a minha avó, a filha que não tive e a minha carreira truncada no teatro. Serás tu ou a C. a dar-me uma sobrinha Beatriz? Ou ainda terei energia e amor bastante para trazer ao mundo uma?)

2. Aproveito também para divulgar o concerto do meu cunhadito Paulo Franco ( camarada e namorado lindo da minha mana de sangue e de coração que perdida algures no oceano atlântico vela pela preservação da fauna marinha) no MUSIC BOX, em Lisboa, no próximo dia 28 , pelas 23H30m, onde se espera a colaboração de alguns elementos dos Xutos e dos Dead Combo com os fantásticos e enérgicos Da Punk Sportif http://www.myspace.com/dapunksportif





(AZELHICES DA MOSCA)

Como é que eu poderia não gostar de homens, Belinha, se a minha vida está rodeada deles. E que lindos e talentosos que são. Adoro-vos MIÚDOS!!!!!!!!!!!OBRIGADA POR DAREM BOM SOM E A VOSSA PRESENÇA À NOSSA VIDA.

CONFISSÕES... para eles



Gosto de homens, tenho,entre muitas outras, esta fraqueza...
( descansem, não vos vou falar da minha orientação sexual, nem tão pouco de sexo... acalmem-se, pois, os mais curiosos e os menos ousados )

O que eu vos quero dizer é que gosto de conviver com os elementos do sexo masculino, de conversar com eles, da companhia deles, da sua objectividade... que me descansa o facto de não me observarem com olho clinico tentando descortinar um qualquer ponto negativo ... ou descobrir onde se instalou o último quilo que engordei, a última covinha de celulite... a última injecçao de botox.... onde comprei o último vestido ... ou cortei o cabelo....

Não serei, pois uma mulher comum...

Nunca gostei de conversas só para mulheres, de segredinhos entre mulheres, de programas para mulheres.. de ir á casa de banho acompanhada... de dormir com a melhor amiga...

Gosto de me relacionar com pessoas, pelo afecto ou interesse que me despertam, e não visto cegamente a camisola das mulheres,nem as defendo incondicionalmente....

Prefiro trabalhar com homens....

Recuso-me a encarar os homens como sendo o « sexo oposto »... com a insinuação implicita de confronto que a expressão oposto contém....

Já tenho até dado comigo a pensar que, se, de repente, saísse uma qualquer lei que obrigasse à criação de dois grupos... eu entregaria um requerimento,com cunha e tudo,para que me deixassem juntar ao grupo dos homens ( e não seria pelas razões que estão a pensar )

Não pude, pois, ao ver-vos, queridas amigas, preocupadas em saber onde estão os homens, que não encontraram nas últimas « guerras » que travaram, deixar de escrever estas modestas linhas, não em defesa, de quem dela não precisa, mas em jeito de reflexão.

Quanto a mim, o facto de nos cruzarmos mais fácilmente, em determinadas situações, com mulheres do que com homens não reverte necessáriamente em desabono deles. Em certos casos tem a ver com questões culturais - muitas vezes a presença das mulheres não revela mais empenho, dedicação ou amor, mas sim, o encarnar do dever que a sociedade lhes impõe.

E depois, desculpar-me-ão a discordancia, mas existem também muitos homens presentes, na verdadeira acepção da palavra... que cuidam dos filhos, dos doentes, que vão aos supermercados... que se lembram de nós quando precisamos, que nos ajudam se for necessário...que querem fazer parte das nossas guerras....que estão do nosso lado nelas....

Talvez nem sempre sejam é aqueles que gostariamos que fossem... mas isso já não é uma questão de sexo, poderá ser de afecto ( ou falta dele ), exigencia, desencontro, incapacidade de ver ou aceitar...

Eu, por exemplo, ainda continuo á espera que o tal moço, o Gianiccini, me seja entregue ... e lute depois ao meu lado, com as minhas armas, em todas as minhas guerras....e, enquanto isso, se calhar deixei de ver muitos outros, Ciranos, que sempre estiveram comigo... ou quiseram estar....

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Para os moscardos da nossa Albertina - Parte 1

Queridos moscardos:

Para verem como o sítio onde nascemos tem muita importância no nosso dia a dia. Apreciem a diferença. Beijocas.

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Para os moscardos da nossa Albertina - Parte 2




terça-feira, 18 de novembro de 2008

Cronicas de King's Road (sem acentos...)


O carro para em frente ao portao. Ja e noite e esta muito frio. E uma casa com um pequeno quadrado de relva em frente. Do outro lado da rua so se ve escuridao. E um parque com enormes arvores e temiveis bicharocos, imagino eu...De repente vejo-a, uma raposa passa mesmo a minha frente e esgueira-se para as traseiras da casa. E linda, de olhos brilhantes e porte elegante. Ao mesmo tempo nao consigo deixar de pensar: "tenho de ter cuidado com as janelas". Onde estou eu? No campo? Na selva? Isto e Londres?

Entramos. Esta quente. A decoracao e simples, limpa e moderna. A sala tem uma lareira e muitas janelas. O chao dos quartos e de alcatifa clara e fofa. Estou novamente na cidade. Fecho a porta da rua. Adeus raposas e outras criaturas que nao cheguei a ver mas que, de certeza, andam por ai...

Acordo e olho pela janela. Vejo uma penumbra que nao parece ser dia. Penso que o sol deve estar a nascer. Olho para o relogio. Sao 9h. Afinal e mesmo assim. Este lusco-fusco deprimente o dia todo. Ou melhor ate as 15h 30, hora a que anoitece.

Saio para o vestibulo com a M no carrinho. Esta muito irritada com o gorro e o casacao que tive de lhe vestir. Encontramos a vizinha do lado que se apresenta efusivamente com muitos "lovelys" e "darlings" e muitos elogios ao "beautiful baby". A M olha-a com surpresa. Nao percebe o que a mulher de meia-idade lhe diz, nem o que faz nesta terra. Eu reprimo uma gargalhada e tento manter o dialogo. Falamos do tempo. Diz-me que esta a "litle drizle", penso que deve ser uma chuvinha de nada, despeco-me com um "nice to meet you" estridente, a condizer com ela, e saio, muito afoita, para a rua. Afinal chove mesmo a serio, qual "litle drizle". Isto na nossa terra e chuva mesmo a serio, mas nao tenho opcao. Passar o dia em casa e que nao...

O chao esta coberto de folhas de diferentes tons de castanho e vermelho que brilham, molhadas. A rua e bonita com as suas arvores, relvados e casinhas alinhadas. Nao ha carros a circular e so se veem "mummys" com os seus carrinhos de bebe. Tal como eu, preferem a chuva a estar em casa... Estao (ou antes, estamos) por todo lado. Cabelos desgrenhados pela chuva, empurrando heroicamente os "trolleys" vereda fora. Muitas passeiam em bando e conversam umas com as outras "oh! Last week she had a nasty fever...". Espreito a pequena bebe, loura e enfezadita, da inglesa...A M esta contente. Acha graca aos pingos de chuva no plastico do carrinho. Dou-lhe uma folha vermelha para a mao e a felicidade e total.

Entramos no supermercado. Mais uma vez, as "mummys" estao por todo lado. Algumas levam duas e tres criancas e ainda equilibram o cesto das compras no carrinho. Pergunto-me se serao felizes. Devem ser. Compro o essencial, pois a M nao quer ali estar. Chora, refila e grita muito alto: "mama, mama". Na caixa, uma funcionaria chinesa, que mal fala ingles, chama-me para uma caixa self-service e explica-me que me vai ensinar a fazer o meu proprio pagamento. A caixa e igualzinha as nossas da FNAC e sei perfeitamente como funciona, mas ela esta tao feliz a sentir-se superior enquanto me ensina, que me faco de parva e ainda ponho duvidas, que ela se apressa a responder com um sorriso nos labios. Fica tambem muito satisfeita com o facto de eu levar um saco de casa (ai, nao, com os precos que cobram...)e ser muito ecologica...

A M, entretanto, adormeceu e aproveito para tomar um belo cafe. A minha volta, ja adivinharam, so "mummys". Algumas olham-me com inveja. Os filhos estao acordados e aos gritos. Ha uma que me diz mesmo "Oh!she's so quiet". Se calhar nao sao assim tao felizes estas "mummys" inglesas...

E aqui deixo esta cronica do meu primeiro dia em Londres. Espero que te divirta, Mosca da asa quebrada. Mais uma vez, vais perguntar-te: "Onde estao os homens?" Como tu bem dizes, parece que estao todos na guerra e que nos ficamos todas sozinhas...se calhar estao mesmo, nas guerras deles...a perguntar-se onde estaremos nos!

«Intento ser, à minha maneira, um estóico prático, mas a indiferença como condição de felicidade nunca teve lugar na minha vida, e se é certo que procuro obstinadamente o sossego do espírito, certo é também que não me libertei nem pretendo libertar-me das paixões. Trato de habituar-me sem excessivo dramatismo à ideia de que o corpo não só é finível, como de certo modo é já, em cada momento, finito. Que importância tem isso, porém, se cada gesto, cada palavra, cada emoção são capazes de negar, também em cada momento, essa finitude? Em verdade, sinto-me vivo, vivíssimo, quando, por uma razão ou por outra, tenho de falar da morte…»


José Saramago, in Cadernos de Saramago


Desculpem a tónica ultimamente recorrente nos velhos e gastos temas da morte, da doença e da paixão. Mas esta minha perna doente e a condição de acamada remetem-me invariavelmente para eles. Apesar da imobilidade também a «parte esquerda do peito explode». Por isso ao ler no blogue do Saramago estas linhas não pude deixar de me identificar . Também eu, como a Soprónia, procuro alguns ensinamentos nas culturas orientais. Para além da prática - agora interrompida - do yoga, agrada-me a cultura de um certo desapego, por forma a evitar o sofrimento das "paixões" ( no seu sentido mais lato de sensações causadas pelos sentidos). Mas esse exercício de desapego vejo-o, no essencial, como um plano de fuga possível sempre que as emoções me devoram a racionalidade.O que realmente me move e comove, porém, são as emoções. Cultivo, pois, conscientemente, a ilusão quotidiana de que importamos e de que cada pequeno gesto tem um qualquer significado oculto na existência . Não me deixo levar pela cultura do karma-Cola que deixa alguns ocidentais à beira de ataques de nervos em plenas aulas de yoga ante a constatação da incapacidade da prática contemplativa numa sala de 20 m2 em pleno Bairro Alto. Pois é, caro mestre Nuno, devagar é uma palavra dificil de encontar no meu dicionário. É que a percepção da eminência da morte dá-me cá umas ganas de viver, de amar, de sentir, de comer, de beber...

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

De mulher para mulher ( Mosca ): Elis Regina/ Essa Mulher



« Essa menina, essa mulher, essa senhora, em quem esbarro a toda a hora nos espelhos... é feita de sombra .. de tanta luz...de tanta lama e tanta cruz...que acha tudo natural »

FLY JUST WANNA HAVE FUN



Queridas co-bloguers, aqui do casulo onde me encontro temporariamente retida lembrei-me de partilhar convosco, neste início de semana, uma daquelas músicas a que recorro sempre que preciso de um pouco de alento para contrariar a modorra. Nesses momentos procuro uma de três mulheres por quem sou apaixonada há anos, donas de umas vozes de uma espessura emocional que só elas : a Billy Holliday; a Elis Regina e a Nina Simone. Há mais mulheres cantantes na minha vida, mas estas são irmãs desta pobre e tola mosca ( ai a ousadia estulta dos enfermos) na intensidade do sentir. Vamos lá a ver se é desta que consigo "postar" o vídeo.

Se quiserem uma trip gráfica recomendada pela amiga Sara V. clickem no link que segue:


domingo, 16 de novembro de 2008

Outras vidas



Não vou à Igreja desde os meus 13 anos.... desde que comecei a entender, a ter sentido critico, a pôr em causa os dogmas... Quero dizer, não vou com regularidade, não sou aquilo a que curiosamente se chama « praticante » - como se o simples facto de se ir à missa uma vez por semana nos transformasse em praticantes ( pessoas que põem em prática ) de qualquer credo ou religião - vou, eventualmente, numa ou outra ocasião, a uma ou outra Igreja, quando o respeito pelos intervenientes, me leva a assistir a um ou outro sacramento...

Também não sinto dentro das Igrejas a serenidade e a paz que muitos dizem sentir, talvez porque não me consigo sentir naquele espaço isolado e com demasiadas figuras - que nos olham com semblantes que variam entre o angustiado e acusador - mais próxima de qualquer entidade superior, chamemos-lhe Deus, se assim o deixarem os credos pelos quais nos regemos....

Isto para dizer que quando pretendo encontrar-me comigo mesma ou equilibrar-me ou sentir-me em paz, não vou à Igreja... a uma qualquer igreja... por estranho que vos possa parecer, vou ao teatro...

Desde que me conheço que gosto de ir ao teatro... o teatro é talvez a minha mais antiga - se esquecermos a que tive aos 10 anos pelo meu colega de carteira, mas dessa não posso hoje falar, sob pena de a Proninha me voltar a dizer que não sei falar de outra coisa se não de amor... e que devo, pois, estar apaixonada- e constante paixão...

Em miuda gostava de me preparar com o meu melhor fato, de chegar à sala, de admirar todos os seus promenores... de ver as pessoas e imaginar a realidade de cada uma... para mim o espectáculo começava antes do pano subir, ali mesmo ao meu lado... Depois perdia-me na realidade que os actores criavam e imaginava o que se passaria por detrás dela, enquanto julgava eu mesma viver realidades diferentes da minha....

As vissicitudes da vida levaram-me a enveredar por caminho diferente da representação, ou melhor pelo menos diferente do teatro, mas como as paixões nunca morrem .. um dia experimentei experimentar outras vidas e, desde então, a antiga e primeira paixão passou a estender-se e a viver-se também atrás do pano...

Desde então, o prazer, que o despojamento total do que sou e sinto me dá, me chama amiude para encarnar outras formas de ser e de sentir, e, raras vezes, consigo resistir ao seu apelo...

É nesses momentos em que deixo de ser eu, de ter o meu rosto, em que me divido em multiplas realidades e me recorto em sentimentos diferentes dos que sinto, que paradoxalmente, me sinto mais eu própria....

sábado, 15 de novembro de 2008

Ioga Degenerativo



Uma das grandes alegrias de estar em licença de maternidade é poder fazer desporto sem sentir grandes pesos na consciência. Afinal, sempre engordei quase 20 quilos e é mesmo uma questão de saúde pública mexer-me. Assim, o gaiato fica devidamente entregue a quem de direito e lá vai a recente mãe de tapete de ioga em punho, pronta a fazer uns asanas e a alinhar os seus chakras...

São 10 da manhã e na sala encontramo-nos sempre os mesmos - avós, reformados, mães recentes, grávidas, professores e jovens estudantes. No fundo, todos aqueles que não têm de estar a trabalhar a meio da manhã. Entra a professora com o seu ar sereno (isso é importante, pois já tive uma professora de ioga que teve uma crise nervosa e, afianço-vos, não é nada bom). Coloca uma música suave e começa a nossa aula.

Oiço a sua voz forçadamente suave: "Coloquem-se em Konasana; o pé direito por dentro para as mulheres e para os homens o pé esquerdo". Questiono o que me aconteceria se trocasse os pés? Se calhar acordava com pêlos no peito e voz grossa... mas com o saber milenar não se brinca e cumpro.

Seguem-se os exercícios respiratórios (pomposamente chamados de pranayama). Como é já Inverno convém não estar muito perto uns dos outros durante os mesmos, pois as secreções nasais tendem a ser mais fluídas e, com contracções respiratórias tão violentas, a voar.

Uns tadasanas, uttanasanas e trikonasanas depois já suo em bica. Mas a mestra guru insiste: "mantenham uma respiração lenta, estritamente nasal, profunda e completa". Tento não arfar e fazer esgares de dores. Questiono-me se os indianos tinham alguma ideia do que estavam a fazer...

O culminar da aula são as posturas invertidas. Quer isto dizer que nos temos de colocar uns valentes minutos de cabeça para baixo... Fará muito bem à circulação e ao intelecto. Ataco decidida uma invertida sobre os ombros (sarvangasana). O rabo custa-me a subir e as costas a endireitar. Insisto; dou um puxão e zás - sinto uma pontada nas costas. Fico sem me conseguir mexer. Penso com raiva naqueles que dizem que o ioga é mesmo bom para as costas...

Saio a custo da posição já na expectativa do momento seguinte - o relaxamento. Após as minhas noites em claro, o difícil é mesmo não adormecer. Ouço as palavras da professora e a grande deixa do Mestre De Rose: "Ouça tudo o que vou dizer, mas aproveite apenas o que lhe convier". As costas doem-me e a custo tento abstrair-me e a concentrar-me na luz azul brilhante, a que a mestra guru se refere, que supostamente envolve e relaxa todo o meu corpo. Mas, na minha mente apenas pairam os seguintes pensamentos: O puto estará bem? O que vamos almoçar? M***a!! Felizmente, acaba o relaxamento.
Volto para casa e, apesar de toda torcida e com dores nas costas, sinto a pairar algures no meu ser uma energia positiva.

Namasté!

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

De Profundis Valsa Lenta: as Mães e as Filhas


Lembro-me que um amigo, há uns tempos atrás, acometido de um impulso positivista de classificação e simplificação, e do alto da sua experiência de grande conquistador, me disse que todas as mulheres se dividiam em duas únicas categorias : as mães e as filhas. Eu que tenho alguma dificuldade em lidar com as afirmações categóricas, retorqui-lhe, sem grandes certezas, que talvez as mulheres, todas as mulheres, ora são mães, ora são filhas, consoante as circunstâncias.
Como sabem, estou internada desde ontem para efectuar uma «artroscopia do joelho direito com menistectomia interna parcial por rotura complexa do corno posterior e termoretracção do LCA por laxidão exagerada» (sic.), e, desde ontem, deixei, por uns tempos, de ser mãe para ser só filha.
Aqui nesta cama de hospital onde me deito volto , pois, por instantes, à minha infância. A mãe sempre aqui ao lado já não conta histórias. Também não me repreende cada vez que, ao contrário das indicações médicas, levanto a cabeça da almofada – ainda tonta da prazentosa anestesia- para procurar o livro na cabeceira. Limita-se a estender-me a mão familiar, serena e meiga, acaricia-me a testa com uma festa toda de pelúcia e olha-me com uns olhos cansados de mãe- já-avó, saturados de doce, como um quente e reconfortante chá de limão que sorvo comprazida. Do outro lado da cama adivinho a presença da minha avó Beatriz, já morta, e sei que também ela me chama de «minha menina« e me agarra a mão para que não tenha pesadelos de noite. Sou, pois, toda filha, toda neta. Aqui nesta cama de hospital onde me deito.
Divido o quarto como a Dona Maria Irene. Personagem quase indescritível. Mulher de setenta e tal anos , com uma voz autoritária e de timbre grave deixado pelo vício dos cigarros. Contou-me, em conversa nocturna e cúmplice de hospital, como a vida a presenteou com quatro filhos – dois rapazes e duas raparigas – que lhe deram vários netos , como lhe roubou o marido de uma vida, há já cerca de três anos. Fala-me das suas preocupações. De como as licenciaturas dos netos já nada garantem, ao contrário do que acontecia no tempo do Salazar. Que as indústrias já não geram riqueza e dos apertos financeiros dos dois filhos empreendedores e empresários. Que a revolução lhe tirou tudo. Que lhe tiraram as terras, e afinal para quê. A revolução – penso - não a espoliou do ar altivo de Senhora Dª Maria Irene que ostenta aparatosa e solene com as auxiliares e as enfermeiras e do qual simpaticamente me poupa na qualidade de companheira de infortúnio.
A Sr. Dª Maria Irene geme despudoradamente para mim durante esta noite hospitalar. Padece de uma doença barulhenta, cujos pormenores me dispenso de relatar, mas que se alojou algures nas suas entranhas e a impede de defecar há bastante tempo. Reaprende, pois, após a operação, esse humilíssimo acto animal, a Srª Dª Maria Irene. Relata-me, com a intimidade que só a morte, a doença e outras maleitas súbitas consentem, os pormenores anatómicos do acto de defecar. A Sr. Dª Maria Irene sofre e olha nervosa para o relógio de pulso.« A Teresinha e a Filipa já cá deviam estar.» As suas filhas chegam, finalmente, lá pelas 16H00, e a Dª Maria Irene, depois de ter aumentado, tomada de um frenesi súbito, a agitação corporal, o volume das lamentações, após ter exigido que lhe fossem buscar um descafeinado, um sumo de laranja, uma garrafa de água, depois de ter gritado com a Teresinha porque a agarrou com força a mais quando a amparava na peregrinação dolorosa à casa de banho, acabou por adormecer profunda e serenamente na cama hospitalar. As duas filhas, de cerca de 40 e 50 anos, olharam-me silenciosas, com um sorriso aliviado nos lábios, e piscaram-me um olho cúmplice. Uma soergueu o indicador, aflorou com ele os lábios, e, após um «chiuuuuu» maternalmente soprado, sentaram-se simétricas, muito sincronizadas, muito domesticadas, como num bailado absurdo, nas poltronas de linhas direitas e cores neutras do quarto asséptico. Velam o sono da Maria Irene. Tão frágil, tão pequenina, essa Maria Irene que já foi senhora, com “S” maiúsculo, "Dona" e tudo o mais que os tempos pré-revolucionários toleravam.
As mães e as filhas estão sempre onde e quando são precisas.Vejo-as muitas vezes na rua, à porta do Tribunal, cada vez que um filho, um pai ou um irmão é preso. Têm um ar pesado, umas olheiras roxas, como aquelas com que fui presenteada à nascença, como uma maquilhagem permanente. Às vezes choram agarradas umas às outras. Amparam-se, irmãs na dor. Trazem invariavelmente roupas escuras, como as mulheres que nas praias da minha infância esperavam, entre rezas e canções tristes, que os barcos voltassem trazendo os seus homens.
Estão sempre lá as mães e as filhas. Nos hospitais, nos Tribunais, nas Prisões, nas Areias das Praias. São elas que vestem os filhos e os homens que a morte avara e bruta lhes roubou . São elas que, após aspirar os últimos odores deixados pelos homens que amaram, escolhem as roupas que estes, já mortos, hão-de levar para o além. São elas que beijam, para comprazimento fúnebre da plateia de preto, os rostos brancos e frios de mármore daqueles que as deixam víuvas, orfãs, mães sem filhos.
Pergunto-me, pois, aqui, nesta deslocada cama de hospital, com a minha mãe ao lado, a Maria Irene a ressonar e as duas mulheres que a velam, onde se acoitam os homens? Onde estão os homens que não foram presos, os que não partiram nos barcos, os que ainda não morreram? O que fazem com as duas dores, onde, como e com quem as expiam? Que canções entoam e a quem as cantam? Que testas acariciam e que mãos apertam?
Interrompo bruscamente estes pensamentos. O jovem auxiliar de acção médica, envergando a sua bata verde esterilizada, estende-me carinhosa e profissionalmente a arrastadeira. «Parece-me que ainda não urinou depois da operação», diz-me simpático e com um sorriso todo maternal nos lábios.

http://www.youtube.com/watch?v=Noy4M91Xj08

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Afinal havia vários outros....Ainda e sempre o ( Poli )Amor





Imaginem ter um namorado mais culto para ir a peças de teatro e exposições, outro mais divertido para rir e conversar, um terceiro, romântico, para nos acompanhar a restaurantes incríveis, um quarto que acenda a paixão em cada dia... FANTÁSTICO NÃO?E puder manter todas essas relações sem ciumes. Utopia? Não para os poliamoristas. Eles permitem-se mais de um relacionamento amoroso simultâneo, não vêem o sexo como a base de uma relação, seguem o impulso natural do ser humano de se relacionar com várias pessoas ao mesmo tempo e - juram - não sentem ciúme.


Enquanto conceito o poliamor até me parece interessante. Quem não gostaria de, idealmente, ter tantos homens ( ou mulheres )quantas as necessidades especificas ou os gostos que quer ver satisfeitos? Mas será que ao relacionamento com tantas pessoas diferentes em busca de ideais objectivos se pode chamar AMOR? Não estaremos antes a falar, apenas, de polirelacionamentos?

O Amor não terá mais a ver com a magia do inexplicável do que com a racionalidade da procura objectivável?

Será que o Amor já não é tal como o poeta descreveu,« Fogo que arde sem se ver .. tão contrário a si »? Estarão a mudar-se os tempos, as vontades... e as formas de sentir?

Ou será que o Amor tal como o intuimos, aprendemos e quisemos sentir tem os dias contados, por não passar de mera ficção ou... predisposição?

Responda quem souber... ou quiser...

Eu, na minha simplicidade, quer-me é parecer que se encontrar um homem interessante já é obra... encontrar quatro ou cinco ao mesmo tempo parece-me missão impossivel...ou talvez não... pensando bem se não colocarmos as expectativas todas num... não precisamos de um homem interessante, mas de cinco relativamente interessantes... o que afinal de contas é bem mais fácil de encontrar...

Brindemos, pois, ao poliamor!

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Para a Mosca Albertina

I'm Your Man

If you want a lover
I'll do anything you ask me to
And if you want another kind of love
I'll wear a mask for you
If you want a partner
Take my hand
Or if you want to strike me down in anger
Here I stand
I'm your man

If you want a boxer
I will step into the ring for you
And if you want a doctor
I'll examine every inch of you
If you want a driver
Climb inside
Or if you want to take me for a ride
You know you can
I'm your man

Ah, the moon's too bright
The chain's too tight
The beast won't go to sleep
I've been running through these promises to you
That I made and I could not keep
Ah but a man never got a woman back
Not by begging on his knees
Or I'd crawl to you baby
And I'd fall at your feet
And I'd howl at your beauty
Like a dog in heat
And I'd claw at your heart
And I'd tear at your sheet
I'd say please, please
I'm your man

And if you've got to sleep
A moment on the road
I will steer for you
And if you want to work the street alone
I'll disappear for you
If you want a father for your child
Or only want to walk with me a while
Across the sand
I'm your man

If you want a lover
I'll do anything you ask me to
And if you want another kind of love
I'll wear a mask for you

Leonard Cohen

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

my funny valentine e a caixa com fita de seda


Removo este post, deixando a canção. Há coisas que se guardam em caixas de cartão, para animar com um sorriso condescendente a velhice. Todas as cartas de amor são ridículas, como dizia o poeta. É melhor deixar o ridículo na esfera de intimidade: lição aprendida por uma mosca impulsiva.

Visões






Hoje cheguei a casa determinada a escrever um post polémico.

Ele há dias assim... saí do trabalho com ela fisgada e a dizer para o meu fecho eclaire - Maria Belinha, já que não foste jantar sushi, arrasa- doa a quem doer ( quem lhe doer o dente que vá aos dentistas )-, diz tudo o que te vai na alma.

Depois perante a máquina, os temas foram surgindo como luzes de neon perante os meus olhos, já cansados pelas milhentas páginas que tive de ler durante o dia...

Pensei falar sobre as razões pelas quais a vitória do Obama não me fez sentir absolutamente nada....

sobre as razões pelas quais priveligio mais os sentimentos do que os ideais politicos ou sociais...

porque valorizo mais o Individuo do que o Homem social...

sobre as razões pelas quais abomino a Igreja...os fundamentalismos e os cinismos...os institucionais .. e os outros....

porque continuo a acreditar na verdade, na honestidade, na amizade, no amor...
... e na frontalidade...

porque ainda gosto de me entregar, de ajudar, de ser útil, de pensar nos outros nas minhas determinações...

porque continuo a preocupar-me mais em ajudar um colega ou um amigo, cuja resolução do problema esteja ao meu alcance... do que com os pobrezinhos de um qualquer longinquo país cujo nome acabe em ão....

porque prezo actos grandiosos de abnegação e abomino a caridadezinha...

porque priveligio as obras feitas em vez dos ideais...

porque perfiro realizar no anonimato... do que declarar a alta voz....

porque não entendo silêncios, resignações, fraquezas....
... e dependências... sobretudo as emocionais...

porque ainda acredito que o móbil da relação homem/mulher pode ser o AMOR...

porque acho que todos os problemas individuais e Mundiais se resolveriam com menos ciência, menos cultura e mais... muito mais AMOR...

porque julgo que o egoísmo e a falta de respeito são os maiores entraves ao desenvolvimento do SER HUMANO...

Estava eu a pensar qual dos temas desenvolver, quando no telemóvel soou uma nova mensagem:

« Já está á venda o cofret de Natal La Mer, reserve já o seu apenas por 1.200€, se for uma das 30 primeiras a fazer a reserva ainda terá um desconto de 10€ na compra de um segundo cofret ».

Regozigei! Estava aberta uma nova porta para a FELICIDADE! Tentei em vão responder de imediato! Bolas ( pensei escrever a palavra começada por M ontem inaugurada pela Missangas, mas não tive coragem ) não tenho saldo no telemóvel! E agora? Lá vou ter de deixar o tema polémico para outro dia e ir num instantinho carregar o « bicho ».

COM SORTE, TALVEZ AINDA CHEGUE A TEMPO!! Talvez ainda a consiga apanhar ( Tu conseguiste Ega ?) ...

Ah, já me esquecia... mas não quero ir sem sossegar todos quantos me ligaram a perguntar se me apaixonei, se na Gomes Freire e tal, era história minha... tenham calma amigos, como diz a canção « essa história não é minha »....

... mas à cautela, já comprei uns óculos graduados... para ver a Gomes Freire, os homens... e o Mundo...

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Conselho



Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-as.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!

Fernando Pessoa

ERA UMA VEZ UMA MOSCA NA AMÉRICA





«Que epicamente celebrada bacia não era essa América de então!

God´s own country!

Nomeada só com as letras iniciais dos seus pre-nomes:

USA
Como o nosso amigo de juventude, de todos conhecido, inconfundível!

Essa bacia insgotável-dizia-se-

Recebia tudo o que lhe caísse dentro, e transformava-o

Em duas vezes duas semanas até à cognoscibilidade!

Todas as raças desembarcadas neste voluptuoso Continente,
Renunciavam com o maior zelo, esquecendo as suas características mais arraigadas

Como maus hábitos,

Para velocissimamente se fazerem como os tão presentes por cá!»

Bertolt Brecht, «Poemas e Canções»

Aproveito o entusiasmo fresco da vitória de Obama para falar da América, da muito nossa América. Sim, a mosca tem, de quando a quando, estes ataques de sentimentalismo, pelo que não estranhem este pró-americanismo súbito. Todos temos as nossa fraquezas, e o direito a verter uma lágrima comovida ante "um instantinho de beleza" e um " gafanhoto chamado surpresa", citando o nosso amado patrono bloguista. Sentimento é o que não falta quando se fala da América, daquela, da do Norte, a da bandeira vermelha, branca e azul, a das estrelinhas. God Save America! Essa mesma, a dos indios e dos cowboys, das estrelas bruxuleantes de hollywood, da coca-cola, dos macdonals e quejandos, a dos homens de ombros largos e queixos salientes a fumar Malboro a ocuparem sozinhos os passeios, aquela dos bares de estrada de bancos corridos, onde se servem donuts e odorosos cafés extra-large a evolarem-se das mugs, essas cafetarias (tem um nome próprio de que não me lembro) com amplas vistas para desertos onde bolas de cactos secos rolam eterna e cinematograficamente pelo asfalto das estradas onde fogem as Telmas e as Louises deste mundo... falo dessa América onde nunca fui, e , que por isso mesmo, nunca perdi.
Dessa América que, adolescente, me comprazia a desdenhar, como símbolo de um liberalismo e de um puritanismo que, do alto da arrogância e da estreiteza de vistas de mosca esquerdófila, julgava constituirem a nata dos pecados capitais. Escondia, então, culpada - e por falar em natas me confesso- o deleite imenso que era saborear aquele batido cremoso de baunilha do Macdonals, entrando à socapa no temível antro capitalista do palhaço Ronald nas horas mortas e clandestinas dos shoppings centers.
Falo dessa América tão mais profunda que mais tarde me foi revelada por Faulkner, pela Flannery O´Connor, pela Carson Mccullers. Da América citadina do Paul Auster, do Michael Cunningham, da América da cidade cosmolopita de Nova York e do seu bardo Woody Allen (Na fase aúrea e pré incestuosa. Não adivinhem qualquer censura puritana na referência lateral, mas acho que comer a filha adoptiva chinesa exigiu tanta energia que acabou por lhe consumir a criatividade que pereceu, coitada, no exílio londrino.).
Quero falar dessa América "bacia" que recolheu, em tempos, com as suas generosas e amplas pernas abertas, os naúfragos, expatriados e refugos dos países, terras e lugares mais recônditos e os metarmofoseou, por artes de engenharia duma máquina modernista do Whitman- sempre a fazer fumo e barulhos mecânicos indescritíveis- nos afro-americanos, nos hispano-americanos, nos sino-americanos, nos sei-lá-que-mais Americanos. Esses, esses gajos as mais das vezes oversized, obesos mórbidos, amarelos, pretos, vermelhos, brancos sanguíneos, assentes em snikers Nike, tamanho quarenta e muitos, com os seus caps dos New York Yankers enfiados na tola, uma mão a segurar nos pacotes XXL de pipocas , ou no pacote XXL de ice cream, e na outra a tal bandeirinha, a das estrelas, e riscas vermelhas, azuis e brancas.
Essa América que sintetiza, tanbém por artes de engenharia mecânico-orgânica, como mais nenhum outro país, o que de melhor e de pior tem a humanidade. E que por issso mesmo me atrevo, também - eu que nunca lá fui- a chamar de minha, de nossa América.
Essa América- a mesma que criou Guantanamo, feriu de morte Hiroshima, gerou o Ku Klux Klan, instigou a baía dos porcos - pariu hoje, generosa, uma vez mais, o velho sonho americano, fazendo de um negro, de origens quénio-havainas humildes, o primeiro presidente negro da América. O primeiro presidente negro da humanidade! Parabéns, pois, sua puta amada, velha e doida!
Perdoem-me, pois, o grito rejubilante e incontido, e que segue no tom mais afinado que a minha falta de patriotismo congénito permite:
God Save Obama!
God Save Us From America!
God Save Us From Ourselves!

(pequena nota de roda-pé incaracterística:espero que o gajo não me deixe ficar mal, porque afiancei ao meu moscardo mais velho, com um tom solene de mãe a dizer coisas sérias para a posteridade e uma lágrima tremelicante e teatral no canto do olho, que o dia de hoje era um dia histórico, e que talvez estivessemos a assistir ao início de uma nova ordem mundial! A verdade é que também lhe disse que os Buraca Som Sistema eram um produto da força nascente dos subúrbios, o que soube, há pouco, pela boca de um amigo mais esclarecido, não ser verdade. Não seja, pois, em prol da minha credibilidade materna, o nosso menino, um "Barack Som Sistema", roubando a frase ao estupor do velho sábio chinês.)








Yes, weekend!!!

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Realidades inventadas... ou talvez não


Parou o carro e acendeu um cigarro distraídamente à porta da empresa onde haviam combinado encontrar-se.

Ultimamente, sem saber muito bem explicar a razão, o cigarro fazia-lhe companhia mais vezes do que desejava... como se a ajudasse a pensar, a definir ideias, se a acompanhasse nas dúvidas, nas incertezas, nas situações inesperadas com que se deparava e para as quais não tinha a habitual resposta pronta e indubitável...

Enquanto esperava a noite começou a cair, subitamente, ocultando também a clareza das imagens que antes ainda apareciam nitidas na rua que tinha perante si...

Foi então que, pelo vidro, embaciado pelo fumo, surgiu aquele que a arrebatou ao cigarro, às ideias, às indecisões....

Por entre o vidro, o fumo, a penumbra, conseguiu delineá-lo... dar-lhe forma...imaginá-lo mais perto da perfeição do que os comuns trabalhadores do mesmo oficio....

- Desculpa se me atrasei... sempre vamos ao cinema? -a voz familiar trouxe-a à realidade...

- Claro, como haviamos combinado.- Temos colega novo?

- Hum? Temos amor novo?

Quis mais uma vez perder-se em algo que a afastasse das suas próprias ideias e cogitações....

Por momentos, em plena Gomes Freire, voltou a acreditar no amor à primeira vista... e a achar que a vida era tal como a vira descrita, nos anos 70, pela Odete de Saint Maurice...

O ser humano tem muitas defesas ocultas... e grande capacidade para sonhar... ou talvez devesse apenas começar a aceitar que a idade não perdoa e a vista já a começa a atraiçoar... Talvez uns oculos, devidamente graduados, tivessem conseguido por cobro àquele amor que por momentos, julgou ver anunciado...

Depois, durante a noite houve imagens de Desejos Brutais e Histórias Reais onde os desejos - brutais - também se misturaram...

De regresso a casa a chuva caía....

Acordou, já a noite ia longa, deitada no sofá... Arrependeu-se de não ter aceite o convite da Missangas para ir ao cinema... talvez tivesse arranjado um assunto capaz para escrever um post no blog.. talvez....no cinema.. ao jantar... ou depois dele....talvez....

Quem sabe... amanhã...