quarta-feira, 20 de maio de 2009
EVOLUÇÕES ... OU DÚVIDAS
Dou por mim muitas vezes a pensar que tudo poderia ser mais simples se não tivessemos a mania das definições e de querer catalogar tudo o que vivemos ou sentimos... tudo se simplificaria se vivessemos apenas deixando correr os dias e as emoções... mas quase todos temos a mania de querer dar nomes a tudo e as relações não escapam a essa nossa mania.. até porque temos necessidade de nos definir perante nós e perante os outros, de explicar o que nos liga a fulano ou sicrano... de justificar quem era aquele gajo girissimo com quem nos viram na « Bica do Sapato »... ou aquele camaféu que entrou connosco, duas vezes seguidas no elevador do prédio onde moramos...
Somos assim e não há muito a fazer.. todos nós, homens e mulheres gostamos de ter a nomenclatura certa para apelidar o que nos liga a determinada pessoa em determinado momento das nossas vidas... como se a certeza do nome certo nos descansasse.. perante nós e perante os outros...
Com o correr dos tempos e a liberalização assumida das relações houve também uma evolução e uma ampliação dos conceitos com que as podemos denominar...o que só serviu para complicar as coisas...
Um destes dias, entre caipirinhas, num jantar de amigos, surgiram divergências quanto à definição certa para cada tipo de envolvimento ou relacionamento, que me deixaram apreensiva...
- Não querem lá ver que tenho andado para aí, ao longo dos anos, a enganar-me e a enganar ( involuntáriamente, é claro ) as pessoas?
Pensei então trazer aqui o tema à colação ( ora nem mais ) e à discussão e apelar aos conhecimentos de todos e de cada um ( e cada uma ) no intuito de podermos concluir sem dúvidas de que falamos quando dizemos que duas pessoas têm:
a) um flirt
b) uma amizade colorida
c) uma curte
d) um affaire
e) um caso
f) são amantes
Pois é.. à partida, a unica definição que parece não suscitar dúvidas nem dividir as opiniões é a da alinea a). No flirt os intervenientes nada mais têm para além de um « envolvimento » platónico, limitando-se a trocar emoções, desejos velados, atenções e seduções.
E será que cada um dos referidos envolvimentos pode ir evoluindo? Isto é será que que o flirt também o é quando antecede um caso, um affaire, uma curte, uma amizade colorida?
E depois de já se ter tido uma curte ou uma amizade colorida será que se pode ainda vir a manter com essa pessoa um flirt?
Existe uma sucessão lógica daqueles tipos de envolvimento? Ou os mesmos acontecem sem lógica nenhuma? ( muitas vezes até diria eu... mas....)
Em que difere uma amizade colorida de uma curte? Ambas envolvem sexo? Distinguém-se qualitativa ou quantitativamente?
E um affaire e um caso são a mesma coisa? Ou o primeiro exige reinteração e o segundo não, bastando que se verifique um acto isolado?
E os amantes são quem? Serão aqueles que não contentes com o « inferno instituido » decidiram viver um inferno paralelo?
E aos 40 anos ainda se pode ter uma curte ou a curte com essa idade passa a chamar-se caso ou affaire?
Curtir envolve ou não ter sexo?
Curte-se aos 18 anos e tem-se um amante aos 30?
O amigo colorido é aquele com quem se tem sexo sem compromisso ou apenas com quem chupamos drops de aniz no escurinho do cinema?
E o amigo quando deixa de ser colorido pode passar a ser só amigo?
A amizade colorida pode acabar em casamento?
O que distingue um amigo colorido de um amante?
São muitas as dúvidas que se colocam, como podem ver.
Apelo, pois, à participação de todos para que possamos elaborar um documento, fundado e esclarecedor sobre um tema que preocupa algumas das colaboradoras deste blogue, e alguns leitores/ admiradores, atentos, responsáveis e curiosos.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
6 comentários:
Belinha, querida cobloguer, pois que estou submersa em papéis, pois que não consigo resistir ao buraco negro do teu post. Pois que suga lá para dentro tudo o que existe, mesmo aquilo que não se vê.
Flirt: um colorido unilateral que dispensa o flirt-back, uma vez que se contenta com o risinho estúpido de cada vez que se encontra o sujeito passivo, uma provocaçãozita aqui e ali, admite a depreciaçãozita para disfarçar, em estilo toca e foge.
Há pessoas que nasceram para a prática deste desporto, outras não. Always keep ‘em guessing e por aí fora.
Amizade colorida: flirt & flirt-back. De fazer subir paredes. Tu sabes que eu sei que tu sabes que eu sei. O status quo é mantido mais ou menos desta maneira: temos medo que, se o dissermos ou se o fizermos, tudo se desengrace e isto é tão bom assim…
Curte (ou Queca; é o mesmo): um relâmpago, um disparate, uma bebedeira, por raiva, por desfastio, porque sim. Não fica nem o número de telefone nem o nome, apenas a rua onde passaremos vezes sem conta outra vez, com um sorriso maroto ou com um esgar de arrependimento, consoante.
Affaire: isto sim, é a doer. Ambos os parceiros estão comprometidos com outra pessoa. Sexo intenso e intensivo. Batem-se recordes pessoais. Sabe-se que não é para sempre, “são uns dias e, nesses dias, uma vida inteira”.
Um caso: um affaire para uma das partes. A outra é livre mas realmente não é, porque é a outra. É triste, não vale a pena.
Amantes: a matéria, a anti-matéria, o certo o errado, o bonito, o feio, dar, receber e ser.
Arrebatado, contido, compensado, desequilibrado, tortuoso, sincero, imensamente feliz, imensamente triste.
the reddest of reds, the bluest of blues
Se não for para sempre, passada a dor e a memória, guarda-se o amigo – que é coisa que vale milhões…
Agora sem caipirinha para inspirar:
Adepta confessa do flirt - a troca de olhares inquisitiva, a sensualidade à flôr da pele, mas sempre contida em conversas mais ou menos sérias. Não sei se pode ou não haver flirt back... se calhar pode - um pós-qualquer coisa que se mantém num desejo controlado, mas que gera esse clima de tensão positiva permanente.
A amizade é colorida porque envolve sexo, ponto. Senão era a preto e branco. Mas, não a definição de sexo "Clintoniana" - abarca todos os actos sexuais de relevo (incluindo uns apalpões bem distribuídos).
A curte acompanha-nos na adolescência - os slows com beijos que duram minutos ao som da Bonnie Taylor, as matinés no Rock Rendez-Vous... aos 30/40 concordo que é sinónimo de queca inconsequente, boa ou má, que deixa um quente no coração ou um amargo na boca, mas não passa disso.
O caso é a curte que foi descoberta e que anda na boca do mundo - "já sabes da Maria? Tem um caso com o Manel!"
Já o affaire, porque é francês, tem o requinte dos amantes inflamados! São aqueles momentos por que se anseiam, que se esperam, que se escondem, proíbidos e apetecidos... Sexo muito, mas também cumplicidade.
Os amantes... aqueles que se amam. Amor, atração, dúvida, indecisão, relacionamento afectivo, dualidade, duplicidade, união de opostos, caminhos a escolher, caminho percorrido. Pode ser tudo -um casamento feliz, um drama entre familias, mulher tenuda e mantenuda...
Amiguinhas esforçaram-se, é verdade..mas não sei se não continuo a ter duvidas e se concordo em absoluto com as vossas definições...
Miuda lunática gostei particularmente da tua definição de flirt « Tu sabes que eu sei que tu sabes que eu sei....temos medo que, se o dissermos ou se o fizermos, tudo se desengrace e isto é tão bom assim… »
Hum hum....e acredita que há flirts fantásticos... se há!
tenho alguma dificuldade prática na destrinça! a minha vida pessoal tem-me demonstrado como esses conceitos estão armadilhadamente cheios de vasos comunicantes!
.. e, amiudadas vezes, pessoas temendo, ao que supomos, os « desengraçamentos »....
Perfeito, perfeito, será, então, juntar o jogo do flirt ou da amizade colorida (na definição da nossa lua), ao sexo do affair e ainda manter o amigo!
Enviar um comentário