sexta-feira, 17 de outubro de 2008
Afectos
Ternura
Desvio dos teus ombros o lençol,
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do sol,
quando depois do sol não vem mais nada...
Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
onde uma tempestade sobreveio...
Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...
Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!
David Mourão-Ferreira, in "Infinito Pessoal"
Para além dos sexos, dos contratos, das convenções... só os afectos deveriam importar.
Brindemos-lhes nesta tarde de sexta-feira... com ternura.
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1 comentário:
Desculpem...mas ainda estão a falar de casamentos?? É que...não sei porquê...não me parece!!
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