domingo, 19 de outubro de 2008

Chuva de Sapos



É inesquecível a cena do Magnólia em que chovem sapos. São aos milhares, caem devagar, de forma elegante, quase parece bonito, pelo menos harmonioso... até que, de repente, inesperadamente, começam a esborrachar-se no chão, nos carros, nos telhados. Os seus corpos, já de si repelentes, desmembram-se. O fim do bailado é brutal e sobressalta-me. Os sapos ficam espalhados pelas ruas, caem-lhes grossos pingos de chuva, a que são indiferentes. As pessoas espantam-se com o insólito mas prosseguem, absorvidas pelos seus dramas. Não sabem ser de outra maneira. A morte aconteceu mas a vida não pára. Uma onda de asco sobe-me pela garganta acima. Pelos sapos e pelo resto. A voz da Aimee Mann tranquiliza. Diz-nos que é assim, mas que é assim que tem de ser.

1 comentário:

Belinha disse...

A vida continua...mesmo quando a morte acontece ao nosso lado... ou dentro de nós....E talvez não se chame indiferença, mas sobrevivência...