quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Pinceladas








Não sou, por natureza, uma mulher agarrada às memórias do passado distante, nem sou saudozista, e ouso pensar que é essa a razão pela qual acompanho com facilidade a evolução dos tempos e me consigo manter, se não jovem, uma adulta com o interior em aceitável estado de conservação...

Ontem, porém, as memórias levaram-me -a mim e à Missangas - a ir buscar os livros da Anita, que guardo religiosamente numa das estantes de casa, e o cheiro do seu papel reconduziu-me à infância e aos dias de férias passados com os seus personagens que eram meus amigos... e dei comigo a pensar na importancia que os livros então tiveram para mim...

Aprendi as primeiras letras com o Pantufa ...
Cresci com a Zé, o David, a Ana e o Júlio, partilhando as suas aventuras enquanto devorava fatias de pão de Mafra com doce de tomate, e os via comer cebolas de conserva...

Entrei na adolescência com a família Macedo...vi casarem-se a Rosarinho, a Inês, a Ana...

À sua maneira e a seu tempo, todos contribuiram para que eu tivesse vivido feliz os primeiros anos da minha vida... convicta que o mundo era perfeito, todas as histórias tinham um final feliz e existia o principe encantado...

Hoje não sei bem se a ideia de perfeição que está subjacente a tudo o que faço não será ainda culpa da Anita, do Tio Alberto ou da Rosinha mãe...que me fizeram pensar durante muito tempo que todos os quadros da vida tinham de ser pintados com as mesmas cores e a felicidade só podia ser escrita de uma única maneira...

Felizmente aprendi, poucos anos depois, que podemos pincelar os dias sem usar o cor de rosa, mais ainda, que cada um de nós pode optar por colorir de cores diferentes cada um dos dias e que a mescla das diferentes cores usadas é que enriquece o Mundo e, sobretudo, o nosso mundo interior...

1 comentário:

suprónia insuflávia disse...

A foto da Anita mamã é linda!!! O amor, o carinho. Só falta a bata que qualquer dona de casa que se preze não pode dispensar.
Eu também li esses livros todos, mas felizmente conseguimos vencer todos os estereótipos.