quarta-feira, 11 de março de 2009

mais uma lua prenha

mais uma old devil moon. e a malta a envelhecer...ou, citando a amiga adília, «um dia tão bonito e eu não fornico» (juro, não fui eu que disse! foi a taradona!)

agora a sério... hoje ouvi na rádio europa uma versão fantástica do standard "old devil moon", de uma tipa qualquer- cujo nome não pesquei na voz linda da mafalda costa (fez comigo o tal recital de poesia africana lá para os anos de 93/94) e que terá lançado um disco de jazz só sobre a puta da lua.dá-se alvíssaras a quem descobrir o nome da moça e do disco!

5 comentários:

Anónimo disse...

no moon at all
liz antony with the jerry conrad orchestra??
naaah

mouche albértine disse...

não sei, vou ver e depois digo. mas o disco é fresco!

mouche albértine disse...

não consigo googlar ou youtubar esse disco..não posso dar as alvíssaras, por ora..

Anónimo disse...

esvoaça até allmusic.com
disco fresco de recente? então será outro porque este é de 90s ou 2000.

mouche albértine disse...

Umas alvíssaras para ti em forma de poema, apesar de não ter a certeza se aquela é a versão. mas é bonita:

«Véspera de viagem, campainha...
Não me sobreavisem estridentemente!
Quero gozar o repouso da gare da alma que tenho
Antes de ver avançar para mim a chegada de ferro
Do comboio definitivo,
Antes de sentir a partida verdadeira nas goelas do estômago,
Antes de pôr no estribo um pé
Que nunca aprendeu a não ter emoção sempre que teve que partir.
Quero, neste momento, fumando no apeadeiro de hoje,
Estar ainda um bocado agarrado à velha vida.
Vida inútil, que era melhor deixar, que é uma cela?
Que importa?
Todo o Universo é uma cela, e o estar preso não tem que ver com o tamanho da cela.

Sabe-me a náusea próxima o cigarro. O comboio já partiu da outra estação...
Adeus, adeus, adeus, toda a gente que não veio despedir-se de mim,
Minha família abstrata e impossível...
Adeus dia de hoje, adeus apeadeiro de hoje, adeus vida, adeus vida!
Ficar como um volume rotulado esquecido,
Ao canto do resguardo de passageiros do outro lado da linha.
Ser encontrado pelo guarda casual depois da partida —
"E esta? Então não houve um tipo que deixou isto aqui?" —
Ficar só a pensar em partir,
Ficar e ter razão,
Ficar e morrer menos...

Vou para o futuro como para um exame difícil.
Se o comboio nunca chegasse e Deus tivesse pena de mim?

Já me vejo na estação até aqui simples metáfora.
Sou uma pessoa perfeitamente apresentável.
Vê-se — dizem — que tenho vivido no estrangeiro.

Os meus modos são de homem educado, evidentemente.
Pego na mala, rejeitando o moço, como a um vicio vil.
E a mão com que pego na mala treme-me e a ela.

Partir!
Nunca voltarei,
Nunca voltarei porque nunca se volta.
O lugar a que se volta é sempre outro,
A gare a que se volta é outra.
Já não está a mesma gente, nem a mesma luz, nem a mesma filosofia.

Partir! Meu Deus, partir! Tenho medo de partir!...»

Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa