sexta-feira, 20 de março de 2009

Quotidiano Delirante II

Entrou farta de vida no esconderijo. Está tão longe que ali não sabe o seu nome. Não sabe as coisas que lhe pertencem. Não sabe que a amam. No esconderijo fecha a porta e deita-se. Deixa as roupas amarrotarem-se. Nunca acende a luz naquele lugar. Está sozinha. Acompanha-se. Aquieta-se aos poucos com o cansaço de não ser nada. Espera que o seu nome amanheça.

2 comentários:

mouche albértine disse...

há dias assim.à espera do amanhecer dos nomes das coisas.entretanto, deixamos uma flor brotar na axila envergonhada, para se soltar num adeus à hora que já passou.beijo de equinócio.

nomundodalua disse...

agora que pousas a cabeça na almofada e respiras satisfeito quero o teu amor sem sentido nem proveito
agora que repousas lentamente sigo a curva do teu peito procuro o segredo do teu cheiro
juntos fomos correndo lado a lado juntos fomos sofrendo o ter amado amas a vida e eu amo-te a ti
conta-me histórias daquilo que eu não vi
logo juntas a tua roupa e dizes que a vida está lá fora
passou a minha hora...

Conta-me Histórias (ou, como nós dizemos, o Conta-me Histórias)
Xutos