sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
Relato simples de uma alfacinha no Harrods
Sou uma rapariga de fibra, sempre o soube, mas constatei de novo essa realidade... de fibra e pobre... muitoooo pobre. Felizmente cheguei a Londres acompanhada por alguem que sabe ter mao em mim... e que tambem gosta de raposas, esquilos e outros animalecos.... e que tambem nao me deixa dar largas a todos os desvarios....
No aviao fui impedida de me sentar ao lado do unico gajo giro e alone.... fui mais uma vez forte... e la seguimos cada um no seu banco... e cada um o seu destino... qual tera sido o dele?
Bom... assim que entrei no Harrods vi logo o La Mer a piscar-me o olho... e - pasme-se!- ao preco da chuva.... quis comprar umas 10 caixas mas fui de novo impedida.
- Vamos embora, Belinha... ja voltamos....
Depois, experimentei umas tunicazitas Missioni...
- Nao te favorecem o peito, Belinha ( pudera1 nao sei se a 300€ alguem pode sair favorecido )
Os vestidinhos DNY...
- Sao muito classicos para ti, Belinha...
Malas... adoro malas... mas nenhuma das que vi custava menos de 1000€
- Ja vi mais giras, Belinha....
- Tenho de ir ao Toillet, Belinha!
- E agora a minha oportunidade - pensei, e, de uma assentada, comprei um perfume, um casaco... e uns quantos souvenirs ( nao Proninha nao foste esquecida )...
Depois entusiasmamo-nos ambas ( quem nao se entusiasma no Harrods? ) e saimos ja a noite caia com varios sacos verdes e dourados e um sorriso...
Comemos chocolates, bebemos pims... e ate fumamos...
Tivemos e vamos ter nos proximos dias liberdade de sermos nos e sermos diferentes das exigencias diarias e rotineiras de Lisboa ( da minha Lisboa )...
Depois voltemos, livres, descansadas... mas sempre com saudades do nosso mundo... e vossas...
dando vox activa ao plexquba (abraço a cuba?) na querela sobre a existência de deus
também eu, ateu, «graças a deus»! a destrinça entre o ateu e o agnóstico reside, se ainda me lembro dos tempos em que usava a cabeça para pensar,nesta dualidade meia esquizofrénica : não acreditar em pressupõe a existência daquilo em que não se acredita...os agnósticos, por oposição, nem sequer colocam a questão. agora é que vem aí os ataques dos meus companheiros esquerdistas (é só uma?) de blogue. epá, mas eu sou dada às contradições e aos opiáceos...
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
para a nomundodalua
a propósito da crença num deus que me dava- agora- tanto jeito ter, sentimento bonito que te invejo. sempre evitava umas idas ao psicoterapeura e preenchia este vazio no peito que, desde aquilo da queda do muro, mais parece uma cratera. mas eu, pessoalmente, ainda gosto de acreditar nos homens e nas mulheres. «so keep your candlew burning»! a mosca, amiga, bem lá no fundo, é uma verdadeira "irmã lúcida" pronta a experienciar epifanias entre luzes celestes e folhas de oliveira.
«I don't believe in an interventionist God
But I know, darling, that you do
But if I did I would kneel down and ask Him
Not to intervene when it came to you
Not to touch a hair on your head
To leave you as you are
And if He felt He had to direct you
Then direct you into my arms
Into my arms, O Lord
Into my arms, O Lord
Into my arms, O Lord
Into my arms
And I don't believe in the existence of angels
But looking at you I wonder if that's true
But if I did I would summon them together
And ask them to watch over you
To each burn a candle for you
To make bright and clear your path
And to walk, like Christ, in grace and love
And guide you into my arms
Into my arms, O Lord
Into my arms, O Lord
Into my arms, O Lord
Into my arms
And I believe in Love
And I know that you do too
And I believe in some kind of path
That we can walk down, me and you
So keep your candlew burning
And make her journey bright and pure
That she will keep returning
Always and evermore
Into my arms, O Lord
Into my arms, O Lord
Into my arms, O Lord
Into my arms »
Dificuldades de uma moça simples
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
The Other Side
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
micro-solidões:3
disse a M. assim que chegámos à sala. engraçada esta ideia do quadro com os números dos convivas. todos têm direito, logo à entrada, a uma pequena placa presa ao peito com um alfinete. somos uns 100. 100 caixinhas de correio para distribuir ali nas bolsas do placard. cada uma com o seu número. cada número com a sua pessoa. como é que acho o 56 no meio deste maralhal todo.. deve ser brincadeira da M. mais fácil ver a bolsa. não tem mensagens, esse 56. não deve ser assim tão charmant. e depois estes tipos da dança são todos tão com piquinho a azedo. aquele ali abanar-se freneticamente com as plumas. na, é o trinta e dois. melhor ir beber uma vodka para atestar e aquecer que a festa está morna. estes tipos do bailado levam a função muito a sério e primeiro que deixem de lado os complexos de pinas bausch´s inibidas pelo excesso de profissionalismo…pffff. bora emborcar uns copos para soltar a alma que esta coisa do fim-de-ano dá-me cá uma quebra.
-olá! posso ver o teu número, és o 56? eu sou a 37, vês, aqui, mesmo ao lado do decote!
- olá! eu sou o 26 e tenho 27…
- ahh..desculpa, pensava que eras o 56, ó 26 de 27.pareces mais velho…ou se calhar sou eu que congelei psicologicamente antes dos trinta. acontece às melhores..
- que disparate. o que é que o puto vai pensar. pela cor da bebida deve estar a dar na laranjada.
- ah! olha C. ali está o 56, que é uma 56!
- quem?onde?
- ali, aquela senhora de chapéu, a dançar a modos que uma valsa solitária, com a roupa rosa fushia!
- bolas! que figura dantesca. deve ser uma mãe que se colou ao fim-de-ano do filho à última. parece um daqueles jogos da primária: o que é que está a mais neste quadro de instrumentos de cozinha? ela é o próprio do martelo pneumático. dança sozinha. está contente, não está?
- um bocado ausente..parece um peixe exótico num aquário caído no oceano atlântico… a olhar para as sardinhas e os carapaus e a sonhar com mares cálidos.
- pois, coitada!
- opa, isto não está lá muito animado, pois não?
-na, nem por isso. não fora a 56…
- a rainha da festa! a verdadeira “dancing queen”.
- e se lhe deixássemos uma mensagem, só pelo gozo, tipo «sem ti esta festa não teria qualquer glamour! és linda».
- bora lá! passa daí uma caneta.
- estás a ver?! ela está a passar junto ao placard! eh! eh! já viu o correio. está a ler.
- está a sorrir, não está? está a corar ou é só abuso de blush, pá?
- agora vai para o bar… bahhh… aquilo verde é pisang ambong ? fónix..pensei que já não havia desde os 80, quando bebíamos tang… vai-lhe cair mal com os sapatos agulha!
- olha, que gira. encosta-se ao balcão toda langorosa e lança uns olhares em redor.. parece um farol a girar. uma diva feliniana pronta a atacar…ainda bem que não há fontes, que a gaja ainda se despia e saltava lá para dentro a exibir a roupa interior rosa carne…
- volta para a pista, vês?
- a mulher dança que se farta, pá! saltou do aquário, partiu-o… dá-lhes mulher que esses gajos da dança é mais cérebro e butô.. come as sardinhas e os carapaus.
- oh! olha ali, tens correio, tens correio!
- tás a brincar?- lê alto! vá lá lê alto…
- « e que tal esta noite fazermos um 63?»
Não a deixes chegar ao fígado
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
micro-solidões 2
É sempre bom saber....
Coisas que te fazem parecer mais velha:
1- A maquilhagem
2- Os pendentes
3- Os estampados animais
4- Sair com duas amigas
5- Sair com a tua mãe
6- Sair com um cãozinho dentro da mala
7- Estar gorda
8- O teu marido
9- Um namorado demasiado jovem
10- Um careca ( natural )
11- A roupa justa
12- Os óculos de ler
13- As unhas esculpidas
14- Ter cabelos brancos
15- Ter mais de três animais de estimação
16- Andar de braço dado
17-Tentar parecer mais jovem
18- Faltar-te um dente
Guess who....
Fato Armani, camisa Hugo Boss, cuecas Calvin Klein.
Luvas: Freeport!
(lesta vox populi via sms no país dos tribunos de taberna. a ver vamos o que estas vozes críticas anónimas farão nas eleições. duvido que sejam tão criativos a traçar a cruz como o são a digitar o teclado do telélé... mas é só o velho do restelo que vive em mim a rabujar entre um ataque de alzheimer e um cepticismo crónico. e entre o gajo e a cogumela liofilizada venha o diabo e escolha.)
Agora, sim, vou-me à sopa que se faz tarde!
hey, hey, hey, that´s what I say
And I try, I try, I TRYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYYY
Agora vou fazer sopa!
sábado, 24 de janeiro de 2009
Ociosidades e insanidades
Desta vez, na minha opinião, estamos entretidos hora e meia a ver o lado tendry de Barcelona e três mulheres e um homem que preenchem o ecran razoávelmente, e que nos contam a história de umas férias... com diferentes encontros e desencontros que não chegam a ser « amorosos », quanto a mim.. e onde se retratam sem grande dificuldade ou criatividade personagens que podiam bem fazer parte do nosso mundo real...
Pelos intervenientes, pelas nomeações para Oscares, por aquilo que o realizador nos habituou esperava mais do que uma história que me podia ter sido contada por uma amiga ou integrar um inquérito crime, num qualquer dos nossos tribunais, em que se investigasse a prática de um crime de homicidio na forma tentada ou de ofensa à integridade física...
Há ocasiões em que a realizade pode fácilmente suplantar a ficção... julgo que é o que acontece no caso de Vicky Cristina Barcelona...
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
micro-solidões: 1.
«trimm, trimmm, trim»
- mslx, serviços de comunicações, digite, por favor o seu número de contribuinte. para comunicar avarias: marque 1; para obter informações acerca de facturação: marque 2; para adesão a novos serviços: marque 3; para falar com o operador: marque 4.
- boa noite e bom natal Sr.T, fala Maria Andrade da mslx, em que posso ser útil?
-boa noite.hunmmm,bom natal. queria, queria desistir do contrato..disto, da televisão, dos canais!
- posso perguntar quais as razões?
- não! nada de mais, era só para acabar com isto.
-vai aderir aos serviços de outra operadora? talvez seja possível melhorar as suas condições contratuais.temos promoções especiais da época festiva que talvez ainda não conheça.
- não, não vou aderir a outra operadora. não quero mais.
- quer ficar, portanto, apenas com os quatro canais nacionais? mas mantém o serviço de telefone?
-sim,o telefone. ela pode querer telefonar. quero só o das novelas. a minha mulher só gosta desses...gostava. foi-se embora. por causa disto, dos canais.
- como?
- foi-se embora. fartou-se disto, do zapping pelos canais desportivos. queria ver a gala dos cantores e as novelas ..eu, sabe, sou viciado nisto do futebol... trabalha no dia de hoje, também?
- diga?
- vocês da mslx..não têm natal?telefonei sem grandes esperanças de resolver isto hoje..pensei que não funcionava. mas eu queria acabar com isto ainda hoje. só a máquina. pensava que isso da máquina estava a funcionar, mas, afinal, você está aí, como é que disse que se chamava?
- Maria Andrade.
- sim..., pois, Srª Maria Andrade, menina..talvez, não é casada, pois não? para estar a trabalhar no dia de hoje?
- como?
- pois isto é complicado. ficar aqui, assim, no natal. nunca me aconteceu. pus-me aqui a pensar e, na verdade, não preciso destes canais todos. hoje não há futebol e, afinal, talvez não seja assim tão importante estes canais todos..está a ver, é um vício. o comando. Ela foi-se embora, disse-me, por causa da máquina, só temos uma. não dá para ver tudo.
- talvez, se me permite, comprando outro aparelho e comprando uma nova box, temos uma promoção especial para as famílias, se...
- somos só os dois. quer dizer, éramos. agora sou só eu. não sei para onde é que ela foi. saiu ontem, depois de deixar o bacalhau de molho... desculpe. o que eu quero é mesmo acabar com isto do serviço, percebe! ela talvez nem volte.
- sim, claro!
- concorda comigo, não é? apesar de ela não ter levado roupa.
- falava da rescisão do contrato.
- ah, pois! não preciso então de fazer mais nada, escrever uma carta, ou assim?
- não, o serviço será desligado no termo do período de facturação em curso. terá que entregar a box numa das nossas agências no prazo de trinta dias. espero ter esclarecido as sua dúvidas. boa noite, sr. F, e continuação de um bom natal!
- bom natal menina Maria!.. desculpe?!
- diga?em que posso ser útil?
- se depois quiser reactivar o serviço tenho que comprar uma nova box?
- como?
- é que ela pode não voltar. nunca me fez isto em 20 anos. deixar assim o bacalhau de molho...
vinicius e a beleza
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
Beleza é fundamental
Voltei ao cinema num dia em que não me estava a apetecer pensar muito...em que queria abandonar por momentos as filosofias, as grandes questões existenciais. Há dias em que me apetece acordar o meu lado fútil e acreditar apenas que a vida é fantástica, que todas as pessoas são fantásticas, e que só estamos rodeados de coisas belas e de pessoas belas...
Sou perita em me render, de quando em vez, ao mundo do faz de conta...
Já tinha há algum tempo visto a apresentação e fiquei de olho nele...o moço reaparece, aos 45 anos, como já não o viamos há algum tempo em nenhum filme... os ultimos não lhe faziam jus... mas neste voltamos a acreditar que a beleza existe ... e como se dizia na velhinha canção.... é fundamental, acreditem e não me levem a mal...
Confesso que o argumento não me convenceu... coloquei-me na pele da Blanchet e, muito sinceramente, julgo que não acharia muita piada a que o grande amor da minha vida acabasse por me morrer nos braços com 3kg e de fraldas...já vi o David Fincher fazer melhor...
Também me interroguei como foi possível àquela filha levar 40 anos sem se aperceber que tinha um pai daqueles... ele há coisas levadas do diabo... E onde terá estado a moça enquanto a mãe estava entretida a cuidar do petiz, nos anos que antecederam a sua morte?
O Curioso Caso de Benjamin Button não é um caso curioso, antes um enredo inverosimil, na minha modesta opinião, mas devolve-nos um Brad Pitt ( de blusão de cabedal e exibindo cá um cabedal... ) a que até as apreciadoras de morenos- como eu -, não podem deixar de se render...
Com imagens assim também podemos lavar os olhos... e até a alma...
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
mais uma história da gata borralheira
«Era uma vez o Príncipe que tinha dormido com a Gata Borralheira. Durante o baile no palácio apeteceu a ambos deixar de dançar e ir para a cama um com o outro. E foram. Mas, à meia-noite, a Gata Borralheira saiu a correr da cama do Príncipe e esqueceu-se do soutien atrás de si.
O Príncipe não gostava do seu antepassado que tinha obrigado todas as mulheres do principado a descalçar o pé direito ou o esquerdo. O Príncipe não se lembrava ou a história era omissa quanto a ser o pé esquerdo ou o pé direito. Achava uma atitude grosseira, arrogante, pornográfica, de mau gosto.
Então o Príncipe para encontrar a gata borralheira não obrigou todas as mulheres do principado a despirem-se diante dele e a calçar o soutien. Meteu o soutien na gaveta das recordações e decidiu fazer amor com todas, uma por uma, velhas e novas, feias e bonitas, aleijadas e não aleijadas. E foi fazendo.
Quando fez amor com a madrasta e com as duas filhas da madrasta, sentiu-se mal. Jurou para nunca mais. Porque as três eram pelintras, chupistas, feias e fidalgas. E isso tudo traduzia-se no calculismo e no fingimento com que faziam amor. O Príncipe chegou a pensar que em vez de pénis tinha um godemichet implantado no baixo ventre de tal modo a madrasta e as três filhas da madrasta o usaram e se serviram dele. Agoniado depois de fazer amor com as três, foi à casa de banho vomitar.
Na casa de banho vomitou. E encontrou a Gata Borralheira a limpar a retrete. Como o Príncipe não foi a tempo de vomitar na retrete, vomitou no chão. A Gata Borralheira limpou o vomitado sem enjoos. Porque o Príncipe e a Gata Borralheira tinham-se reconhecido mutuamente imediatamente. Não foi preciso fazerem amor porque a cumplicidade que os unia era evidente para ambos aos olhos e ao sorriso de ambos.
O Príncipe levou a Gata Borralheira imediatamente para o palácio montados ambos num mesmo cavalo branco. E a madrasta e as duas irmãs suas filhas e irmãs de Gata Borralheira ficaram por entre os vidros e as cortinas danadas e furiosas e sem perceberem nada porque eram as três tão burras que nunca percebiam nada de nada.
O soutien voltou a ser usado algumas vezes pela Gata Borralheira porque a Gata Borralheira era poupada, percebia muito de afrodisíacos e era tão fetichista como o Príncipe. »
Adília Lopes, in “A Bela Acordada”, Edições Mariposa Azul
Farewell Mr. President...
O mundo não vai ter a mesma graça.
Tributo á elegância de um Leão ( sem juba )... ou como um bom corte de cabelo pode fazer milagres
« Estou orfã de cabeleireiro »- disse-me tristemente um dia destes uma amiga minha.
Há elementos chave na imagem de qualquer homem ou mulher e um deles, comum a ambos os sexos, é, seguramente, um bom corte de cabelo. O penteado define o estilo, o carisma.. emoldura o rosto...( nas mulheres a mala e os sapatos são também decisivos na imagem e no estilo que queremos transmitir ).
É pois compreensivel o desabafo da minha amiga que se viu de um dia para o outro privada das mãos que lhe podiam garantir o cabelo perfeito, essencial. ( Não é que a pobre moça exibe agora um cabelo escortanhado, que parece algodão doce tingido de preto, com manchas vermelhas?! ... uma verdadeira tragédia... e não há trapinho que consiga remediar a situação... por mais fantástica que seja a roupa que veste, lá está sempre a trunfinha a apagar o brilho, e a moça anda inconsolável )
Pelos visto o sr. Presidente « só foi adoptado » já depois da juventude... antes o cabelo que exibia denotava também uma certa orfandade... acontece...mas hoje é seguramente um icon de estilo, e o cabelo curto, muito actual, favorece-o...
As imagens aqui ficam, num registo lateral á temática do dia de hoje, mas igualmente importante.
Com efeito, mosca, impunha-se fazê-lo figurar, na sua evolução estética, num dos meus posts... VOILÁ!
Sexo Masculino, 47 anos, Chicago, Illinois, EUA
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
caos calmo
1.aqui estou, a estas horas tardias, para vos dar conta do belo filme a que assisti esta noite:«Caos Calmo», com interpretação do Nani Moretti. o filme não foi por ele realizado, mas podia tê-lo sido. fala, entre outras coisas, da perda e das paragens para assimilação das situações irreversíveis. uma mulher, aparentemente não amada pelo seu homem, morre e este, acto seguido à morte da companheira de 12 anos, faz uma paragem inusitada no seu quotidiano: senta-se num banco de jardim em frente à escola primária da filha. espera pela criança todos os dias no banco, garantindo-lhe a presença securitária (da criança?do adulto?) nas imediações do edifício escolar . à noite conta-lhe as histórias do escritor que descobriu ter sido correspondente electrónico da sua mulher . deixa-se dormir com a criança. disfruta e redescobre a filha ao mesmo tempo que conhece uma outra mulher diferente daquela que não soube ou não quis amar. uma mulher que tinha mais sapatos do que aqueles de que ele se recordava, detentora de uma conta à ordem aprovisionada, consultora de cartomantes e paciente numa lista de espera para um cirurgião plástico. uma mulher que se sabia não amada e que morreu sabendo-se só. o homem vai relembrando, através das listagens compulsivas que faz em mente, as moradas das casas que habitou, os lugares a que não quer voltar, as companhias aéreas em que já viajou. as pessoas que orbitam à volta da vida do homem , continuando o seu rame-rame diário, procuram-no no banco do jardim, local onde lhe falam do que lhes vai sucedendo enquanto ele se decide pela imobilização . invariavelmente afastam-se do homem com um abraço.
2. gosto do relato destas paragens para o luto e o renascimento que sempre lhe segue. da consciência filmada da irreversibilidade da vida sem qualquer tom lamechas. gosto da consciência de que a vida não se refaz com a facilidade aquisitiva e de montagem das lojas Ikea. gosto do silêncio e do olhar surpreso e algo perdido ante a brutalidade da vida e da morte. gosto das perdas que nos fazem mover para os encontros. gosto da celebração fina e inteligente da perda como momento de recriação do homem.
3.também aprendi o que era um palíndromo ou uma frase anacíclica: Um palíndromo é uma palavra, frase ou qualquer outra sequência de unidades (como uma cadeia de ADN; Enzima de restrição) que tenha a propriedade de poder ser lida tanto da direita para a esquerda como da esquerda para a direita. Num palíndromo, normalmente são desconsiderados os sinais ortográficos (diacríticos ou de pontuação), assim como o espaços entre palavras. é o caso da seguinte frase ensinada pela filha ao pai: i topi non avevano nipoti . frases reversíveis. podem ser percorridas também de trás para a frente. algo que não acontece na vida, a não ser- parece-me- para efeitos de ruminâncias de memória ou para fins literários...
domingo, 18 de janeiro de 2009
Mantas e Retalhos das Vidas
Sempre adorara histórias. As que se ouvem, as que se inventam, as que deixamos apenas fluir na nossa imaginação, sem que nunca as cheguemos a partilhar com os outros.
Começara por escutá-las ao serão, sentada à lareira, quando os luxos dos tempos modernos ainda não tinham banalizado o aquecimento central, e nas casas o aconchego se procurava no calor dos afectos.... e algumas vezes na manta de xadrez da avó.
O frio, o nevoeiro, a nostalgia do fim de tarde de sábado trouxeram-lhe á memória os tempos em que em casa, no inverno, o frio se fazia sentir e se aconchegava na manta de quadrados vermelhos que tantas vezes servira para partilhar e resguardar cumplicidades.
Em dias frios e cinzentos como este as histórias tinham outro sabor e reconduziam muitas vezes a vidas apenas partilhadas pela imaginação.
Resolveu, por isso, ir ao teatro. Lera que a peça falava de vidas que vivemos e de vidas que imaginamos, do que admitimos e do que perferimos fingir. Demasiado banal e obvio.. talvez... mas por vezes temos necessidade de nos perdemos nas banalidades alheias.. tão banais e obvias como as nossas....
Quando pretendeu tomar uma das cadeiras da primeira fila do teatro verificou que sobre ela se encontrava uma manta - identica à da avó - e várias outras, por toda a plateia, em cada duas cadeiras. Regeitou-a, lançando-a para as costas da cadeira em que se sentou. Se calhar não tinham ar condicionado - pensou num primeiro momento.
No palco desfilaram depois pessoas comuns, com as quais todos nos podemos identificar, todas com medos, incertezas, inseguranças, fragilidades... todos á procura da felicidade... todos interiormente sós... todos nascemos e morremos sós, diz um personagem a dado momento.
« and in the end we are all alone »...
Os personagens continuaram as desfilar os amores que não resultam, os que não se concretizam, a coragem que não se tem, os silêncios que minam as relações, as traições, as solidões acompanhadas ( as piores quanto a si )...
O homossexual que procura o amor e a compreensão incondicionais, a mulher casada profissional e mãe, cujo marido, aparentemente perfeito, não partilha com ela quaisquer tarefas ou interesses, o homem casado que não suporta a mulher e descobre o amor numa amante, a mulher independente e livre... ou com medo do compromisso..
Todos igualmente sós ...
Talvez faltasse a todos aqueles personagens uma manta... ou a coragem de a partilhar...
Se calhar a culpa de tudo é do ar condicionado e do aquecimento central- pensou..
Depois lembrou-se que lera no texto promocional que todos aqueles personagens eram pura ficção...
Sorriu mais aliviada, ao relembrar essa certeza, e voltou para casa reconfortada... O ar condicionado do carro marcava 22º....e a manta ficara depositada nas costas da cadeira...
http://monalisashow.blogspot.com/
sábado, 17 de janeiro de 2009
brindo aos amigos com o vinho da casa
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
Smiling Bemba
Deixo aqui os links para quem queira saber mais sobre este assunto. Reparem que o mandado de detenção tem tradução em português. Tal deve-se seguramente ao facto de o Bemba ter residido tanto tempo em território português, como "refugiado", e de ter no nosso país muitos interesses patrimoniais.
http://www.icc-cpi.int/library/organs/otp/speeches/ICC-OTP-ST-FB-20090112-ENG.pdf
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
Smiling plane
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
o cio da gata ou telhado de zinco sobre gata quente
sábado, 10 de janeiro de 2009
Ao estilo Belinha
Vou fazer-vos aqui uma confissão polémica: não sou uma grande cinéfila, perfiro outras artes que me ponham em contacto directo com os artistas, que me façam vibrar com eles, sentir-lhes o pulsar, a respiração, as inseguranças que só o directo pode dar. Gosto de emoções em directo, sem cortes, sem reajustes, sem diferentes takes que conduzam à perfomance perfeita.. sou assim em tudo.. nada como uma boa emoção a vibrar a escassos metros de nós...
Ultimamente, contudo, ( vá se lá saber porquê - quiça para fugir de outras emoções em directo ), tenho dado comigo sentada, amiudadas vezes nas salas de cinema, e foi nessa dinâmica que numa destas noites vi « A troca » e dei comigo, talvez porque no filme não havia gajos giros para observar e admirar, a pensar que a Angelina Jolie está demasiado magrinha e perdeu a sensualidade de outrora... ainda parece que a estou a ver num filme cujo nome agora não recordo, com o António Banderas, nos seus tempos aureos...quando ainda tinha curvas, cara e lábios devidamente preenchidos...e era então um dos modelos femininos que eu mais apreciava.. sempre fui fan da moça, que hei-de fazer.. dos olhos grandes, da boca carnuda...
Depois concentrei-me no filme... por vezes é bom que os filmes não tenham actores fantásticos para não nos dispersarmos e não perdermos pitada do enredo....
Saí do cinema com um certo sentimento de revolta...não há nada pior do que sermos vitimas de injustiça e isso pode acontecer com tanta facilidade...
É também tão simples detorpar a realidade e construir a nosso belo prazer uma qualquer verdade sem qualquer fundamento real...lembrei-me até das « Três peneiras » - a verdade, a necessidade e a bondade, que sempre deveriam nortear as nossas afirmações sobre os outros - texto obrigatório nos livros escolares dos meus tempos de menina e que todos deveriamos ainda ler de quando em vez...
Estava eu a pensar nas injustiças várias... quando tocou o telemóvel:
- Tudo bem? Ainda este ano não tinha conseguido falar contigo... não queres ir aos saldos? Estou com um guarda roupa demasiado clássico, preciso de comprar alguma coisa diferente... talvez ao « estilo Belinha »...
OK... na manhã seguinte, levantei-me, adormeci a Belinha lamechas, que ultimamente tem teimado em acordar quase todos os dias, e rumámos ao Chiado.
Ainda entrei na Gardénia, o must do « estilo Belinha », experimentei uns sapatos Fly, verde garrafa, em verniz, semelhantes a dezenas de outos que tenho no meu closet.... observei os casacos Custo Barcelona.. identicos a tantos outros que guardo religiosamente, desde os tempos em que a marca ainda só se comprava na Espanha mãe....passei desinteressadamente os vestidos miss Sixty, as camisolas Desigual...
E de repente ... lembrei-me que prometera a mim mesma ir ver a loja dos Story Tailors...
- Bora lá reinventar o « estilo Belinha »...
A porta abriu-se e transportou-nos para o mundo dos contos de fadas... com corações nos peitos dos vestidos e nas costas dos casacos... e doces coloridos sobre o balcão.... foi naquele mundo perfeito que tantas vezes me imaginei...
...vesti um casaco, olhei-me ao espelho, rodopiei fazendo rodar várias vezes a saia armada em diferentes canudos...
- A MENINA DANÇA?- vestia um smoking branco, e sem esperar pela resposta agarrou-me pela cintura e fez-me rodopiar pela sala...
- Belinha, acho que o deves levar...
- Hum.... estou a deixá-lo levar-me....ah?!
- Sim, sim, embrulhe... o casaco....
Saimos para a rua....o frio trouxe-me de novo á realidade...
Quando cheguei a casa desembrulhei o casaco e li a etiqueta...« Spoiled by toxic love »...
Seria uma mensagem?
( - Não te reconheço... tanto amor já não se atura...estás a intoxicar o blogue- a frase que ouvira à despedida voltou-me à memória...)
Apaguei a luz, recostei-me no sofá... amanhã será outro dia... e prometo voltar sem lamechices... ao « estilo Belinha »...
terça-feira, 6 de janeiro de 2009
Enganos ... com maiuscula ...
Et Voilá! Um novo ano começou e, de repente sentimo-nos todos na obrigação de renovar expectativas, intentar recomeços, como se o dia 1 de Janeiro não fosse apenas um marco instituido pelo calendário, e todos e quaisquer dias não fossem dias possíveis para recomeçar.
Curiosamente, depois de o termos abandonado ( se é que alguma vez é possível que isso aconteça no intimo de cada um de nós ) voltámos ao amor, neste blogue... tema que está sempre presente, consciente ou incoscientemente nas nossas vidas...e que quando menos se espera renasce, ainda que lhe queiramos resistir....
- Ninguém é feliz sem ter alguém que lhe preencha o coração- disse-me um destes dias a minha manicure - depois de me ter confessado que começou o ano deprimida - uma russa com cerca de 20 anos, semi filosofa e que, para além de ter acertado no tamanho e na cor das minhas unhas, me lê muitas vezes a alma, concluindo que é « devido à compatibilidade dos signos ».
Depois dela já ouvi várias pessoas queixarem-se de que começaram o ano igualmente deprimidas, embora sem a franqueza de concretizarem a razão...pessoas com diferentes idades, diferentes opções sexuais, diferentes estados civis...
E depois disso, para desanuviar, eu que não sou moça muito dada a depressões, mas que estive por um fio depois de regressar da estada nortenha, resolvi ir aproveitar o cartão Zon, antes do Paulo Branco o « confiscar » - até parecia que estava a adivinhar- e dei comigo sentada numa sala de cinema a ver « Austrália »... e, ao meu lado, à minha frente e atrás de mim, em vez do comum barulho do mastigar das pipocas e do sorver das coca-colas ( tive de ir a uma dessas salas para aproveitar a borla, e já ia preparada para tudo )... fungava-se e assoava-se o nariz, enquanto se tentava ocultar as lágrimas, limpando-as durante as cenas com menos luz...de novo o amor a fazer das suas...em sentido amplo ( pois pois Proninha )e com maíuscula...
Vim para casa a pensar que gosto mais de ver o Hugh Jackman de cara lavada e de blaser, desculpem smoking, branco do que com barba e calças por dentro das botas... e resolvi agarrar, ao acaso nos livros que recebi de presente no Natal... eram todos histórias de amor...
Fechei-os, mergulhei num banho de espuma, enquanto bebia um flute de champanhe... senti durante largos minutos os jactos da hidromassagem brincarem com as bolhas de espuma e ambos com o meu corpo....até que a campainha tocou.. e persistiu....
Quando abri não vi ninguém e tinha sobre o tapete um bilhete que dizia « AMO-TE »... Confesso que não sei quem lá o colocou e desconfio que nem era para mim ( a vida é feita de enganos e algumas coincidências, também )... mas tenho um ano inteirinho para o descobrir...
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
À espera do AMOR
À Espera do Amado Desconhecido
Quem é esta mulher,
a sempre triste,
que vive no meu coração?
Quis conquistá-la mas não consegui.
Adornei-a com grinaldas
e cantei em seu louvor...
Por um momento
bailou o sorriso no seu rosto,
mas logo se desvaneceu.
E disse-me cheia de pena:
— A minha alegria não está em ti.
Comprei-lhe argolas preciosas,
abanei-a
com leques recamados de diamantes,
deitei-a em cama de oiro ...
Bateu as pálpebras
como um relâmpago de alegria
que logo se apagou.
E disse-me cheia de pena:
— Não está nessas coisas a minha alegria.
Sentei-a num carro de triunfo,
e passeei-a por toda a terra.
Milhares de corações conquistados
caíram humildes a seus pés,
e as aclamações reboaram pelo céu...
Durante um momento
brilhou o orgulho nos seus olhos,
mas logo se desfez em lágrimas.
E disse cheia de pena:
— Não está na vitória a minha alegria..
Perguntei-lhe:
— Que queres então?
Respondeu-me:
— Espero alguém
que não sei como se chama.
Depois calou-se.
E passa os dias a dizer cheia de pena:
— Quando virá o amado desconhecido?
Quando o conhecerei para sempre?
Rabindranath Tagore, in "O Coração da Primavera"
domingo, 4 de janeiro de 2009
uma história para acordar
A mulher pediu a Deus:- Faz-me bonita ou feia de uma vez por todas e para sempre.
Só os animais gostavam sempre dela,
a mulher não morreu e o peixe morreu.
youkali
That my wandering boat
Straying at the will of the waves
Led me one day
The isle is very small
But the kind fairy that lives there
Invites us
To take a look around
Youkali
Is the land of our desires
Youkali
Is happiness, pleasure
Youkali
Is the land where we forget all our worries
It is in our night, like a bright rift
The star we follow
It is Youkali
Youkali
Is the respect of all vows exchanged
Youkali
Is the land of love returned
It is the hope
That is in every human heart
The deliverance
We await for tomorrow
Youkali
Is the land of our desires
Youkali
Is happiness, pleasure
But it is a dream, a folly
There is no Youkali
And life carries us along
Tediously, day by day
But the poor human soul
Seeking forgetfulness everywhere
Has, in order to escape the world
Managed to find the mystery
In which our dreams burrow themselves
In some Youkali
Youkali
Is the land of our desires
Youkali
Is happiness, pleasure
Youkali
Is the land where we forget all our worries
It is in our night, like a bright rift
The star we follow
It is Youkali
Youkali
Is the respect of all vows exchanged
Youkali
Is the land of love returned
It is the hope
That is in every human heart
The deliverance
We await for tomorrow
Youkali
Is the land of our desires
Youkali
Is happiness, pleasure
But it is a dream, a folly
There is no Youkali
But it is a dream, a folly
There is no Youkali »
hoje acordei com uma vontade imensa de voltar a adormecer e assim me deixar ficar até ao regresso da primavera. mas o telefone tocou e acordei. a realidade é sempre mais forte que o sonho.visitei o nosso blogue para dar conta das novidades e, no bote de um post, de repente e sem que nada tivesse feito para isso, embarquei para youkali, onde, na pele de uma femme fatale dancei com um gangster, e que bem que me soube.
aqui fica a banda sonora para combater cepticamente os cantos das sereias/tritões cibernaúticas/os . este blogue - parece-me- está a ficar um lugar estranho, correndo o risco de se tornar numa comédia de enganos.