terça-feira, 13 de janeiro de 2009

o cio da gata ou telhado de zinco sobre gata quente


a minha gata christie está com o cio. berra toda a noite como uma histérica. dou graças a deus pela superioridade animal do homem. se fóssemos gatas/os esta cidade corria o sério risco de volver-se numa cacafonia insuportável.
arroz de gato será demasiada crueldade?
a propósito lembro-me de uma anedotelha:
«Duas irmãs solteironas
vivem juntas
com uma gata
que nunca deixam sair
uma das irmãs casa
a outra pede-lhe
uma carta
a relatar pormenorizadamente
a noite de núpcias
a outra manda-lhe
um telegrama
"mana, solta a gata"».
Solta-a mana, mata-a mana, satisfá-la mana, faz o que entenderes com a gata desde que a cales de uma vez por todas e para sempre, que eu sou uma gaja por demais sensível à dor dos animais!

8 comentários:

norrin disse...

solta-a, gaja

Anónimo disse...

Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.
Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.

És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.

nando pessoa

Anónimo disse...

Acerca de gatos

Em abril chegam os gatos: à frente
o mais antigo, eu tinha
dez anos ou nem isso,
um pequeno tigre que nunca se habituou
às areias do caixote, mas foi quem
primeiro me tomou o coração de assalto.
Veio depois, já em Coimbra, uma gata
que não parava em casa: fornicava
e paria no pinhal, não lhe tive
afeição que durasse, nem ela a merecia,
de tão puta. Só muitos anos
depois entrou em casa, para ser
senhora dela, o pequeno persa
azul. A beleza vira-nos a alma
do avesso e vai-se embora.
Por isso, quem me lambe a ferida
aberta que me deixou a sua morte
é agora uma gatita rafeira e negra
com três ou quatro borradelas de cal
na barriga. É ao sol dos seus olhos
que talvez aqueça as mãos, e partilhe
a leitura do Público ao domingo.

Eugénio de Andrade

Anónimo disse...

VENEZA AOS GATOS
Lisboa às moscas e Veneza aos gatos...
(os pombos da bondade só conspurcam
a praça de S. Marcos)
...ao gato perna alta que não vem quando o chamas,
ao contrário da patrícia mosca
que não era para aqui chamada,
mas logo te soprou os últimos zunzuns
mal chegaste a Lisboa

O gato de Veneza não te dá pretextos
para miares o que te vai na alma,
nem os sacros temores da miaulesca
esfinge rilkeana.
Não é um gato é um perfil de gato
Tapando a saída da calleta.

O gato veneziano é um gato sem regaços
e sem selvajaria.
De Veneza o gato é sempre muitos gatos
que vão à sua vida...

...como tu, afinal, não vais à tua.

(De Veneza a Lisboa, num zunido,
já trazias a mosca no ouvido...)



(Alexandre O’ Neill, Feira Cabisbaixa, 1965)

Anónimo disse...

tenho 1 gato
preto muito gordo
e outro 1
preto e gordo
irmão do gato
preto muito gordo
tenho 1 outro
e já são 3
e este é preto
e quase gordo
são 3 gatos pretos
1 preto e muito gordo
1 preto e gordo
1 preto e quase gordo
e mais 1 gata
velha e esperta
mãe preta de todos
preta
e mais 1 gata
nova e ingénua
pêga branca
branca
e 1 gato
de cauda curta
e torta
ora magro
ora gordo
preto
com 1 gravata branca
são 6 gatos
3 pretos gordos
2 gatas vacas
1 gato de cauda torta
com 1 gravata branca
à procura de 1 queca

poema do cão que sonha com gatos, in (& out) paulo teixeira gato, "se eu tivesse um banco sentava-me nele a tossir bolas de pelo", p. 14 e meia verso, ed. gato félix & rata minie

Belinha disse...

Tinha a menina Lóló uma sábia bonequita
Aquilo bastava só puxar-lhe por uma guita que lhe pendia por trás,sob o vestido de lã,
para abrir a boca e zás, dizer mamã e papá...
Tinha também a Lóló uma gata, era malteza, essa poré, coitadinha, era muda com certeza...Miava apenas, mais nada, de maneira que a pequena andva desanimada, até chorava com pena..
E um dia Lóló pensou ... se o mesmo fizer á gata que á mona, quem sabe lá se a lingua se lhe desata?
Dito e feito, a pequerrucha, quando a bichana dormia, puxou-lhe a cauda gorducha, dois saltos fenomen ais, uma forte arranhadela, e quem chamou pelos pais, não foi a gata, foi ela...
Desde então Lóló se passa por um gato ou por um cão não lhe toca nem por graça, pois lhe serviu de lição...
Não compreende, porém, qual venha a ser afinal a serventia que tem a cauda do animal

missangas disse...

Atira o pau à gata! Lá diz a canção...

Anónimo disse...

Com arroz?? her "liver with some fava beans and a nice chianti" já marchava, ai não que marchava