terça-feira, 4 de novembro de 2008

Ainda a Anita mas não só...


O livro da Anita de que eu mais gostava era Anita Vai às Compras (acho que não venci o estereótipo Soprónia!!! Nem este, nem outros...mas isso agora também não vem ao caso, adiante).
Não sei se se lembram, ela e o irmão iam a um grande armazém (cá não havia nenhum assim) onde havia de tudo e ambos compravam desalmadamente, sem olhar a despesas. Mas, por mais estranho que vos possa parecer não era isso que me impressionava. O que me fascinava era que, na loja, a Anita e o irmão ouviam discos com auscultadores! Aquilo, para mim, era o cúmulo da modernidade...Chegar, pôr os auscultadores e escolher a música! Lembrem-se, estávamos nos anos 70 e, quando muito, os miúdos tinham um gira-discos de agulha. Aos meus olhos de criança aquilo era o futuro! Mas, trinta anos volvidos, constanto que estava enganada. Hoje em dia os auscultadores nas lojas não passam de uma banalidade. Os miúdos já nem lhes pegam, basta ir à Fnac para os ver, sempre ali abandonados na secção de criança, tristemente pendurados...Não, queridas amigas, nunca o adivinhariamos, mas o futuro era o Magalhães!!!
Já estou a ver a nova série da Anita do séc. XXI, patrocinada pelo Sr. Primeiro-Ministro, com edição simultânea em português e espanhol, (para exportar para a Venezuela, claro!!) e 2ª edição em filandês (poderá ser editada noutras línguas mas nunca em inglês. O Sr. Primeiro-Ministro não quer. Não pode ouvir falar em inglês, fica com os nervos em franja.)
Mas como estava a dizer, a nova colecção chamar-se-á Anita e o Magalhães, claro. Nessa série de aventuras, Sócrates fará uma visita à escola da Anita onde lhe entrega o dito cujo e ambos aparecem sorridentes no desenho da página seguinte. No livro 2, por alguma razão obscura, Anita leva o Magalhães para a aula de natação (o título será Anita,o Magalhães e a Aula de Natação) e, acidentalmente (sim, que a Anita nunca o faria de propósito!) deixa o computador cair na piscina (onde, por coincidência, na altura não está ninguém a nadar pois, nos livros da Anita não há electrocussões)e o bicho continua intacto.
No livro seguinte é Sábado e Anita leva o Magalhães para o Jardim Zoológico. A certa altura, num momento de distracção em que Anita se lambusa com um algodão doce, um macaco mais maroto saca-lhe o computador e leva-o para a jaula da macacada. Aí, a confusão é geral e o pobre Magalhães é atirado de macaco para macaco e coberto de merda (já tínhamos esta palavra no blogue?) de macaco mas, ainda assim, sobrevive. Há, então, o derradeiro episódio em que o escritor contratado pelo Governo se passa, revolta-se contra este disparate e escreve o seguinte argumento: Anita vai de férias para a quinta dos avós(o título do livro 4 é: adivinhões... Anita e o Magalhães na Quinta dos Avós da Primeira). Nessas férias, numa manhã, sabe-se lá porquê, Anita leva o Magalhães consigo para o curral onde se vai encontrar com o moço de estrebaria com quem tem um caso. Enquanto se beijam apaixonadamente e rebolam na palha, esquecidos do Magalhães, um burro temperamental que não gostou da agitação, assenta um valente coice no portátil que, finalmente, se esfrangalha em mil pedaços para deleite do autor e dos leitores....Por distracção do governo, ocupado com outras grandes questões do país, este episódio é publicado e exportado para a Venezuela. É assim que, só após um telefonema de um Hugo Chavez deveras admirado com o desfecho do enredo (nunca duvidara da indestrutibilidade do Magalhães), Sócrates toma conhecimento das liberdades do autor que contratara e que, afinal, mordia a mão que lhe dera de comer. Dois dias depois, o nosso herói autor recebe uma carta com o seguinte teor: "Prezado Senhor, É com pesar e tristeza que lhe comunicamos que devido aos custos inesperados com a nacionalização do BPN nos vemos obrigados a cessar o alto patrocínio do Sr. Primeiro-Ministro à colecção Anita e o Magalhães. Gratos pela sua compreensão." O nosso autor dobra a carta cuidadosamente, quer guardá-la, é o seu troféu, acende um cigarro e caminha em direcção ao pôr-do-sol enquanto trauteia: "I'm a poor lonesome cowboy...".

4 comentários:

Belinha disse...

Moral da história Missanguinhas: A entrega aos desvarios e aos apelos da carne pode ter graves consequências ....

missangas disse...

ou não...

Belinha disse...

Hum.. Hummm... C'est ça...

mouche albértine disse...

Mais vale tarde do que nunca. Amiga Missangas tenho saudades de ti e dos teus posts de um humor fínissimo de que este é supremo exemplo. Diverte-te em terras de sua majestade. Beijo da mosca. E abaixo o Engenheiro que não era engenheiro e nunca deixaria a rapariga com uma engenhoca nos braços.
Se no fim do primeiro ano de existência do blogue fizermos um top mais este está entre as minhas escolhas pessoais.